Dólar com. 5.4908
IBovespa 3
16 de junho de 2025
min. 23º máx. 32º Maceió
chuva rápida
Agora no Painel Itamaraty reforça alerta para que brasileiros não viajem a Israel
16/06/2025 às 15h30

Geral

Projeto ‘Sem mais nem menos nas escolas’ inova no ensino da matemática

No primeiro semestre de 2025, as ações do grupo foram desenvolvidas com estudantes da Escola Estadual Professor Theonilo Gama, em Maceió

Estudantes e equipe do projeto durante visita à Ufal

Ouvir os estudantes e propor didáticas inovadoras para o ensino da matemática. Por meio dessa metodologia, o grupo de extensão ‘Sem mais nem menos’, vinculado ao Instituto de Matemática (IM) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), reafirma sua atuação ao aproximar a universidade pública e as escolas da educação básica há quase uma década.

No primeiro semestre de 2025, as ações do grupo, realizadas por meio do projeto de extensão ‘Sem mais nem menos nas escolas’, foram desenvolvidas com entusiasmo e comprometimento na Escola Estadual Professor Theonilo Gama, no bairro do Jacintinho, em Maceió. Durante quatro meses (de março a junho), cerca de 60 estudantes do 1ª ano do Ensino Médio mergulharam em atividades que uniram criatividade, pesquisa, vivência e muita matemática.

A proposta do projeto de extensão realizado no ambiente escolar parte do princípio fundamental de ouvir os estudantes. Por isso, antes do início das ações, foi aplicado um questionário para conhecer os interesses, desafios e percepções que os jovens possuem sobre a disciplina e pela vida. A partir dessa escuta, construiu-se a temática que guiaria a edição 2025 e o tema escolhido foi Matemática nas artes. O objetivo era aproximar a matéria do cotidiano, dos afetos e da linguagem simbólica que move a juventude, tudo isso em consonância com a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e sem abrir mão do rigor matemático.

Ao longo dos quatro meses, os estudantes foram convidados a descobrir como essa área do conhecimento habita formas, ritmos, proporções e estruturas nas mais diversas manifestações artísticas. A atual equipe do projeto de extensão, coordenada pela professora do IM, Viviane Oliveira, e composta por oito professores da educação básica, graduados e estudantes de Matemática licenciatura da Ufal, não poupou esforços em desenvolver materiais didáticos e experiências memoráveis.

Foram desenvolvidos cinco materiais didáticos originais, cada um abordando um campo das artes, de modo a ensinar conceitos da disciplina de forma atrativa: a pintura, para explorar simetria e geometria plana; história em quadrinhos, com enfoque em noções geométricas e ponto de fuga; arte digital, para trabalhar modelagem em 3D, aproximando os estudantes da geometria espacial e do pensamento computacional; a literatura, com estudo das rimas e padrões nos sonetos, compreendendo estruturas poéticas sob olhar matemático; e, por fim, a escultura, com a recriação do monumento Farol da Ponta Verde, símbolo afetivo e urbano da cidade de Maceió, utilizando conceitos matemáticos diversos.

“Cada material foi pensado para provocar o olhar matemático diante das expressões artísticas, com uma abordagem que respeita a vivência dos estudantes e os estimula à reflexão crítica e criativa”, ressaltou a professora Viviane.

Conforme os participantes, o sucesso da edição 2025 do ‘Sem mais nem menos nas escolas’ revela não apenas a competência da equipe, mas a importância de reinventar o ensino em diálogo com as linguagens, os territórios e os afetos da juventude. Com uma abordagem que une pesquisa, extensão, ensino e compromisso social, o grupo segue escrevendo uma história de transformação e novas práticas para a formação.

Inovar o ensino e inspirar sonhos

Além das propostas inovadoras para ensinar, professora Viviane ressalta a atuação do projeto para ampliar o conhecimento em relação ao ambiente universitário, criando um sentimento de pertencimento em relação à Ufal, uma vez que os participantes têm a oportunidade de conhecer e vivenciar os espaços do campus, como o Instituto de Matemática, o Restaurante Universitário e o laboratório onde são desenvolvidos os materiais didáticos.

“Para muitos, foi a primeira vez em um campus universitário. A alegria estampada no rosto dos estudantes é o que revela a potência dessas experiências. É um projeto que aproxima a matemática e que pode inspirar sonhos”, destacou.

O projeto também inspira e conquista o engajamento da comunidade do IM da Ufal que, mesmo após a formatura, faz questão de atuar como voluntários. É o caso de Andressa Santos, integrante do grupo desde 2021, e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Ufal.

“Participar do grupo de extensão ‘Sem mais nem menos’ me motiva todos os dias. Durante a graduação, tive momentos difíceis, em que me senti deslocada, achando que a universidade não era o meu lugar. Foi nesse grupo que encontrei apoio, acolhimento e propósito. Cada material que ajudei a produzir me ensinou algo novo. São experiências que me transformaram como educadora e como pessoa”, ressaltou.

Sentimento que é compartilhado também por quem é mais novo no grupo. Guilherme Melo, estudante da graduação e integrante há um ano, relatou que o projeto deu a ele a oportunidade de vivenciar uma disciplina viva, conectada à realidade e com um potencial transformador.

“No início, tive receio de não conseguir colaborar com ideias criativas, mas fui acolhido e incentivado. Ver o brilho nos olhos dos alunos, sentindo orgulho do próprio trabalho, foi emocionante. Mais que isso, acompanhar a visita dos estudantes à Ufal foi incrível. Vi neles a curiosidade, a empolgação, o sentimento de pertencimento. E vi em mim o professor que quero ser”, contou orgulhoso.

Já Nickson Correia, mestre em Ensino de Ciências e Matemática, carrega uma trajetória longa e afetiva no grupo. Ele ingressou em 2017, ainda como graduando, e continua como um dos integrantes até hoje. “O grupo é uma experiência de vida. Quando entrei, jamais imaginei o quanto isso transformaria minha caminhada. Mesmo após me formar, permaneci por escolha. Aqui, a matemática é atravessada por histórias, por realidades sociais, por cultura. Cada ação exige pesquisa, escuta e criação coletiva”.

E acrescenta: “Tudo isso impacta diretamente minha prática como professor. Em sala de aula, levo não só os conteúdos, mas as provocações e descobertas que surgem no grupo. O ‘Sem mais nem menos’ é um espaço de resistência, de compromisso com a escola pública e com a formação de professores que acreditam na potência da educação”.


Fonte: Ascom Ufal

Todos os direitos reservados
- 2009-2025 Press Comunicações S/S
Tel: (82) 3313-7566
[email protected]