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30/06/2025 às 19h00

Geral

Lipedema: a doença que afeta milhões de mulheres e ainda é pouco reconhecida

Foto: Divulgação

Silencioso, pouco conhecido e frequentemente confundido com obesidade ou linfedema, o lipedema é uma condição médica crônica que afeta, majoritariamente, mulheres. Apesar de atingir um número significativo da população, o lipedema ainda enfrenta subnotificação, diagnósticos tardios e desinformação, o que agrava o sofrimento físico e emocional das pacientes.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), cerca de 10% a 15% das mulheres brasileiras podem ter a doença — muitas sem sequer saber. O lipedema é caracterizado pelo acúmulo desproporcional de gordura, especialmente nas pernas, quadris e, em alguns casos, nos braços. Esse acúmulo é acompanhado por dor, sensibilidade ao toque, inchaço e facilidade em formar hematomas.

“O grande problema é que o lipedema é, muitas vezes, confundido com obesidade ou com o linfedema, e isso atrasa o diagnóstico e, consequentemente, o tratamento. Muitas pacientes passam anos sendo julgadas, inclusive por profissionais de saúde, como pessoas que simplesmente não conseguem perder peso”, explica a médica vascular Lídia Costa, da Clínica Les Sens, especialista no diagnóstico e tratamento da doença.

Desconhecimento que gera sofrimento

Além dos desafios físicos, o impacto psicológico do lipedema é significativo. Segundo a Associação Brasileira de Lipedema, muitas pacientes relatam frustração por não obterem resultados satisfatórios com dietas e exercícios convencionais, além de enfrentarem estigmas sociais.

Diferente da gordura comum, a gordura do lipedema é de origem inflamatória e não responde aos métodos tradicionais de emagrecimento. A doença tem forte componente genético e hormonal, sendo frequentemente desencadeada ou agravada por fases como a puberdade, gestação e menopausa.

“O paciente com lipedema não tem uma simples gordura localizada. Trata-se de um tecido gorduroso inflamado, que não responde aos métodos convencionais de emagrecimento. Além disso, há dor constante, cansaço nas pernas e, em casos avançados, prejuízo na mobilidade”, detalha a médica.

Sinais de alerta

Os principais sinais do lipedema incluem:

•Acúmulo de gordura simétrica nas pernas, coxas e, às vezes, nos braços, poupando mãos e pés.

•Dor ao toque ou sensação de peso nas pernas.

•Formação fácil de hematomas.

•Sensação de inchaço constante, que não melhora apenas com repouso.

•Dificuldade de perder volume nessas áreas, mesmo com alimentação controlada e exercícios físicos.

Diagnóstico e tratamento

Um estudo publicado no Jornal Vascular Brasileiro reforça que o diagnóstico do lipedema é essencialmente clínico, baseado na avaliação médica e no histórico da paciente. Apesar disso, muitas mulheres convivem com a doença por anos até obterem um diagnóstico correto, o que compromete o tratamento e agrava os sintomas.

O tratamento é multidisciplinar e personalizado. Pode incluir acompanhamento vascular, fisioterapia, nutrição anti-inflamatória, drenagem linfática, uso de meias de compressão e, em alguns casos, lipoaspiração específica para lipedema — um procedimento cirúrgico diferente da lipoaspiração estética.

“Além da cirurgia, que nem sempre é indicada, manejamos o lipedema com mudanças na alimentação, terapias que auxiliam na drenagem linfática, uso de meias de compressão e controle da dor. O mais importante é oferecer qualidade de vida à paciente e impedir a progressão da doença”, reforça Lídia Costa.

Informação é parte do cuidado

Diante da invisibilidade histórica da doença, aumentar o conhecimento sobre o lipedema é um passo crucial para garantir diagnóstico precoce, acolhimento e acesso a tratamentos eficazes.

“É muito gratificante ver que cada vez mais mulheres estão reconhecendo os sinais da doença e buscando ajuda. O diagnóstico precoce é essencial para que possamos intervir e melhorar, de forma significativa, a qualidade de vida dessas pacientes”, conclui a médica.


Fonte: Assessoria

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