Uma moeda própria circulando no município e o caminho aberto para construir autonomia e contribuir com o combate à pobreza e à desigualdade. É com esta proposta que Limoeiro de Anadia recebe o lançamento, nesta sexta-feira, 20 de dezembro, da Moeda Social Livre. Com experiência pioneira no Estado neste formato eletrônico, o dinheiro social integra um sistema que também contará com o Banco Comunitário de Limoeiro de Anadia e o Programa Social Renda Melhor. A solenidade ocorre a partir das 8h, na Escola Pedro Ferreira da Silva, no Povoado Cadoz.
O prefeito Marcelo Rodrigues relata que implantação da Moeda Livre é resultado de longo período de estudos, acúmulo de experiências em outros estados, e parcerias que envolvem a Prefeitura de Limoeiro de Anadia, a Universidade Federal de Alagoas – UFAL, Campus Arapiraca, além de entidades da sociedade civil organizada. Para o prefeito, diante da grave crise econômica e social enfrentada pelo país, o lançamento posiciona o Município como parte da solução.
“Sabemos que os índices de desemprego e de aumento da pobreza são desanimadores em todo o país, e o quanto municípios com dependência de verba federal sofrem diretamente quando há corte no orçamento. Possuir uma moeda própria, um programa social e um banco comunitário que a estruture, significa para nós desenvolver políticas públicas e sociais que têm o objetivo principal de combater a desigualdade social por meio de práticas econômicas que valorizam a participação coletiva, autogestão, cooperação, democracia e a preservação do meio ambiente”, comentou o gestor. “E, principalmente, traz mais empregos porque os comerciantes e empresários têm um retorno rápido com o aumento das vendas, já que a moeda só circulará dentro do município, impulsionando o comércio local”.
Coordenador da Incubadora Tecnológica de Economia Solidária – ITES, da Universidade Federal de Alagoas, o professor Marconi Tabosa mencionou a relevância da moeda . “Primeiro de tudo, há o aspecto econômico. A moeda social permite que o município circule determinado valor. No caso de Limoeiro, esse valor começa com as bolsas do Programa Renda Melhor. Na medida em que se paga com a Moeda Livre, o comércio local é beneficiado, dotando o município de um dinamismo econômico. Ao invés do beneficiário receber a bolsa e gastar em outras cidades, eles gastam dentro do próprio Município, gerando mais emprego, porque aumenta o consumo e, portanto, a demanda maior por produção e por trabalho”, reforça.
O docente também acrescenta como benefício o potencial arrecadador. “[A iniciativa] reveste as contas públicas com maior arrecadação de impostos, permitindo uma gestão mais controlada dos recursos que a Prefeitura disponibiliza à população. Pode ser feito na forma de oferta de microcrédito também, que é um segundo movimento a ser feito a partir do Banco Comunitário”, esclarece.
Economia Solidária
A autonomia propiciada pela economia solidária tem sido, no entanto, um dos grandes alicerces que incentiva criação da atual tríade que compõe a Moeda Livre, o Banco Comunitário e o Programa Renda Melhor. Para Marconi, o caráter mobilizador da tecnologia social merece ser evidenciado. “É uma motivação da organização da sociedade civil dentro de um território, na medida em que o banco é gerido por uma associação, que possui como representantes membros da sociedade civil, da Prefeitura, do setor produtivo, e nós da Universidade Federal de Alagoas. Essa organização coletiva e comunitária é ativada no interesse de fazer circular a moeda social. Esse é um aspecto muito importante que mobiliza a sociedade em torno de um projeto que é do município e desencadeia, a partir daí, inúmeras outras iniciativas populares de mobilização social”.
Ainda de acordo com Marconi, através da ITES, a Universidade Federal de Alagoas tem atuado desde 2015 com atividades de extensão que fomentam projetos de associativismo e cooperativismo. Algumas ações já existem no Estado, como feira popular, comércio popular na Universidade, cooperativa de catadores, além da constituição de banco comunitário em Igaci e, agora também, em União dos Palmares.
As práticas de Economia Solidária se constituem quando o atendimento das necessidades econômicas de uma comunidade são tomados de forma coletiva, culminando no desenvolvimento de práticas embasadas na cooperação, na autogestão e na solidariedade. A economia solidária existe em ambientes onde há cuidados sustentáveis em relação ao meio ambiente, e autopreservação das diversidades culturais e comunitárias. O objetivo é enfrentar as agruras do sistema de acumulação que tanto causa desigualdades e pobreza, a partir do trabalho coletivo que se dá em formações associadas, cooperadas, além das trocas solidárias, bancos comunitários e diversas outras atividades similares que transformam a realidade local através da gestão coletiva.
SERVIÇO:
Lançamento da Moeda Social Livre, do Banco Comunitário e do Programa Renda Melhor
Quando: Sexta-feira, 20 de dezembro de 2019, às 8h
Local: Escola Municipal Pedro Ferreira da Silva, Povoado Cadoz – Limoeiro de Anadia
Fonte: Assessoria