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13/09/2025 às 13h30

Geral

Estudantes são selecionadas para o Programa Caminhos Amefricanos

Laila, Laís Emilia, Sayonara vão fazer intercâmbio na Universidade Agostinho Neto em Angola

Assessoria

Três estudantes da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) foram aprovadas no edital da segunda edição do programa Caminhos Amefricanos, desenvolvido pelo Ministério da Igualdade Racial, com apoio do Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Ministério da Educação (MEC), para estimular o "intercâmbio de informações sobre atividades, normativas e programas que atuem no combate à discriminação e na promoção da igualdade racial em países da América Latina, África e Caribe."

São elas: Laila Talita Ferreira da Silva, estudante de História e bolsista do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (Neabi), que ficou em terceiro lugar, numa seleção de 50 aprovados; Lais Emilia Santos da Silva, estudante de Filosofia e integrante do Grupo de Estudos sobre Educação Antirracista (Gear); e Sayonara Mendes Malta, estudante de Pedagogia do Campus do Sertão, do Programa Institucional de Fomento e Indução da Formação Inicial e Continuada de Professores com Ênfase na Educação Integral (Prilei). Elas vão fazer o intercâmbio na Universidade Agostinho Neto, em Luanda, capital da Angola.

História

O terceiro lugar de Laila Silva numa seleção tão concorrida foi recebido com entusiasmo pela estudante e pelos integrantes do Núcleo de Estudos Afrobrasileiros e Indígenas (Neabi). O coordenador do Núcleo, professor Danilo Marques, relatou que a estudante de História, do Campus A. C. Simões, foi bolsista do Neabi durante três anos e participou de um processo de formação, ao longo da graduação, com a perspectiva antirracista. "Ela alçou, portanto, essa conquista de ser contemplada em um edital extremamente concorrido," destacou o professor.

Para Laila, será a primeira viagem internacional. "É uma emoção que me atravessa de muitas formas, a colocação é resultado de muito esforço e dedicação de todos os anos de graduação e de participação no Neabi, que é o grupo responsável por nortear e me permitir experienciar coisas incríveis. É realmente muito emocionante e gratificante perceber que é possível e que tudo aquilo que estudo na teoria pude vivenciar na prática da maneira mais linda possível", celebra a estudante

O Projeto de Laila tem como tema As influências pan-africanas no pensamento de Lélia Gonzalez, e foi orientado pelo professor Danilo. O trabalho busca compreender o processo de instituição das ações afirmativas e as contribuições para a inserção da mulher negra na educação superior e como outras mulheres negras contribuíram para esta conquista. "Entre os objetivos, queremos pesquisar sobre os grupos ligados ao movimento negro dentro da própria Ufal, dando visibilidade as lideranças negras femininas", informa a estudante.

Filosofia

O Grupo de Estudos sobre Educação Antirracista (Gear), coordenado pela professora Juliele Maria Sievers, do curso de Filosofia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), publicou a informação, bastante comemorada, da aprovação da estudante Laís. "Entre centenas de inscritos em todo o Brasil, Laís está entre os 50 estudantes aprovados", comemoraram os integrantes do grupo.

A proposta de pesquisa de Laís tem como objetivo articular o ensino de Filosofia com o ativismo antirracista. A professora Juliele Sievers, que orienta Laís Emilia na pesquisa, está muito orgulhosa com a conquista da estudante. "A dedicação da Laís ao estudo e pesquisa está alinhada com seu engajamento e comprometimento com o antirracismo. É um orgulho para mim e para todo o Gear vê-la representando o grupo", declarou Juliele.

Laís ressalta que a iniciativa da professora Juliele Sievers foi de extrema importância dentro do curso de Filosofia. "Sempre ouvi que a Filosofia não deveria se ocupar de assuntos 'subjetivos' como o racismo, mas foi ela quem mostrou que não apenas deve, como é urgente abrir espaço para esse debate. Graças a essa abertura, pessoas como eu e tantas outras puderam se reconhecer, se fortalecer e se sentir acolhidas para tratar justamente dos temas que ninguém quer falar", declarou a estudante.

Laís enfatiza como foi importante contar com suporte e acolhimento. "Não só da coordenadora do grupo, que também é minha orientadora de TCC, mas também dos amigos, da família e da ancestralidade que manteve meus passos firmes e, sobretudo, não deixou que a minha escrita falhasse. Mesmo quando minha pesquisa e minha escrevivência foram deslegitimadas como não filosóficas, resisti e mostrei que sim, há caminhos legítimos para falar sobre negritude e feminismo negro a partir da Filosofia. O racismo é ontológico. O assunto é urgente", declara a estudante.

O intercâmbio também vai proporcionar a primeira viagem internacional de Laís. "E justamente para o continente africano, terra sagrada, onde a ancestralidade fez e faz morada, mas que aqui no Brasil tantas vezes tentam me negar, como se fosse possível apagar o passado ou silenciar um conceito que atravessa, interfere e constitui a minha vida. E não há área melhor do que a Filosofia para pensar criticamente um conceito que há séculos atravessa e impacta vidas", conclui a estudante.

Pedagogia

Da mesma forma, a comunidade do Campus do Sertão recebeu com muita alegria a aprovação da estudante do curso de Pedagogia, Sayonara Mendes Malta. "Uma conquista que fortalece a internacionalização e o protagonismo acadêmico de nossos estudantes", comemorou a gestão, incluindo a conquista no marco da comemoração dos 15 anos do campus sediado na cidade sertaneja, Delmiro Gouveia.

A proposta de pesquisa que garantiu a aprovação da Sayonara Malta tem como título Elo-Afro: Jogos de Tabuleiro e da Memória como Recurso no Processo de Alfabetização e Letramento. "Estive em Brasília em dezembro de 2024, no Ministério da Educação, e apresentei o projeto de pesquisa", conta a estudante do Campus do Sertão.

Sayonara enfatiza que o Programa Institucional de Fomento e Indução da Formação Inicial e Continuada de Professores com Ênfase na Educação Integral (Prilei) foi decisivo para que ela tivesse acesso ao Ensino Superior. "Sou mulher negra, capoeirista, fazedora da cultura popular e ingressei no ensino superior através deste programa que visa a qualificação dos professores", relata a educadora e estudante.

Os professores Lílian Kelly Figueiredo Voss e Fernando Silvio Cavalcante Pimentel são os orientadores da Sayonara nesta pesquisa que destaca as culturas afro-brasileira e afro-indígena como ferramentas de aprendizagem na educação, combinando o conhecimento ancestral com a utilização de tecnologias digitais acessíveis.

A professora Lilian Voss destaca a determinação da estudante. "Sayonara é uma mulher que tem objetivos bem delineados e sabe buscá-los. Enfrenta todos os desafios impostos a ela. O sertão ganha uma mulher visionária, sonhadora e que sabe se doar para ajudar ao próximo. Desejo que ela desbrave o que o mundo tem a oferecer e que chegue com uma bagagem ímpar para compartilhar com seus quatro filhos, seu esposo e com o povo sertanejo. Será uma exímia profissional. Tenho um profundo orgulho de poder partilhar a vida com ela", celebra a professora Lílian Voss.

O professor Fernando Pimentel também sinaliza o quanto a aprovação da aluna sertaneja no intercâmbio internacional representa para o curso de Pedagogia do Campus do Sertão. "Pois evidencia a qualidade da formação oferecida e a capacidade dos alunos e alunas de se destacarem em seleções de alto nível e grande concorrência. Essa conquista fortalece a visibilidade do curso no cenário nacional e internacional, reafirmando o compromisso da universidade com a promoção de experiências acadêmicas que dialogam com a diversidade cultural, a inclusão e a valorização das identidades afro-diaspóricas na educação", declara o professor.

Fernando ressalta que a presença da aluna nesse intercâmbio contribui para consolidar parcerias e abrir caminhos para futuras cooperações institucionais. "Reafirma o papel da universidade como espaço que fomenta trajetórias de transformação social, pautadas pela valorização da diversidade e pelo compromisso com a equidade. A aprovação ganha ainda mais relevância, considerando que seu curso é realizado com 40% na modalidade EaD, o que evidencia a qualidade e a solidez da formação híbrida oferecida pela Ufal", defende o professor.

Que venham mais oportunidades

Para o coordenador do Neabi, essas três mulheres negras, selecionadas para o intercâmbio em Angola, vão vivenciar uma experiência que tem raízes profundas. "É um dos países dos povos Bantu, que foram os primeiros africanos que chegaram ao Brasil e que tem uma relação muito próxima com Alagoas, com as culturas afro-alagoanas, com a história de Palmares", ressalta Danilo.

O historiador que está finalizando a digitalização do acervo de mais de 40 anos do Neabi, ressalta as ações que podem surgir deste intercâmbio. "Sem sombra de dúvida, vai ser uma experiência incrível para essas estudantes e também para a Ufal, que, historicamente, a partir do Neabi, tem essa relação com o continente africano. E que venham mais edições desse projeto importante", comemora Danilo Marques.

Confira aqui o resultado da seleção. 


Fonte: Ascom Ufal

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