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13/08/2018 às 11h04

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O mercado das fake news

Ilustração

Candice Almeida*

Cada um é responsável pelo que publica e compartilha em suas redes sociais


O ex-presidente Lula foi expulso de um restaurante no Nordeste. O deputado Jair Bolsonaro terá o rosto estampado nas latas de Pepsi em sinal de apoio a sua candidatura. O juiz Sérgio Moro pediu para a população não reeleger nenhum político. O que estas notícias têm em comum? Todas elas são mentirosas.

Ninguém duvida que a internet é uma poderosa ferramenta dos dias atuais. Ao mesmo tempo que é capaz de facilitar as rotinas do cotidiano também é meio de fraude e oportunismo vil. Em voga estão as fake news. Nome moderno, americanizado, para problema antigo: mentiras travestidas de verdades. As notícias mentirosas não são novidades dos tempos de hoje. Não surgiram com a internet. 

No entanto, a Era da Informação também pode ser a Era da Desinformação, a depender de como o consumidor de notícias se comporta diante das novidades que lhe chocam – para o bem e para mal – nas redes sociais. Segundo pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, em inglês), as chances de uma notícia falsa ser repassada é 70% maior que a de notícias verdadeiras. Isto por que as notícias falsas possuem uma particularidade, despertam no leitor algum sentimento, seja prazer ou ódio. 

No Brasil, um levantamento do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas para o Acesso à Informação da USP estimou que cerca de 12 milhões de brasileiros já difundiram notícias falsas sobre política. Apesar do alto número, não é o caso de demonizar as ferramentas advindas da internet. Antes de portais de pesquisas como google e yahoo, as notícias mentirosas, veiculadas muitas vezes na imprensa tradicional, não podiam ser desmentidas com rapidez e eficiência. Atualmente, ao mesmo tempo que os aplicativos de comunicação aceleram a disseminação de informações falsas também viabilizam a checagem ou, ao menos, o questionamento.

Em ano de eleição, as fake news são uma preocupação maior para os que procuram garantir a lisura do processo eleitoral. Diariamente, é preciso estar apto a desmentir boatos que afrontam a legislação eleitoral ou os instrumentos de investigação e fiscalização no período que antecede o pleito. Os candidatos de hoje, assim como os de ontem, precisam se preparar para as “mentiras” que serão munição de adversários políticos. E precisam se adaptar aos rápidos meios de divulgação destas mentiras, afinal os mesmos meios podem ser rápidas ferramentas de desmentidos e esclarecimentos aos eleitores.

Apesar dos inúmeros benefícios dos recursos tecnológicos, a irresponsabilidade e a preguiça, principalmente, são os itens que sustentam o mercado das fake news. Cada um é responsável pelo que publica e compartilha em suas redes sociais. Bem como, pelo que acredita e faz crer, mesmo sem saber ou pesquisar. Passamos por um período realmente perigoso. E é importantíssimo que cada um cumpra seu papel na sociedade. Ter responsabilidade com o que publica e repassa é só um dos passos. Checar e esclarecer quem não possui conhecimento é função social de cada um de nós. 

E lembrem: votar nulo ou branco não anula eleição. Eis mais uma fake news. Votos nulos ou brancos são meros votos inválidos, portanto apenas beneficiam os candidatos que já estão na frente. Então se você quer mudar o status quo não aceite mentiras como verdades. Leia, pesquise, converse e debata, com respeito e sem paixões. Política se faz com responsabilidade e parcimônia, com bom senso e equilíbrio.


* Jornalista, advogada e assessora de comunicação do MPF/AL

*Texto publicado na edição 19 da Revista Painel Alagoas


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