A Escola Estadual Profª Miran Marroquim de Quintela Cavalcante, localizada na comunidade Piabas, no bairro do Jacintinho, em Maceió, foi escolhida para abrir oficialmente a 1ª edição da Festa de Literatura da Periferia (Flup) de Maceió, nesta sexta-feira (15). O projeto da iniciativa privada visa mobilizar, conscientizar e transformar estas comunidades a partir da leitura.
A palestra de abertura foi realizada pela ex-empregada doméstica e hoje juíza da Comarca de Lauro de Freitas, na Bahia, Drª Antônia Maria Aparecida de Paula Faleiros, que falou da sua trajetória e destacou as dificuldades vivenciadas para concluir o curso superior.
“Saí de casa aos 12 anos para cortar cana em São Paulo, mas as coisas não deram muito certo. Fui para Belo Horizonte, para ser empregada doméstica. Mas sempre tive hábito de estudar e fazia isto durante o horário do almoço ou à noite. Resolvi fazer Direito para passar em um concurso, mas o que convenceu a manter-me no curso foi o acesso ao ‘bandejão’ da Universidade. Formei-me, fui aprovada no concurso e tomei gosto pela profissão”, declarou a juíza.
A superintendente da Rede da Secretaria do Estado da Educação (Seduc), Maridalva Campos, presente à solenidade, ressaltou que a escola pertence à comunidade, e ela deve tirar o máximo de proveito do local.
“A Festa Literária abre a escola para outros horizontes; mostra que ela é viva e faz parte do dia a dia da comunidade. Os gestores estão de parabéns por acolher o projeto. A Secretaria de Educação sempre irá apoiar atitudes construtivas como esta”, destacou Maridalva Campos.
A Flup acontecerá em duas etapas. Após a abertura, o projeto percorrerá diversas escolas das redes pública estadual e municipal até a 2ª etapa, a ser realizada entre os dias 15 e 18 de setembro, também na Escola Miran Marroquim, com palestras ministradas por escritores e poetas, mostra de filmes e documentários e oficinas.
Esta etapa presencial terá transmissão online, durante os três dias e pode ser acessada pelo link https://www.facebook.com/FLUPMACEIO/?fref=ts .
Oportunidade
A diretora da unidade de ensino, Lidiana Costa, afirmou que a Flup terá um saldo muito positivo, trazendo prestígio aos alunos e boa visibilidade à escola, que, segundo ela, é vista muitas vezes com maus olhos por estar localizada na periferia.
“A proposta é maravilhosa! Assim que nos foi feito o convite, nós o abraçamos. Os alunos estão muito entusiasmados. O diferencial da Miran Marroquim é que, além dos alunos, os pais e a comunidade em geral sempre participam das atividades”, declarou Lidiana Costa.
Os estudantes Cassia Edja Gregório da Silva e José Rodrigo Santos Moura, ambos do ensino médio, acreditam que atividades como a feira mostram o valor e a criatividade das comunidades carentes. Eles estão ansiosos pelas palestras e oficinas.
Projeto
De acordo com coordenador do projeto, José Bispo Filho, a expectativa é que a Flup Maceió 2016 atenda, aproximadamente, 40 mil pessoas, entre estudantes e moradores em geral.
“Escolhemos a escola porque é localizada dentro da periferia. Quando chegamos ao local, a receptividade dos alunos, professores e comunidade foi essencial para querermos ficar lá. A intenção é fazer com que os moradores de todas as periferias exercitem o hábito da leitura”, confidencia José Bispo.
Livros e Geladeiras Culturais
Outra ação do projeto, já em prática, são as Geladeiras Culturais. Segundo José Bispo Filho, consiste na disponibilidade de cerca de 10 aparelhos eletrônicos sem funcionalidade, que serão decorados pelo artista Alan Ares e servirão de estantes para a coleta de contos e poesias, os quais serão transformados posteriormente em dois livros. Os equipamentos serão espalhados por diversos bairros da capital alagoana.
Fonte: Assessoria