Dizem que quem diz o que quer, ouve o que não quer.
Nem sempre, a memória da história política no Brasil não permite que façam piadas jocosas com quem sofreu torturas de qualquer espécie durante os 20 anos de ditadura militar no país.
A crueldade com que o governo da ditadura cerceou direitos e vidas, provocou cicatrizes físicas e emocionais profundas, censurou informações, limitou a cidadania e deixou uma Nação inteira sem identidade, não pode ser usada por quem quer que seja, em nome da causa que for, para mandar desaforos por aí a fora.
Ontem, em sua conta pessoal no Twitter, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (UB-SP) debochou da tortura sofrida pela jornalista Miriam Leitão durante a ditadura: “Ainda com pena da cobra”, escreveu o parlamentar em sua rede social.
Miriam foi torturada, grávida, pelos militares, que deixaram a jornalista nua num local escuro com uma jiboia.
A ira de Eduardo Bolsonaro foi por conta de uma nota na coluna de Miriam Leitão no jornal O Globo, edição de domingo, 3, onde ela afirma que o presidente Jair Bolsonaro é inimigo declarado da democracia.
Ao exaltar nesse deboche a ditadura militar no Brasil, o filho do presidente Bolsonaro também se enquadra na avaliação de que é contra a democracia. É que democracia e ditadura são antônimos, tipo, uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa.
Mas, convenhamos, o presidente Bolsonaro e seus filhos são uma coisa só, uma coisa que tem feito mal, muito mal, à democracia brasileira.
Blog Político