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19/08/2024 às 08h20

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Investindo no exterior?

Getty Images


Com a proximidade das eleições, me veio a lembrança de alguns debates passados em que uma das mais mordazes acusações era a de que determinado candidato mantinha contas no exterior. Naquela época, até onde ia a minha percepção (posso estar errado, já de antemão faço o disclaimer!), isto não era algo legal sob a legislação brasileira.

Bem, de lá para cá, ainda que nem todos os investimentos de brasileiros no exterior estejam legalizados (de novo posso estar enganado!), muita coisa mudou, pois é permitido brasileiros manterem ativos (contas, aplicações, títulos de renda fixa, ações, quotas de fundos de investimento e imóveis, dentre outros) fora do Brasil, sem ferir nossa legislação.

Provocado por uma cliente que assessoro e limitado às aplicações financeiras fui pesquisar... E a boa notícia é que o processo de abertura de uma conta de investimentos no exterior é mais simples do que à primeira vista parece, pois já há instituições brasileiras que oferecem o serviço a seus clientes sem a cobrança de custos adicionais, que tal?

Claro que participar de mercados mais consolidados que o nosso traz vantagens, dentre as quais eu citaria: ambiente de negócios mais dinâmico e robusto (com mais empresas globais para investir);  menor volatilidade (por estarem menos sujeitos a crises políticas ou fiscais, tais mercados oscilam menos), e sobretudo a diversificação geográfica, o que por vezes atenua ou até mesmo elimina perdas em nosso mercado (por exemplo, se a bolsa aqui está caindo, a norte-americana pode estar subindo).

Mas há que se tomar cuidados e para você, meu querido leitor, minha querida leitora, que está pensando em se aventurar nesta alternativa, chamo a atenção para alguns pontos:

(1) Custos: Não são idênticos aos nossos, mesmo quando intermediados por instituições brasileiras. Pesquise nos sites destas instituições para verificar quanto é cobrado de corretagem para adquirir e/ou resgatar títulos, ações ou quotas de fundos... Sem esquecer que os valores e/ou percentuais cobrados estão em moeda forte, dólar ou euro!

(2) Rentabilidades: Principalmente nos investimentos em renda fixa, esqueça as taxas oferecidas no Brasil... títulos do Tesouro norte-americano, por exemplo, costumam pagar em torno de 5% ao ano, bem menos que os quase 12% ao ano de nossos prefixados.

(3) Renda Variável: Se já é difícil selecionar boas ações no mercado brasileiro – onde há aproximadamente 400 ações listadas em bolsa –  imagine encontrar as boas ofertas no mercado norte-americano, por exemplo, com mais de 6.000 ações em bolsa? Opte por fundos de ações ou  ETFs para minimizar o risco das escolhas erradas.

(4) Tributos: Dividendos e juros das aplicações de renda fixa são tributados na fonte em 30%, ainda que você possa compensar o imposto pago no exterior com o imposto a pagar no Brasil. Ganhos de capital, acima do limite de isenção também são tributados, e você deve declarar todas as suas operações à Receita Federal. Ah sim, e já ia me esquecendo: ao enviar recursos para a sua conta internacional, haverá a cobrança de IOF sobre o valor da transação.

(5) Risco Cambial: Fique atento às flutuações nas cotações do dólar ou do euro (dependendo do mercado onde você irá operar) já que elas impactam diretamente a rentabilidade do seu investimento. Exemplificando, suponha que você tenha investido USD 1.000 em título no mercado norte-americano. Por ocasião da aplicação, a cotação do dólar era de R$ 5,50, o que equivale a dizer que você investiu R$ 5.500. Se após um ano, o título tiver rendido 5%, mas a cotação do dólar for de R$ 5,00, seu investimento valerá apenas R$ 5.250 (=USD 1.050 x R$ 5,00/USD), gerando um pequeno prejuízo, caso você resolva trazer os recursos de volta para o Brasil.

Um grande abraço e até a próxima!


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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