Dólar com. 5.1151
IBovespa 0.58
26 de abril de 2024
min. 23º máx. 32º Maceió
chuva rápida
Agora no Painel Tribunal de Justiça de Alagoas integra Conselho Estadual do Alagoas Sem Fome
10/12/2018 às 21h30

Geral

Semudh entrega Prêmio Tia Marcelina a alagoanos que lutam pela igualdade racial

A Secretaria de Estado da Mulher e dos Direitos Humanos (Semudh) realiza, na próxima quarta-feira (12), a solenidade de entrega do Prêmio Tia Marcelina, que é conferido a pessoas e instituições que defendem a igualdade racial e lutam contra o preconceito e a discriminação. A solenidade ocorrerá no Cine Arte Pajuçara, a partir das 19h30, como parte da programação da Semana Estadual dos Direitos Humanos.

Os homenageados são personalidades que representam a força e o empoderamento de mulheres e homens negros do estado. Uma delas é Fabíola Silva, fundadora da ONG Pro Vida e conselheira estadual de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos LGBT – CECD/LGBT.

Outra homenageada é Rosa Mossoró, que já foi agraciada pela Fundação Cultural Zumbi dos Palmares e pelo Instituto Histórico e Geográfico de Alagoas (IGHAL) pelos serviços prestados na cultura, arte e religião como cidadã negra. Rosa participou ativamente do documentário sobre a vida de Tia Marcelina, produzido pelo historiador Siloé Amorim.

Ana Cristina Conceição Santos, também homenageada, é ativista acadêmica no Movimento de Mulheres Negras e professora doutora da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) – Campus do Sertão. Atuou na militância no movimento negro em Salvador (BA) e depois ingressou no movimento LGBT estudando o recorte de raça e sexualidade.

A doutora em Estudos Literários Lígia dos Santos Ferreira também será reconhecida com o prêmio. Ela atua como diretora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (Neab) da Ufal e é vice-líder do Grupo de Pesquisa Gênero e Emancipação Humana, além de compor o Comitê Gestor da Serra da Barriga, do Ministério da Cultura/Fundação Cultural Palmares.

A luta Quilombola

Maria Joana Barbosa sente na pele o preconceito racial em diversas situações cotidianas. Como líder quilombola da Comunidade Carrasco, em Arapiraca, tem consciência dos seus direitos e, em razão disso, não deixou de tomar providências para combater os crimes dos quais foi vítima, divulgando pelos meios de comunicação locais o racismo sofrido e procurando a delegacia para prestar queixas, que vêm sendo apuradas. A líder quilombola, que é exemplo para todos os negros e negras que passam pelas mesmas situações, receberá o prêmio Tia Marcelina.

Também homenageada, Arísia Barros dos Santos é conhecida nacionalmente pelo ativismo social preto-periférico. Professora com especialização em Educação, Língua Portuguesa e Literatura Brasileira, é redatora publicitária, escritora e coordenadora do Instituto Raízes de Áfricas de Alagoas. Ajudou a estadualizar a lei federal n° 10.639/2003, contribuindo para a garantia dos estudos de Áfricas e dos afrodescendentes nos currículos escolares das escolas alagoanas.

Por meio do Instituto Raízes de Áfricas, em parceria com o Governo do Estado, Arísia articulou o Fundo Estadual de Políticas para Promoção da Igualdade Racial e junto à Prefeitura de Maceió garantiu, no bairro Cruz das Almas, a colocação do totem e placa na Praça Ganga Zumba.

Pelo ativismo político negro, já recebeu diversos prêmios e honrarias, a exemplo da Comenda Zumbi dos Palmares da Câmara Municipal de Maceió, a Medalha Mérito Legislativo da Câmara Federal, Medalha Destaque Mulher Negra em Minas Gerais e o troféu Rainha Nzinga do Núcleo de Estudos das Relações Étnicos Raciais – Monte Carlos.

Escreveu importantes publicações, dentre elas os livros A Pequena África Chamada Alagoas e O Racismo é um Camaleão Poliglota. Em seu blog Raízes de África aborda temas relevantes para a sociedade alagoana, como a defesa da participação consciente da mulher na política. Arísia Barros segue traçando estratégias para um projeto político que tenha como objetivo central a superação do racismo que estrutura as desigualdades sociais e permeia a sociedade brasileira.

Mestre Juremeiro

O homenageado babalorixá pai Alex Gomes e também Mestre Juremeiro – da Jurema Sagrada, religião afro-ameríndia originária no Nordeste – teve seus primeiros contatos com o sagrado ainda criança, iniciando-se nos cultos do Candomblé e da Jurema Sagrada.

Devido ao preconceito religioso vivenciado na cidade de Igaci, interior de Alagoas, foi obrigado a deixar a escola quando jovem, fato que o impulsionou a lutar durante toda sua trajetória de vida pelo direito e manutenção dos cultos afro-ameríndios, bem como contra o preconceito racial e religioso.

Em 2005, implementou na comunidade “Cabaré Velho”, em Arapiraca, a ONG Casa de Caridade, a qual se destina a atender diversas famílias que sobrevivem da coleta de materiais recicláveis. A ONG oferta atividades como oficina de Afoxé, Coco de Roda e Pífano, realiza doações diversas e ações comunitárias em articulação com a rede de políticas públicas existente na intenção de fortalecer vínculos e proporcionar empoderamento.

É reconhecido pela Prefeitura Municipal de Arapiraca como mestre de Cultura Popular Tradicional pela arte de tocar pífano e do coco de roda quando vivia na comunidade quilombola Carrasco.

Em 2014, gravou o documentário Juremeiro de Xangô, que atingiu repercussão nacional, sobre os traços afro-ameríndios na construção de uma ritualística estritamente nordestina e a trajetória de Alex Gomes enquanto mestre Juremeiro. Esse trabalho propiciou ao babalorixá, no ano seguinte, o convite para contracenar no curta-metragem “Avalanche”, retratando a história de um pai de família arapiraquense. Como liderança religiosa e comunitária, ganhou premiações diversas, a exemplo da homenagem concedida através da SBPC Afro Indígena, do 4º Congresso Nordestino de Ciências da Religião e Teologia.

Em 2017, teve a ONG Casa de Caridade reconhecida como entidade de utilidade pública numa solenidade histórica para o município de Arapiraca. Pai Alex segue no que ele afirma ser sua missão de vida: defender a religião e ancestralidade, respeitando a todos e todas.

Prêmio Tia Marcelina

O prêmio foi criado em homenagem à Tia Marcelina, uma ex-escrava africana de Janga, Angola, descendente do Quilombo dos Palmares e de família real africana. Juntamente com Manoel Gelejú, Mestre Roque, Mestre Aurélio e outros, fundou os primeiros Xangôs do Brasil no bairro de Bebedouro, em Maceió.

Tia Marcelina morreu durante o “Quebra de Xangô”, episódio que perseguiu e torturou, em 1912, representantes das religiões de matrizes africanas.

O evento faz parte da programação da Semana Estadual de Direitos Humanos, promovida pela Semudh entre os dias 7 e 14 de dezembro, e acontecerá no Cine Arte Pajuçara, no dia 12 de dezembro, a partir das 19h.

Todos os direitos reservados
- 2009-2024 Press Comunicações S/S
Tel: (82) 3313-7566
[email protected]