Seis escolas estaduais participaram do lançamento da Coleção Sinpete - Ciência na Escola para o Desenvolvimento Sustentável na terça-feira (4) durante a 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas, no Centro de Convenções, em Maceió. A coleção reúne 30 livros produzidos por mais de 100 autores, entre estudantes e professores da Educação Básica que foram premiados na edição 2024 da Semana Institucional de Pesquisa, Tecnologia e Inovação na Educação Básica (Sinpete) da Universidade Federal Alagoas (Ufal), um dos mais importantes eventos de iniciação científica do estado.
Na terça-feira, foram lançadas as séries 1 e 2 da coleção que reúnem projetos que abordam “Educação, Inclusão e Inovação Didática” (Série1) e “Sustentabilidade, Reutilização e Produtos Naturais” (Série 2). Já na sexta-feira (7) haverá o lançamento da Série 3 com projetos voltados à tecnologia.
Participaram das séries 1 e 2 as escolas estaduais Rosalvo Lobo (Maceió), Benedita de Castro Lima (Maceió), Tavares Bastos (Maceió), Graciliano Ramos (Palmeira dos Índios), João Francisco Soares (Olho d’Água do Casado) e Anália Tenório (Olho d’Água Grande). Já na Série 3 estará presente a Escola Estadual Dr Rodriguez de Melo (Maceió). No decorrer deste ano, os titulares dos projetos premiados receberam mentoria da Sinpete para a elaboração dos livros.
Prestigiando as escolas de sua regional, a titular da 1ª Gerência Especial de Educação (GEE), Ana Cláudia da Silva, falou da importância do incentivo à ciência na escola. “Ficamos muito felizes com o resultado. Temos uma produção científica intensa em nossas escolas e, em breve, veremos mais projetos brilhando no Encontro Estudantil da Rede Estadual no final deste mês”, adiantou.
Representando os professores orientadores de projetos na cerimônia de abertura, a professora Carolina Rangel, da Escola Estadual Tavares Bastos, de Maceió, lembrou que a Sinpete é uma oportunidade para que a Educação Básica e o Ensino Superior fortaleçam seus laços de cooperação.
“É muito bom estarmos aqui e termos a chance de mostrar a qualidade da ciência produzida nas escolas da Educação Básica, em especial as públicas”, disse.
Reconhecimento
Um dos projetos transformados em livro foi o “Barbatimed – produção de uma membrana cicatrizante à base da casca da mandioca e da casca do barbatimão”, desenvolvido por estudantes da Escola Estadual Professor Rosalvo Lobo. “Estou muito contente com o resultado. É indescritível poder segurar nas mãos um livro que nasceu de tanto esforço. É algo singular e muito importante”, contou Hadassa Soares, de 18 anos, aluna da 3ª série do ensino médio.
Da mesma escola, a estudante Kelly Allen Castro, também da 3ª série do ensino médio, apresentou o projeto “Biobijus”, que transforma cascas de ovos em bijuterias sustentáveis. “A casca do ovo, por causa do cálcio, prejudica o solo. Então, nós transformamos esse resíduo em joias, promovendo o empreendedorismo feminino e o ecoempreendedorismo. É incrível poder ver esse projeto publicado e aprender com a experiência da Bienal”, relatou.
A professora Tatiane Lima, coordenadora e orientadora dos projetos da Escola Rosalvo Lobo, destacou o envolvimento dos estudantes. “O engajamento foi total. Passamos o ano inteiro pesquisando, e a Sinpete é a culminância desse trabalho. Ver os alunos produzindo artigos e livros ainda no ensino médio é gratificante e agrega muito à vida acadêmica deles”, afirmou.
Ao todo, a Escola Estadual Rosalvo Lobo teve três projetos incluídos na Coleção Sinpete.
Identidade
Já a Escola Estadual Anália Tenório, de Olho d’Água Grande, teve dois projetos transformados em livros.
Para o professor José Winicios Santos, a publicação dos dois livros foi a concretização de um sonho. “O processo de escrita dos livros nos proporcionou trabalhar dois temas importantes: a valorização da figura feminina e da cultura afro, em especial a da comunidade quilombola Mumbaça. Nossos alunos mergulharam no mundo da ciência, fizeram entrevistas. Foi um trabalho árduo e ver todo o esforço desses oito estudantes ser convertido em um livro é uma alegria imensurável”, revelou o educador
A estudante Maria Clara Evangelista, de 17 anos, destacou que participar do projeto foi uma experiência transformadora. “Escrever sobre essa cultura foi encantador. O contato com a comunidade nos trouxe um olhar mais crítico sobre a sociedade e sobre a importância do respeito às diversas culturas. Ver o livro pronto é algo indescritível”, declarou.
Orgulho
Outra escola duplamente contemplada na coleção foi a Escola Estadual Graciliano Ramos, de Palmeira dos Índios.
O professor Anderson Gomes orientou o projeto “Caixa de Jogos na Perspectiva da Educação Inclusiva”. “Criamos uma caixa feita de papelão com jogos educativos voltados à inclusão. Esse projeto é muito importante porque mostra que as ações de transformação começam dentro da escola”, explicou.
Para a estudante Zemilly Vital, uma das envolvidas no projeto, a publicação do livro teve um sabor especial: sua mãe Zarani fez questão de vir à capital prestigiar a conquista da filha. “Ver o esforço dela a cada dia, dando o melhor de si e hoje estar aqui na Bienal fazendo parte deste projeto é um orgulho para mim”, disse a mãe. “Ter a minha mãe ao meu lado, apoiando meus projetos, é um privilégio. E ver nosso livro ser publicado após todo nosso esforço, toda nossa pesquisa, é gratificante”, complementou Zemilly.
Mentoria
A professora Maria Ester Barros, da Ufal, coordenou o laboratório de mentoria em 2025 e explicou como o processo aproximou a universidade das escolas. “A mentoria durou três meses, com encontros coletivos e individuais. Cada projeto teve um professor mentor que acompanhou de perto a escrita dos livros. Essa conexão entre universidade e escola é essencial, porque mostra aos alunos que eles têm um caminho bonito a trilhar também dentro da universidade”, refletiu.
Com apoio da Ufal, Capes, CNPq, Edufal e Proext-PO, o projeto reafirma a importância da integração entre universidade e educação básica para o fortalecimento da pesquisa escolar. “A equipe da Bienal nos deu todo o suporte para esse lançamento. Foi um trabalho coletivo, feito com muita dedicação, e o resultado é um retrato do potencial da rede pública de Alagoas”, concluiu a professora Maria Ester Barros.
Segundo Nicole de Oliveira, aluna da Escola Estadual Benedita de Castro Lima, a mentoria foi uma experiência que levará para toda a vida. “Crescemos muito enquanto pessoas e, principalmente, como cientistas. Ter feito parte desta mentoria fará uma grande diferença em nosso futuro”, avaliou a jovem.
Projetos
Dez projetos de escolas estaduais premiados na Sinpete 2024 integram a coleção. São eles:
“Produção de biofertilizantes a partir de microorganismos eficientes coletados na caatinga” – Escola Estadual João Francisco Soares - Olho d’Água do Casado;
“Povos Quilombolas Alagoanos: Desafios para a valorização e reconhecimento da sua cultura” e “Mulheres em Alagoas: Desafios para a Valorização da Figura Feminina na Formação Cultural” - Escola Estadual Anália Tenório - Olho d’Água Grande;
“M.E.T.A- Mudança Estudantil Tavares Acessível” – Escola Estadual Tavares Bastos – Maceió;
“Projeto Desvendando o Céu da Lagoa” – Escola Estadual Dr. Rodriguez de Melo - Maceió;
“Caixa de Jogos em Contexto de Aprendizagens Criativas” – Escola Estadual Graciliano Ramos – Palmeira dos Índios;
“Barbatimed: Produção de Membrana Biodegradável a partir do Amido da Casca de Mandioca (Manihot Esculenta Crantz) utilizando Extrato do Barbatimão (Stryphnodendron Barbatiman) como Alternativa Ecológica para Curativos” – Escola Estadual Professor Rosalvo Lobo - Maceió;
“Biobijus: Produção de Bijuterias a partir da Casca do Ovo” - Escola Estadual Professor Rosalvo Lobo – Maceió;
“Pomada Dermaliv” - Escola Estadual Graciliano Ramos – Palmeira dos Índios;
“Canacraft: Papel Biodegradável a partir do Bagaço de Cana-de-Açúcar”- Escola Estadual Professora Benedita de Castro Lima – Maceió;
“Emma Coque: Madeira Compensada Sustentável utilizando Resíduos do Coqueiro” – Escola Estadual Professor Rosalvo Lobo – Maceió.
Fonte: Ascom Seduc