Por Dora Nunes, de Milão, Itália
2021 marca o 700° aniversário de morte do poeta Dante Alighieri, autor da mundialmente conhecida “Divina Comédia”. Vinte e cinco de março foi instituído como o Dantedì - dia nacional dedicado ao culto e à memória de Dante. O artista, que nasceu em Florença em 1265, foi obrigado a deixar a cidade por questões políticas, exilando-se primeiro em Verona, e em seguida em Ravena, onde morreu de malária, na noite entre 13 e 14 de setembro de 1321, aos 56 anos de idade. O funeral do artista foi celebrado na Basílica de San Francesco e ao lado, erguida sua tumba, cujos arredores são conhecidos até a atualidade como “Zona Dantesca”.
Em toda Itália um intenso calendário de eventos presta homenagem ao símbolo universal da cultura do país. Na Catedral de Milão, de 7 de abril a 15 de julho, será realizado o “Dante in Duomo”, espetáculos que apresentarão “100 Canções em 100 Dias”, ou seja, a leitura completa da Divina Comédia. Sob a direção artística de Massimiliano Finazzer Flory, com a colaboração dos músicos do Teatro alla Scala e dos alunos do Piccolo Teatro di Milano, será encenada diariamente a leitura de um Canto de Dante. As exibições seguem as restrições impostas pela emergência sanitária. A entrada é gratuita, com reserva obrigatória.
A vida do poeta Dante Alighieri foi marcada por intenso ativismo político e também muita produção artística. Casado com Gemma, com quem teve 4 filhos, foi o amor intenso por Beatrice, morta em 1290, que o jogou em uma profunda crise existencial da qual se recuperou dedicando-se à teologia e à poesia. No poema “A Divina Comédia”, Dante descreve uma viagem feita por sua alma por um itinerário dividido em três estágios bastante simbólicos: O Inferno, O Purgatório e O Paraíso. A viagem dura 3 dias e começa na Sexta-Feira Santa do ano 1300 que no calendário então utilizado era precisamente o dia 25 de março. O Poeta volta à vida terrena na Páscoa, consciente de novas perspectivas diante da sua existência.
Considerada a obra-prima de Dante Alighieri, a Divina Comédia ainda é compreendida muitos séculos depois, tornando-se protagonista da cultura pop e inspiraração para várias obras literárias, gráficas e até filmes. A obra consiste em 14.233 versos hendecassílabos (com 11 métricas) e está subdividida em 100 cantos, agrupados em 3 cantigas: 34 cantos compõem o Inferno, que tem mais um prefácio, 33 para o Purgatório e 33 para o Paraíso. A cronologia histórica considera, aproximadamente, o Inferno sendo iniciado por volta de 1306-1307, o Purgatório concluído antes de 1316 e o Paraíso estendido entre 1316 e 1321.
Por meio das 3 passagens, Dante fará a jornada que o levará do conhecimento do mal à aquisição do Bem Supremo, que é a visão de Deus. A obra descreve a longa jornada simbólica feita pelo artista aos trinta e cinco anos, em um mundo imaginário baseado na concepção cristã da vida após a morte da sua época. Durante o trajeto, o escritor encontra muitas figuras históricas e as suas idéias sobre a situação política contemporânea e a evolução do seu estilo e poética emergem.
No INFERNO, o protagonista passará pela visão das almas dos condenados, fortemente perturbadas por seus sofrimentos. As faltas são distribuídas nos nove círculos proporcionais à sua gravidade e são punidas pontualmente de acordo com a lei da retaliação.
No PURGATÓRIO, os dois poetas, Dante e Vírgilio, continuam sua jornada e sobem em direção à montanha do Purgatório: aqui as almas pecadoras podem expiar seus pecados. Somente no final desta expiação eles serão capazes de ascender ao céu.
No PARAÍSO, na parte final do Purgatório, Virgílio é substituído por Beatrice, que a partir daí, conduzirá Dante, que continua sua jornada de purificação chegando ao Paraíso, onde encontrará as almas que podem desfrutar da paz eterna.
Fonte: Painel Alagoas