Um dos períodos mais esperados pelas mães é a amamentação. Aquela imagem de mãe e filho num momento sublime é sonhada por todas as mulheres que dão à luz. Mais do que estreitar os laços afetivos, o leite materno fortalece o sistema imunológico da criança e traz inúmeros benefícios ao longo da vida.
A coordenadora do Banco de Leite do Hospital Universitário Professor Alberto Antunes (HUPAA) e nutricionista Rosângela Simões explica que o aleitamento materno é exclusivo até os primeiros seis meses de vida, pois os anticorpos presentes no leite humano estimulam a relação entre mãe e filho, previnem futuras doenças, como obesidade, diabetes, hipertensão, alergias, diarreias e complicações que podem levar a mortalidade infantil, além de aumentar o QI, em comparação, com bebês que não foram amamentados no peito.
De acordo com Rosângela Simões, o leite humano é o único alimento que possui a proteção imunológica, garantindo, assim, o crescimento e desenvolvimento do bebê durante os primeiros dois anos de vida.
E não se pode esquecer um dado importantíssimo: amamentar não necessita de utensílios como mamadeiras, bicos e esterilizadores e, portanto, não existe contaminação. “Amamentar é mais do que nutrição, é você construir um sujeito para a vida toda”, disse.
Amamentar também deixa a mãe mais saudável. Ao dar o peito ao filho, ela reduz o risco de ter câncer de mama, de ovário e de útero. Evita a obesidade, sangramentos e até complicações frequentes como ingurgitamento mamário e mastites. A mamada também ajuda o útero a voltar mais rápido para o seu tamanho normal.
O colostro é o melhor alimento para o bebê recém-nascido. Esse tipo de leite materno começa a ser produzido nas últimas semanas da gravidez, e será o primeiro alimento que o bebê vai tomar durante o 1° ao 7° dia, já que a partir desse momento a mama começa a produzir “leite maduro”. Ele é rico em água, proteínas, gorduras essenciais e proteção imunológica. É o primeiro passo para o sucesso da amamentação.
Durante o período de aleitamento, alguns problemas podem ocorrer, entre eles estão: as fissuras no bico do seio. Se o bebê está mamando e puxando exclusivamente no bico do seio (mamilo), a pega está incorreta. Para fazer corretamente, o bebê deve envolver os lábios na aréola (parte marrom ao redor do bico) do mamilo. Se ele mamar diretamente no bico, pode ocasionar as fissuras no peito e causar dor na amamentação para a mãe.
Outro problema, muito comum, é quando a mama fica empedrada, conhecido como ingurgitamento. Isso acontece porque a mama não foi esvaziada adequadamente, ficando cheia e o leite acaba empedrando. Se o bico estiver muito cheio, a criança não consegue “pegar” bem para mamar, pois sua boquinha não será capaz de apertar os depósitos de leite que estão debaixo da aréola. Como consequência, ela pode ficar com fome e os bicos racham por excesso de pressão do leite que não foi mamado e que ficou acumulado nas mamas. O ingurgitamento mamário leva a mastite, ou seja, uma infecção dolorosa do tecido mamário.
É nesse ponto que vale a lei da oferta e procura: se o bebê estiver mamando menos do que a mãe produz, é preciso fazer alguns exercícios. A aréola precisa estar macia, flexível e isso ocorre na medida em que ela esvazia a mama.
Quanto à alimentação, a mãe precisa ter um cardápio natural, variado, colorido e equilibrado. “Caso o bebê tenha o diagnóstico de alergia ao leite de vaca e derivados, é preciso evitar. Bebidas alcoólicas, alimentos que provocam gases, café, chocolates e refrigerantes também”, listou Rosângela Simões.
Conforme o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a mãe HIV positivo não pode amamentar, mas o bebê pode tomar a fórmula infantil, que é de graça, numa situação aconchegante, com a mesma atenção e carinho.
A mãe soropositiva deverá ter sua lactação inibida logo após o parto por enfaixamento ou compressas frias. Deverá receber apoio tanto da equipe de saúde como das pessoas em quem confia para não se sentir discriminada por não estar amamentando.
Doe amor, doe leite materno
Algumas vezes, mãe e bebê têm dificuldades de manter o sonho da amamentação, que parece ser impossível de ser realizar. Porém, com uma pequena ajuda, isso pode mudar tudo.
O Banco de Leite Humano não tem fins lucrativos e suas ações visam promover, proteger e apoiar o aleitamento materno. A doação no Banco de Leite Humano deverá ocorrer em ambiente adequado, com prévia higiene da mãe em relação às suas mãos, braços e Equipamentos de Proteção Individuais (EPIs). A extração do leite é realizada em vidros de café solúveis previamente esterilizados.
Já o leite extraído na casa da doadora deverá manter os mesmos cuidados. Os cabelos devem estar presos, as mãos e os braços lavados, além do uso de máscaras a fim de proteger a boca e as narinas. A extração deve ser feita em um lugar que não circule pessoas no momento.
Um gesto vale mais que mil palavras
O aconchego do colo, fora do útero. A estudante Flávia Valois, de 25 anos, conhece a importância do aleitamento materno muito antes de engravidar. Mãe de um casal: Fellipe Gabriel, de 5 anos, e da pequena Ysis Gabrielle, de apenas 2 meses, ela diz que sempre procurou informações sobre o assunto.
“Poucos meses de eu saber que estava grávida, já me dedicava, vorazmente, a consumir literatura para gestantes”, contou. “Amamentei o Gabriel até os oito meses, por recomendação médica, e, após esse período, passei a introduzir água, sucos, chás e sopinhas caseiras. Com Ysis será da mesma forma, pois o meu desejo é que ela seja uma menina esperta, cheia de sonhos, e feliz.”
De acordo com Flávia Valois, a amamentação promoveu o estabelecimento de uma ligação afetiva muito intensa entre ela e os seus filhos, o que favoreceu e fortaleceu o amor incondicional por eles.
A vantagem de mamar ao peito fez com que o primogênito tivesse uma saúde de dar inveja. “A imunidade dele é ótima, dificilmente adoece”, contou ela, orgulhosa. “O leite materno, para além de ser o alimento ideal, também transmite imunidade e todos os ingredientes necessários ao desenvolvimento do bebê. É incrível o poder desse líquido.”
Após longas e árduas noites insones, ela descobriu que o mamilo não rachava se a criança fosse colocada na posição correta e pegasse direito o peito. “Aprendi que se o bebê sugar na região areolar, onde ficam os bolsões de leite que devem ser espremidos para liberá-lo, não haverá desconforto nenhum”, disse, enquanto mantinha a caçula colocada ao peito. “Amamentar é o gesto mais puro que uma mulher pode sentir. Eu sou muito abençoada por ter tido esse privilégio.”
Fonte: Assessoria