No mês de abril tivemos o “Abril Azul”, um mês dedicado a campanha de conscientização sobre o Autismo (Transtorno do Espectro Autista – TEA), que é um transtorno do neurodesenvolvimento que compromete a comunicação, a interação social e o comportamento da criança. O Abril Azul acabou, mas é pertinente seguirmos falando sobre o TEA, suprindo a sociedade de conhecimento para compreender e acolher todos os autistas.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde, estima-se que, em todo o mundo, uma em cada 160 crianças tem transtorno do espectro autista. E no que se refere às causas, evidências científicas disponíveis sugerem que provavelmente há muitos fatores que tornam uma criança mais propensa a ter um TEA, incluindo os ambientais e genéticos.
Atualmente o TEA é subdividido em níveis de suporte, dessa forma fica melhor definida as técnicas de intervenção que serão adotadas no acompanhamento e tratamento. O nível 1 também conhecido como “autismo leve” é caracterizado por dificuldades na interação social e comunicação, comportamentos repetitivos e interesses restritos. Neste nível há dificuldade em iniciar ou manter conversas, interpretar expressões faciais e entender as nuances da linguagem, mas normalmente essas dificuldades não são limitantes para a interação social. E além disso, pessoas com TEA no nível 1 geralmente têm habilidades de linguagem e comunicação relativamente intactas e podem se adaptar bem a mudanças na rotina.
O nível 2 é considerado moderado e se caracteriza por dificuldades significativas na comunicação e interação social. Há maiores desafios para iniciar ou manter conversas, interpretar expressões faciais e compreender nuances da linguagem. Também apresentam comportamentos repetitivos e têm interesses intensos e restritos. Porém, diferente do nível 1 podem apresentar dificuldades para se adaptar a mudanças na rotina e necessitar de apoio extra para lidar com situações sociais mais complexas.
O nível 3 é conhecido como “autismo severo”, pois além de apresentarem as características já descritas nos níveis 1 e 2, este também é caracterizado por dificuldades significativas de comportamentos repetitivos. Normalmente, possuem uma deficiência mais severa nas habilidades de comunicação, tanto verbal quanto não verbal, e, consequentemente, dependem de maior apoio para se comunicar. Isso pode resultar em dificuldades nas interações sociais e uma redução na cognição. Além disso, eles tendem a apresentar um perfil comportamental inflexível e podem ter dificuldades em se adaptar a mudanças, o que pode levá-los a se isolar socialmente se não forem incentivados.
Há muitas pesquisas e estudos sendo desenvolvidos sobre o TEA, principalmente acerca das características observadas que findam o diagnóstico. Visando contribuir com esses estudos na área da ortopedia, pretendo, juntamente com o grupo de pesquisa ORTOP, iniciar estudos para verificar as alterações ortopédicas nos pacientes autistas que acompanhamos diariamente nos ambulatórios, tendo em vista atender as necessidades e contribuir para o desenvolvimento integral de nossas crianças com TEA.
Nesse sentido, a Organização Mundial de Saúde, ressalta que as necessidades de cuidados de saúde das pessoas com TEA são complexas e requerem um trabalho multidisciplinar, incluindo promoção da saúde, cuidados, serviços de reabilitação e colaboração com outros setores, tais como os da educação, emprego e social. Além disso, as intervenções para as pessoas com TEA e outros problemas de desenvolvimento precisam ser acompanhadas por ações mais amplas, tornando seus ambientes físicos, sociais e atitudinais mais acessíveis, inclusivos e de apoio.
Referências:
CORDEIRO, Erika Suenya Gomes et al. Equilíbrio postural em crianças com Transtorno do Espectro Autista. Revista CEFAC, v. e0921, 2021.
NÍVEIS do autismo: entenda quais são e a mudança do termo. ODAPP. Disponível em: https://observatoriodoautista.com.br/2023/04/28/niveis-do-autismo-entenda/. Acesso em: 20 abr. 2024.
OMS. Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Transtorno do espectro autista. OPAS. Disponível em: https://www.paho.org/pt/topicos/transtorno-do-espectro-autista. Acesso em: 20 abr. 2024.
Rogério Barboza é médico ortopedista, com área de atuação em trauma desportivo, ortopedia pediátrica, gestão em saúde e auditoria médica. Supervisor do programa de residência médica em ortopedia e professor especialista da disciplina de ortopedia do curso de medicina. Coordenador do Núcleo de Assistência do Pé Torto.