O jovem brasileiro preso nos Estados Unidos sob suspeita de estuprar uma garota de 15 anos a bordo de um cruzeiro terá que responder ao processo na prisão.
A Justiça da Flórida negou ontem que ele fosse liberado mediante pagamento de fiança. O juiz Matthew Destry, do condado de Broward, justificou a negativa dizendo que seria muito fácil para o brasileiro fugir do país.
A adolescente, americana, relatou à polícia ter sido forçada a manter relações sexuais com Luiz Antonio Scavone Neto, 20, e com outro brasileiro de 15 anos, dentro de uma cabine do navio Allure of the Seas, o maior transatlântico do mundo.
A defesa e a família dos brasileiros afirmam inocência e dizem que a relação sexual foi consensual.
Na audiência de ontem, em Fort Lauderdale, o juiz ouviu os argumentos do advogado de Scavone e do promotor encarregado do caso.
O advogado David Raben argumentou que o brasileiro, filho de um advogado e morador do Panamby (zona oeste de SP), poderia aguardar o julgamento em prisão domiciliar, com uma tornozeleira eletrônica, no imóvel da família em Miami.
Mas a Promotoria afirmou que, caso fosse liberado da prisão, Scavone poderia ser deportado imediatamente. Ele entrou no país com um passaporte italiano, já que tem dupla cidadania, e sua prisão violaria a isenção de visto.
Em sua decisão, o juiz Destry afirmou que mesmo sem passaporte não seria difícil para o brasileiro "pegar um barco e fugir para a América do Sul". Raben disse que vai apelar da decisão.
FESTA
Scavone e o adolescente estavam no navio da empresa Royal Caribbean que zarpou de Fort Lauderdale no Natal para um cruzeiro de nove dias por ilhas do Caribe.
Segundo o relato da garota à polícia, ela estava na boate do navio na última noite a bordo quando foi convidada pelo adolescente para uma festa em sua cabine.
Ela disse ter pensado que encontraria amigos, mas, quando os dois entraram na cabine, havia apenas o outro brasileiro dentro. Os dois não a deixaram sair e, segundo disse a polícia, forçaram relações sexuais com ela.
A garota relatou o caso a funcionários do navio ainda na madrugada do dia 3. A polícia local e o FBI (polícia federal americana) foram acionados e os dois acusados foram presos.
A garota prestou depoimento e foi submetida a exame clínico.
Segundo o tio do adolescente brasileiro, morador de Ponta Grossa (PR), a americana foi convidada a entrar na cabine, os dois fizeram sexo e ela foi embora. Ele afirma que Scavone também estava na cabine. Ele havia convidado outra garota, que logo foi embora.
"Eles foram para o quarto e transaram. Em nenhum momento teve persuasão. Depois, pressionada pela família, ela disse que foi estuprada", afirmou.
O advogado Raben diz que se cliente "vai se declarar inocente quando for formalmente acusado".
CHANCE
Após a prisão, Scavone foi levado ao tribunal local, que reteve seu passaporte e determinou que, caso fosse liberado da prisão, não poderia deixar a região antes do julgamento.
Na ocasião, o juiz John Hurley já havia demonstrado temer uma fuga caso o brasileiro fosse solto. "Este tribunal tem percebido nos últimos dois ou três meses que brasileiros têm muito pouca chance de serem trazidos de volta para os Estados Unidos", afirmou.
Uma segunda audiência foi marcada para o dia 10 e depois adiada para esta sexta.
O adolescente, segundo a polícia, prestou depoimento após ser preso e foi levado a um centro para jovens infratores. Por ser menor, a Justiça americana não divulga o andamento de seu caso.
Fonte: Folha.com