A falsificação e adulteração de alimentos é um problema silencioso, mas de proporções alarmantes no Brasil. Em 2024, o mercado ilegal movimentou mais de R$ 470 bilhões, sendo R$ 86 bilhões apenas no setor de bebidas alcoólicas, segundo a Associação Brasileira de Bebidas Destiladas (ABBD). Alimentos fraudados, como azeites, café, carnes, pescados e leite, causaram prejuízo estimado de R$ 6 bilhões, afetando diretamente a saúde da população, a competitividade das empresas e a confiança do consumidor.
Segmentos como bebidas alcoólicas, óleos, laticínios e produtos processados estão entre os mais vulneráveis, devido à alta demanda e à complexidade das cadeias de produção e distribuição, mas tivemos vários outros exemplos que expuseram riscos fatais para os consumidores, comprometendo a segurança e a credibilidade do mercado. Os impactos econômicos e sociais são igualmente graves. Empresas legítimas enfrentam prejuízos significativos, desde perda de receita até danos à reputação. A evasão fiscal decorrente do mercado ilegal reduz a arrecadação e mina a competitividade, criando um ambiente hostil para quem investe em qualidade e conformidade.
Para o consumidor, o risco vai muito além do bolso, por se tratar de uma ameaça direta à saúde. Em 2024, foram apreendidos 112,3 mil litros de azeite adulterado, com prejuízo estimado de R$ 8,1 milhões aos fraudadores. Operações também retiraram 21,4 toneladas de café torrado e moído do mercado por excesso de impurezas, enquanto análises apontaram que 14,4% das marcas de mel estavam adulteradas com açúcar ou xarope de milho. Mas não pára por aí. Levantamento do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) mostra que entre os alimentos mais adulterados no Brasil estão, além de azeite e café, farinha de mandioca, feijão, água de coco, vinho e sucos.
Identificar esses produtos falsificados nem sempre é simples. Entre os sinais estão preços muito abaixo da média, rótulos com informações vagas ou inconsistentes, ausência de certificações confiáveis e compra em canais não oficiais. No entanto, muitas vezes a adulteração é imperceptível ao consumidor comum.
Combater esse problema exige inovação e rigor técnico. Entre as principais soluções estão análises laboratoriais avançadas, como cromatografia, espectrometria e testes microbiológicos para detectar adulterações com precisão; rastreabilidade digital, por meio de QR codes, blockchain e sensores inteligentes que garantem a origem e integridade dos produtos; e automação de processos, que reduz falhas humanas e aumenta a confiabilidade dos testes. Além disso, órgãos reguladores e empresas devem investir em educação do consumidor, fiscalização integrada e parcerias para ampliar a cobertura contra fraudes.
Plataformas integradas de monitoramento de qualidade, que conectam dados e processos em tempo real, permitem decisões rápidas e seguras. Treinamentos técnicos capacitam equipes para atuar com excelência, enquanto consultorias especializadas garantem conformidade regulatória e métodos validados.
A falsificação de alimentos não precisa continuar sendo uma ameaça. Com inovação, colaboração e compromisso, é possível reduzir riscos, proteger vidas e fortalecer a confiança do consumidor. Cada investimento em tecnologia e boas práticas é um passo para um mercado mais seguro, transparente e competitivo. O futuro da alimentação pode, e deve ser sinônimo de qualidade e credibilidade.
Fonte: Compliancecomunicacao