01 de novembro de 2025
min. 23º máx. 32º Maceió
chuva rápida
Agora no Painel Em atos, movimento negro pede investigação independente de ação no Rio
01/11/2025 às 11h00

Geral

Persistência e propósito: servidoras públicas encantam escolas municipais com superação e contação de história

Trajetórias de duas professoras mostram como paixão, persistência e criatividade podem transformar a educação

Professora encanta alunos com contação de histórias. - Cortesia

O serviço público na educação municipal é repleto de histórias inspiradoras, desafios enfrentados e superações pessoais. Cada professor ou funcionário público carrega experiências únicas, como a carreira de duas professoras, servidoras da rede pública municipal de ensino, que demonstram que dedicação, perseverança e originalidade são capazes de dar um novo sentido à educação.

A professora que encanta as escolas públicas de Maceió com suas histórias e fantasias tem nome, endereço e personagem: “Aninha”, a boneca contadora de histórias, interpretada pela também atriz Meire Deise, que simboliza a essência e a força da educação pública. Com criatividade e paixão, Meire transforma as histórias em um palco de imaginação, mostrando que ensinar também é um ato de arte e afeto.

Contadora de histórias, ela encanta os alunos no papel da boneca, levando magia, alegria e aprendizado a crianças de todas as idades. Nos primeiros passos, ainda na época do estágio, Meire buscava inovar no ensino da arte. “Quando comecei, observei um ensino da arte um pouco arcaico. Eu queria dar uma modificada, mostrar que a arte tinha outras maneiras de falar, de incentivar, de fazer os alunos gostarem de aprender”, explica.

A personagem criada pela professora e atriz nasceu de uma necessidade da própria rede de ensino. “A boneca surgiu de uma demanda da biblioteca, que na época tinha parceria com o setor de Arte e Cultura e surgiu a necessidade de um personagem que incentivasse a leitura e contasse histórias.

A partir dessa necessidade, Meire recorreu à formação como atriz para dar vida a um novo personagem. “Dentro da minha experiência na universidade, criei a boneca durante uma aula de teatro-laboratório com a professora Sheila Maluf. Depois, trouxe a personagem para a rede municipal de Maceió, e ela foi um sucesso”, conta.

A estreia aconteceu no Pontal da Barra, em uma escola que marcou o início de uma trajetória de encantamento. Desde então, a “boneca” passou a circular por feiras, eventos e espaços culturais, como o Maceió Shopping e o ônibus de leitura, ganhando cada vez mais destaque e novos públicos.

Meire explica que a escolha de ser uma boneca não foi por acaso. “A boneca é um brinquedo que qualquer criança pode ter. É feita de pano, simples, acessível. Ela pertence ao imaginário infantil e pode entrar em qualquer história”, afirma.

Prima da Emília

Afetuosa e irreverente, a boneca Aninha é, nas palavras de Meire, “prima da Emília”, por sua espontaneidade e por falar um monte de asneiras com a torneira aberta. Mais do que uma personagem, Aninha tornou-se um símbolo da força criativa da escola pública, levando histórias, sonhos e imaginação para crianças de todas as idades.

Meire também participou da criação da Biblioteca Móvel, que é um ônibus-biblioteca itinerante que leva acervo literário, contação de história e estímulo à leitura para escolas da rede pública municipal e para diversos outros espaços como presença em eventos da Prefeitura de Maceió, por exemplo.

Sua experiência como atriz contribuiu para criar personagens cativantes e despertar o interesse das crianças. “A contação de histórias abre portas incríveis e oferece estratégias imensuráveis para ensinar e promover a aprendizagem”, frisa.

Atualmente, Meire atua no Parque Biblioteca, onde se propôs a fazer parte desse projeto pioneiro. Ser servidora pública e professora, para ela, é um desafio nos dias de hoje. Ela explica que o maior obstáculo está na relação com as famílias e na forma como parte da sociedade passou a enxergar o professor.

“Nós enfrentamos um desafio muito grande com relação aos pais, ao tratamento dos pais com os professores. Enfrentamos uma sociedade que perdeu um pouco dessa paixão e desse respeito pela figura do professor em sala de aula”, afirma.

Diante desse cenário, Meire conta que os educadores precisaram se reinventar. Mesmo diante das dificuldades, ela acredita que o amor pela profissão é o que sustenta a caminhada. “O que não podemos nunca deixar é essa centelha da paixão pela educação, pelo ensinar a morrer”, destaca.

Para Meire, ser professora e servidora pública é também um ato de resistência. “Eu não deixo a sociedade me apagar. Vou me renovando, me resguardando da melhor maneira possível como profissional e enfrentando esses novos desafios.”, afirma.

Por acreditar na educação, a intérprete da boneca Aninha fez uma reflexão. “Se eu desistir, o que vai ser do amanhã? Não tem perspectiva de um país sem professor. Não tem futuro”, assegura.

Superação

A professora do Centro Municipal de Educação Infantil (CMEI) Herbert de Souza, Débora Angélica Silva do Espírito Santo, que atualmente se encontra em reabilitação, devido à grave fratura que comprometeu movimentos do seu braço, se dedica há mais de 18 anos à educação pública. Apesar das dificuldades, a professora se reinventou e segue inspirando seus alunos com sua dedicação e amor pelo ensino.

Enquanto Débora lida com os desafios da recuperação, Meire Deise, professora e contadora de histórias, encanta os alunos da rede municipal com sua criatividade e arte. Desde os primeiros passos na educação, Meire buscou inovar no ensino, aproximando os alunos da aprendizagem de forma lúdica e apaixonante. Com histórias e fantasias, ela mostra que a educação vai muito além do conteúdo.

Dedicada e comprometida com sua rotina como educadora, Débora Angélica, afirma sentir orgulho de ser concursada e servidora pública. “Sou plenamente consciente dos desafios que enfrentamos, mas qualquer outro lugar, em qualquer outra instituição, também tem suas dificuldades, às vezes ainda maiores. Ainda assim, há uma fila de pessoas esperando para ocupar o meu lugar, o nosso lugar. Os desafios sempre existirão. Sinto orgulho de ser concursada e ser servidora pública”, ressalta.

Débora ingressou na rede em 2008 motivada pela vocação. “Costumo dizer que sou educadora de corpo e alma. Independente dos desafios que existem no caminho, me realizo e me reinvento sempre”, destaca.

Para ela, o serviço público oferece estabilidade e segurança que o setor privado não proporciona. “Estou no lugar que estudei e batalhei para estar, lugar desejado por muitos e ocupado por poucos. Sou consciente de todos os desafios enfrentados pelo poder e pelas políticas públicas, mas faço meu papel, cumpro minhas atribuições e tento fazer a diferença na vida de cada criança”, complementa.

A vida de Débora mudou drasticamente em novembro do ano passado, quando a educadora sofreu o acidente doméstico, que resultou em uma fratura grave, exigindo duas cirurgias e fisioterapia contínua. “Minha vida deu um 360°. Senti-me arrancada da sala de aula. Saí numa sexta e não pude voltar na segunda. Nunca tinha me afastado, nem de atestado. Lidar com trâmites burocráticos foi e continua sendo desafiador”, relata.

Débora se encontra na sala de leitura, onde auxilia nas formações de professores junto às coordenações, com realizações de pesquisas e vivências com as crianças com o apoio dos demais professores, relacionadas aos elementos da natureza, materiais não estruturados e experimentos.

Para a professora não existe a palavra desistir. “Desistir? Jamais! A Educação me faz ter brilho nos olhos, sou encantada com cada avanço da criança, a qual tento afetar cada uma delas de alguma forma. Essa é uma palavra, que seria uma opção para muitos, mas pra mim, jamais”, revela.

Mesmo diante das dificuldades, Débora mantém a esperança. “Fé no Criador, Ele nos faz seguir. Esperança e bom ânimo devem ser palavras de ordem. Fazer por onde, lutar e não desistir. O melhor sempre chega na hora certa. Aprendi que o futuro é o agora, vivo um dia de cada vez”, conclui.

Para as duas educadoras a educação é uma missão que exige dedicação e coragem. Débora reflete sobre sua experiência pessoal. Meire, por sua vez, reforça a importância de transformar a educação movida pela paixão, sonhos e imaginação.

Histórias como essas demonstram que ser professora e servidora pública vai além da sala de aula, como resgatar o imaginário das crianças e encontrar forças para continuar servindo mesmo nos momentos mais difíceis.


Fonte: Ascom Semed

Todos os direitos reservados
- 2009-2025 Press Comunicações S/S
[email protected]