A Universidade Federal de Alagoas (Ufal) realizou, nesse domingo (9), na Sala Ipioca do Centro de Convenções de Maceió, a diplomação póstuma dos estudantes José Dalmo Lins, Gastone Beltrão e Manoel Lisboa, alagoanos perseguidos e assassinados pela Ditadura Militar (1964–1985).
O ato integrou a programação da 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas e marcou um gesto histórico de reparação simbólica e justiça de memória, reafirmando o papel das universidades públicas na defesa da liberdade, da verdade e dos direitos humanos.
Representando o governador Paulo Dantas, o vice-governador Ronaldo Lessa participou da solenidade ao lado de familiares, amigos e contemporâneos dos homenageados.
Receberam os diplomas em nome dos estudantes:
- Ari Nunes da Silva, representando José Dalmo Lins, com discurso de Amália Eunizze dos Anjos Lins;
- Thomaz Dourado de Carvalho Beltrão, Moacyra Beltrão Soares e Ana Tereza Beltrão Barros, representando Gastone Beltrão, com fala de Thomaz Beltrão;
- Iracilda Maria de Moura Lima, representando Manoel Lisboa, também responsável pelo discurso em homenagem ao ex-aluno.
Durante a cerimônia, o reitor Josealdo Tonholo destacou o caráter histórico do ato e afirmou que a diplomação representa uma reparação necessária.
Em seu pronunciamento, Ronaldo Lessa relembrou o período em que foi preso político, ainda estudante de Engenharia, ao transportar colegas que colavam nas paredes e nos postes as denúncias de tortura cometidas contra presos políticos em Alagoas. O processo foi anulado porque a testemunha não o reconheceu — ele era o motorista do carro e não chegou a descer durante a ação.
A experiência o marcou profundamente e despertou o desejo de compreender as razões da repressão, levando-o à vida pública. Após a morte do pai, precisou trabalhar muito cedo para sustentar a família. No Rio de Janeiro, participou da construção da Ponte Rio–Niterói e presidiu o Sindicato dos Engenheiros, antes de retornar a Alagoas decidido a contribuir com a reconstrução democrática do país.
Desde então, construiu uma trajetória pública marcada pela defesa da democracia e do serviço ao povo. Foi deputado estadual, vereador, vice-prefeito, prefeito de Maceió, governador por duas vezes, deputado federal e atualmente exerce o cargo de vice-governador de Alagoas.
Como prefeito, criou no bairro da Pajuçara o Monumento contra a Tortura e a Ditadura, símbolo de resistência e dos direitos humanos, demolido anos depois.
À frente da Vice-Governadoria, implantou no site oficial o espaço “Memória, Verdade e Justiça de Alagoas”, dedicado à preservação de acervos, documentos e relatos sobre o período autoritário.
Idealizou o movimento “40 Anos de Redemocratização”, realizado em 2025, em alusão ao fim da Ditadura Militar, reunindo diferentes forças progressistas em defesa da liberdade e dos direitos humanos.
Com a diplomação póstuma, a Ufal reafirma o papel da universidade pública como guardiã da memória, da verdade e da dignidade humana, em sintonia com o esforço do Governo de Alagoas em valorizar a história, reparar injustiças e proteger a democracia.
Fonte: Alexandre Câmara / Ascom Vice-governadoria