Foto: Ascom Seduc
Banhado pelo Rio Mundaú, o município de Rio Largo foi um dos mais afetados pelas enchentes que afetaram o estado de Alagoas nos últimos quinze anos. Para entender como as cheias impactaram geograficamente e socialmente o município, estudantes da Escola Estadual Francisco Leão lançaram o livro “Caminhos da Iniciação Científica: Jovens Pesquisadores e a Realidade Socioambiental de Rio Largo, Alagoas”. A obra é resultado das pesquisas desenvolvidas no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Jr. (Pibic Jr.), com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal). O lançamento oficial ocorreu na última sexta-feira (06), no estande da Editora Performance, na 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas.
O livro nasceu do projeto “Cadê as Casas que Estavam Aqui? O Rio Levou!”, que articula ensino de Geografia, pesquisa científica e leitura crítica do território, reunindo estudos sobre a realidade socioambiental de Rio Largo, com foco nas enchentes e inundações que historicamente atingem o município. Com orientação de professores e apoio institucional, os estudantes mapearam áreas vulneráveis, resgataram relatos de moradores que perderam casas e pertences, reconstruíram cronologias de cheias passadas e analisaram documentos e arquivos jornalísticos.
Ciência na escola
Responsável pelo projeto, o professor Cícero Bezerra, gestor da escola e coordenador do Pibic Jr., destacou que a iniciativa rompe uma barreira histórica: “Por muito tempo, a ciência foi pensada apenas dentro da universidade. Hoje, nossos alunos produzem ciência na escola. Essa produção virou livro e vai inspirar novas propostas em Rio Largo”, afirmou
O professor explicou que o projeto começou com dez bolsistas do ensino médio, mas rapidamente mobilizou a escola inteira. Os estudantes realizaram entrevistas com moradores afetados pelas enchentes, visitaram áreas de risco, analisaram dados e até produziram mapas temáticos do território estudado.
Durante o lançamento, Cícero fez questão de agradecer às instituições que tornaram o projeto possível: “A Fapeal acreditou no potencial dos nossos alunos e financiou o projeto. A Secretaria de Estado da Educação foi parceira em todas as etapas e tem cuidado da nossa escola. Nada disso seria possível sem esse apoio.”
Mobilização
Um dos capítulos da obra foi escrito pelo estudante Igor Gabriel, ex-morador da Ilha Angelita, uma das regiões mais atingidas pelas cheias. Ele relata que a pesquisa impactou sua visão sobre o território: “Eu morei nessa área. Entrevistar moradores e autoridades me fez entender nossa história. E quando a gente aprende, não repete os erros do passado.” Para Igor, o processo foi mais do que uma atividade escolar: foi revisitar memórias, reconhecer traumas e transformá-los em conhecimento.
A gestora de Rede da 12ª Gerência Especial de Educação (GEE), Lucineide Miguel, acompanhou de perto o desenvolvimento do projeto e destacou que o lançamento na Bienal simboliza o avanço da ciência na Educação Básica: “Incentivar a pesquisa é essencial. Ver alunos do ensino médio produzindo conhecimento e ocupando um espaço como a Bienal é transformador. Isso fortalece o vínculo entre escola e comunidade.”
Acesso
Disponível gratuitamente para download no site da Editora Performance (https://editoraperformance.com/portifolio/), o livro será distribuído às escolas da rede estadual, principalmente as de Rio Largo. “Queremos que esse material chegue a todas as escolas. O acesso é gratuito, porque o conhecimento produzido com recurso público deve ser compartilhado,” reforçou o professor Cícero.
Fonte: Yasmin Henrique / Ascom Seduc