Maceió, 22 de agosto de 2025 – Grupos de Coco de Roda de toda Alagoas se preparam para mais uma temporada de apresentações no mês de agosto, quando o Brasil celebra seu folclore e suas tradições populares. Os ritmos e as cores cantados e dançados por mestres e brincantes da cultura popular compõem o patrimônio cultural imaterial brasileiro e carregam um legado passado geração após geração.
Em Maceió, as brincadeiras populares são coisa séria para os coletivos que vivem as tradições em suas comunidades. Quem vê um Coco de Roda pisando no tablado, uma Quadrilha Junina em balancê, um Guerreiro ou um Pastoril em cena, dificilmente faz ideia do número de horas e pessoas que fazem o show acontecer.
Um dançarino de Coco de Roda precisa enfrentar câimbras para fazer nascer a pisada perfeita; na Quadrilha, a repetição da coreografia em busca da excelência na evolução é exaustiva; no Guerreiro e no Pastoril, são necessários anos de dedicação para formação da memória de um mestre ou de uma contramestra. Esses esforços, nascidos de forma espontânea geram identidade e pertencimento.
Tradição preservada
Sete grupos culturais oriundos da região do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol são exemplos das tradições do patrimônio cultural imaterial da cidade. Eles fazem parte do Programa de Apoio aos Grupos Culturais, ação prevista no Plano de Ações Sociourbanísticas (PAS) e iniciada em dezembro de 2023.
Quatro grupos de Coco de Roda, uma Quadrilha Junina, um Guerreiro e um Pastoril recebem apoio para aquisição de bens e serviços, dentre os quais a contratação de coreógrafos, figurinistas e músicos, aquisição de figurinos para as apresentações, instrumentos musicais e equipamentos de som, além de suporte operacional para realização dos ensaios e deslocamento dos integrantes.
Neste segundo semestre de 2025, o programa irá ampliar o apoio a mais sete coletivos da cultura tradicional: além de novos grupos de Guerreiro e Pastoril, grupos de capoeira também serão apoiados.
Trabalho o ano inteiro
O Coco de Roda Reviver, nascido no bairro do Bebedouro, é um dos coletivos atendidos no Programa. Vencedor do Concurso Municipal de Coco de Roda 2025 o grupo ensaia de seis a nove horas por semana, durante oito meses do ano. Segundo o líder do grupo, Roberto Calheiros, no mês de outubro o tema dos espetáculos do ano seguinte já é escolhido e a partir daí, começam os trabalhos para definição de figurino, músicas e coreografias.
Na Chã da Jaqueira, os ensaios do Guerreiro São Pedro Alagoano se confundem com a vida cotidiana da mestra Marlene e do sanfoneiro Juvino. A varanda do casal virou salão para a brincadeira que costuma reunir 25 pessoas entre idosos, jovens e crianças. Os encontros são preparativos para as apresentações públicas.
Também na Chã da Jaqueira um grupo de mulheres se reúne diariamente para viver as tradições populares herdadas há gerações. Lideradas por dona Ilza, contramestra do Pastoril Estrela de Belém, elas costuram figurinos, ensaiam e cuidam umas das outras.
Cultura no PAS
O Programa de Apoio Cultural também colabora com o resgate das festividades em comunidades localizadas no entorno da área desocupada. Os eventos culturais são definidos e realizados junto com as comunidades. Atualmente, está em andamento um conjunto de 45 atividades temáticas que formam ciclos culturais de oficinas e exposições que acontecerão nas comunidades até o final do ano através de oficinas de culinária tradicional, dança, costura e customização de figurinos que favorecem a troca de saberes tradicionais, em aproximadamente 380 encontros.
O PAS prevê ainda a criação de um espaço de cultura e identidade e a produção de um acervo de memória cultural, além de um edital de fomento para apoio às produções culturais que será lançado no mês de setembro deste ano.
O edital foi construído de forma participativa junto aos fazedores de cultura, buscando atender às principais demandas da comunidade artística ligados à cultura popular e afro-brasileira, especialmente aquelas que guardam relação com os bairros desocupados A iniciativa priorizará a transmissão de saberes tradicionais, formação para autonomia dos agentes culturais, fomento a ações que ampliem o acesso à cultura e garantia de repasse direto sem burocracia a grupos não formalizados.
O Inventário do Patrimônio Cultural Imaterial dos bairros do Pinheiro, Mutange, Bebedouro, Bom Parto e Farol foi realizado por especialistas da Fundação Universitária de Desenvolvimento de Extensão e Pesquisa (Fundepes/UFAL). Como parte do trabalho, 21 agentes comunitários de pesquisa realizaram o censo cultural com 322 pessoas para identificar as expressões culturais dos bairros.
As iniciativas são previstas no Plano de Ações Sociourbanísticas (PAS) e estão entre as medidas definidas a partir do Acordo Socioambiental, assinado pelo Ministério Público Federal (MPF) e Braskem, com a participação do Ministério Público Estadual (MPE) e adesão do Município de Maceió.
Fonte: Assessoria