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11/11/2024 às 07h20

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Ganhei um prêmio


Ganhei um prêmio

Lembro-me de quando eu era pequeno e começaram os jogos da Loteria Esportiva, lá pelos idos dos anos 70. Era época da Copa do Mundo no México, o Brasil com um timaço – sagrou-se tricampeão – o que nos deixava com um otimismo exuberante, capaz de alimentar sonhos improváveis de ganharmos sozinhos o prêmio milionário. E o que não faltava era plano sobre o que fazer com o dinheiro.

De lá para cá, devo admitir, joguei poucas vezes na loteria e demais sorteios oferecidos, a exceção ficando por conta de bolões com meu grupo de amigos da época de colégio... vai que o grupo ganha e eu fico de fora, nem pensar, não é mesmo? No mais, a falta de tempo, ser completamente “por fora” quando o assunto é futebol, as extensas filas extensas nas casas lotéricas, enfim, vários motivos me afastaram dos guichês de aposta. Não jogando, obviamente, a possibilidade de ganhar algo é nula. Mas, se tivesse certeza do futuro e soubesse de antemão que não iria ganhar nada, os mais de 50 anos do “não-jogo” decerto me fizeram poupar algum, não é mesmo?

Bem, mas vamos admitir que você, meu querido leitor, minha querida leitora, seja menos preguiçoso que eu, e continue a fazer a sua fezinha... Ou que simplesmente tenha sido contemplado com um prêmio fora de hora. O que fazer? Antes de sair por aí comemorando (merece, claro!) cuidado: a maioria dos pouquíssimos sortudos que, de uma hora para outra, tem chances de mudar padrão de vida, em muito pouco tempo perdem praticamente tudo o que ganharam, sendo comuns até mesmo os que acumulam dívidas. Um caso emblemático publicado na mídia foi o de um grupo de garçons cariocas que, sorteados em um bolão, na segunda seguinte se desligaram do restaurante onde trabalhavam. Muita emoção e pouca razão na escolha. O prêmio que cada um recebeu não era suficiente para que parassem de trabalhar; além disso, por terem pedido demissão, perderam uma série de direitos trabalhistas. Ou seja, deixaram literalmente dinheiro na mesa!

O que sugiro para casos como esse? O ideal é que se deixe a poeira baixar para que, calma e racionalmente, se chegue às melhores conclusões sobre o que fazer. Algumas dicas:

(1) Verifique o valor do prêmio: Se este é baixo, tudo bem que você o gaste curtindo com a família um fim de semana inesperado ou renovando o guarda-roupa, mas se for alto, planeje antes de gastar. Dividir o prêmio pelo valor líquido de seu salário é um bom ponto de partida. Mas, independente do número que encontrar, não peça demissão de imediato. Tenha calma!

(2) Aplique integralmente o prêmio: Enquanto espera para decidir o que fazer, procure investir o que recebeu, visando sobretudo proteger o poder de compra do dinheiro. Venhamos e convenhamos, se o prêmio for muito alto, sua vida financeira está resolvida, não é preciso se meter em investimentos que visem crescimento, mas que embutam riscos desnecessários.

(3) Gaste apenas os rendimentos: Tendo aplicado o seu prêmio, a disciplina em gastar apenas os juros que você irá receber, manterá esta sua nova fonte de renda intacta, ainda que seja preciso verificar quanto do rendimento recebido é juro real e quanto é reposição da inflação. Essa dica vale até para presentear os parentes. Use apenas o rendimento para fazer isso!

(4) Avalie se montar o próprio negócio é razoável: Muitas histórias de insucesso após polpudos prêmios vêm quando o ganhador resolve abrir sua própria empresa, usualmente na área em que já trabalhava – por exemplo: o garçom que abre o restaurante. Deve-se ter cuidado com essa alternativa pois uma coisa é ter competência para preparar o melhor prato ou servir bem uma mesa, outra é ter competência para ser empresário, capaz de conviver com todos os riscos de um empreendimento.

(5) Cuidado com os brinquedos caros: Carro importados, lanchas, iates e outros caros sonhos de consumo são bens repletos de custos ocultos para os quais se dá pouca atenção (vide o artigo da semana passada!). Claro que se você ganhou R$ 20 milhões, isto pouco importa, mas para quem ganhou R$ 500 mil – com as taxas de juros atuais equivalente a um rendimento real de aproximadamente R$ 1.500 – talvez seja o caso de se repensar, não é mesmo?

Torço para que você seja em breve um felizardo. E que com as minhas dicas, consiga estabelecer um bom padrão de vida por muitos e muitos anos!

Um grande abraço e até a próxima!


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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