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15/11/2025 às 14h45

Geral

Professores da rede estadual de Alagoas acertam tema da redação do Enem 2025 e inspiram estudantes

Prova teve como tema “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, abordando questões sobre o etarismo, a valorização dos idosos

Professoras abordaram tema do envelhecimento com seus alunos Ana Luiza Ambrozio

A redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2025 teve como tema “Perspectivas acerca do envelhecimento na sociedade brasileira”, abordando questões sobre o etarismo, a valorização dos idosos e o papel das novas gerações na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

O assunto, considerado atual e relevante, foi alvo de debates em diversas escolas da rede pública estadual de Alagoas ao longo do ano, e alguns professores tiveram a satisfação de perceber que suas práticas em sala de aula anteciparam o tema abordado na prova.

Entre os profissionais que se destacaram estão professores de diferentes regiões do estado, que, de forma criativa e interdisciplinar, trouxeram para o cotidiano escolar muitas reflexões sobre o envelhecimento, as relações entre gerações e o papel das políticas públicas na garantia de uma velhice digna.

Educação que nasce do cotidiano

Na Escola Estadual Padre Cabral, em Maceió, a professora Renatha Carvalho compartilhou a surpresa ao perceber que o tema escolhido pelo estava entre os assuntos discutidos com sua turma. Na véspera da prova, ela havia enviado vídeos sobre possíveis temas da redação, e um deles tratava justamente do etarismo e da valorização dos idosos. Para Renata, a abordagem foi natural: muitos de seus alunos foram criados pelos avós e reconhecem na figura deles um símbolo de cuidado e sabedoria.

“Eu sempre gosto de trabalhar com os alunos temáticas relacionadas a pessoas que, de certa forma, ficam à margem da sociedade. Já havia trabalhado não só essa temática como algumas outras, mas, nesse caso, o principal motivo foi o fato de vivermos em uma comunidade pequena, onde a maioria tem uma vivência marcada pela educação e pelo sacrifício dos avós.”, afirmou.

Ela acredita que a proximidade entre os conteúdos trabalhados e o cotidiano dos alunos torna o aprendizado mais significativo.

“Espero que todo mundo busque estar sempre atento, discutindo com os alunos temas que são importantes para a sociedade, vendo filmes e séries, porque tudo serve como repertório. Eles tiveram uma facilidade muito grande para utilizar o repertório, justamente porque a gente discute muito isso em sala”, finalizou.

Experiência e sensibilidade como aliados da prática docente

Na Escola Estadual Professor Édson dos Santos Bernardes, também na capital, o professor Álex Vitor Silva comemorou o acerto com entusiasmo. Com anos de experiência na área de Linguagens e já tendo atuado como corretor do Enem, ele explica que a sensibilidade para identificar temáticas possíveis é fruto da vivência em sala de aula e da observação dos debates contemporâneos.

Segundo Álex, o tema foi abordado nas revisões antes da prova, com foco na longevidade, nos desafios e nas conquistas relacionadas ao envelhecimento. O professor acredita que o acerto pode inspirar outros colegas e contribuir para o crescimento coletivo da rede.

“Como já atuei na correção da prova do Enem, trabalhei em minhas aulas com públicos-alvo e os públicos que já tinham sido abordados em edições passadas do Enem, e foquei nos que nunca tinham aparecido na prova antes. Um deles era o do idoso, tendo como perspectiva o fato de que o idoso é totalmente diferente do idoso de 20 anos atrás: ele é proativo, trabalha após a aposentadoria. Os alunos amaram o tema, pois tínhamos trabalhado o assunto ao longo ano e em um aulão, o que fez com que eles soubessem como melhor conduzir o texto”, avaliou.

Por fim, aos estudantes, deixou uma mensagem simples e direta: “Eles precisavam de empatia com os idosos, ou seja, colocar-se no lugar do idoso. Quem teve tal sensibilidade certamente se saiu bem”, contou.

Entre literatura, sociedade e empatia

Em outra unidade de Maceió, a Escola Estadual Doutor Fernandes Lima, as professoras Edlayne e Fátima também celebraram o acerto. Para Edlayne, o tema trouxe uma oportunidade de os estudantes construírem argumentos com mais confiança. “Fiquei muito satisfeita, em razão de ver que nossos estudantes terão a oportunidade de construir argumentos com repertórios culturais de maneira mais confiante”, contou.

Ela conta que o tema foi trabalhado de forma interdisciplinar. “Quando trabalhei nas Escolas Literárias, comentei sobre a fase conhecida como ‘Mal do Século’, do Romantismo. Discutimos sobre a expectativa de vida da época, as razões e como ela evoluiu ao longo dos anos. Falamos sobre como algo que deveria ser uma vitória - viver mais - causaria problemas sociais significativos se não houvesse políticas públicas nesse sentido”, explicou.

Edlayne também destacou que os debates envolveram o Estatuto do Idoso e as desigualdades entre classes sociais no envelhecimento. Ela conta que sempre buscou temáticas a partir do que está sendo discutido nas redes sociais e nos jornais, além de fazer paralelos com obras literárias, filmes, séries e temas sociais relevantes que pudessem fazer com que os alunos entendessem melhor o conteúdo.

A professora Fátima, também da Escola Doutor Fernandes Lima, compartilhou a alegria. “Fiquei muito feliz em ter trabalhado com as turmas de 3º ano, há cerca de um mês, a temática proposta na prova. Assim, provavelmente ficou mais fácil para o nosso aluno organizar as ideias e produzir seu texto”, contou.

Fátima já havia vivido situação semelhante em 2020, quando o Enem abordou o estigma das doenças mentais, outro tema que havia trabalhado previamente em sala. Para ela, esse tipo de coincidência é resultado do compromisso em abordar assuntos que representem a realidade social. “A possibilidade de acerto cresce à medida que se abordam, em sala, temas diversos que visibilizam as minorias sociais. Ser sensível a isso é essencial”, afirmou.

Além de orientar a produção textual, a professora destaca o processo coletivo que envolve leitura, troca e revisão. “Foram feitas leituras, discussões e produções - com correção individual e comentada - de textos referentes ao tema. Abordar essa temática é uma forma de conscientizar os alunos sobre a necessidade de inclusão social da pessoa idosa, que precisa de uma cultura de respeito e de oportunidades em todos os setores sociais”.

Ao encerrar, Fátima fez questão de reforçar a importância do envolvimento ativo dos estudantes no processo de aprendizagem. “Valorizem o trabalho do professor e participem das atividades. O conhecimento se constrói junto, com diálogo e dedicação”, destacou.

Estratégia e sensibilidade que formam aprendizados duradouros

Na Escola Estadual Professora Claudizete Lima Eleutério, em Rio Largo, o professor João Lira viu no acerto do tema uma confirmação da importância de associar estratégia e sensibilidade no ensino. Mesmo não sendo uma temática diretamente ligada à sua disciplina, ele abordou o envelhecimento de forma transversal, em aulas sobre ética e filosofia política.

“Primeiramente, me veio o entusiasmo por ter acertado uma temática dentre tantas que possuem tamanha urgência de debates na nossa sociedade”, contou. O professor explica que desenvolveu estratégias de afunilamento baseadas nas últimas edições do exame e na lógica utilizada pelo Inep para a escolha dos temas. “Depois veio a esperança de que meus alunos tenham aproveitado meus ensinamentos em sala de aula para fazerem uma boa redação".

O docente explica que decidiu incluir o tema nas aulas por reconhecer sua relevância crescente na sociedade e o espaço que vinha ocupando nos debates públicos. “Devido ao fato de ser um assunto que há tempos vem sendo debatido nas diversas mídias e relegado até então nas últimas edições do Enem, vi que seria oportuno tratar do tema com meus alunos e alunas".

Ao final, ele deixa uma mensagem aos estudantes que enfrentaram o desafio da redação. “Como antecipei na resposta anterior, nenhum estudo é um esforço perdido. Então, tanto para quem já tinha familiaridade com o tema quanto para quem não, o segredo de uma boa redação é o estudo, a persistência, os livros lidos, os rascunhos e aquelas pequenas vitórias de concluir textos de trinta linhas, que na maioria das vezes cremos não servirem”.

União de forças

Já em Viçosa, na Escola Estadual Monsenhor Machado, os professores Fabiana Laurindo de Língua Portuguesa; Elias dos Santos, de Matemática e Wedja Tenório, de Geografia uniram forças para a promoção de um aulão especialmente voltado para a Redação do Enem no último dia 07. Na ocasião, foram apresentados repertórios e estratégias de escrita com a abordagem de temas sociais possíveis. Quem foi ao aulão não se arrependeu, pois um dos temas abordados foi justamente o do envelhecimento.

“Propusemos um aulão leve, descontraído e, na ocasião, abordamos temas sociais e atuais que poderiam cair no Enem. Dentre eles, o do envelhecimento da população e a necessidade de inclusão e acessibilidade para os idosos, com estratégias para apresentação de propostas e estratégias de políticas públicas: o professor de matemática expôs estatísticas; a de Geografia, os problemas sociais; e eu, de Língua Portuguesa, trabalhei a parte de estrutura de texto e gramática. Quando vimos o tema, ficamos muito felizes, pois percebemos que, quem participou do aulão, desenvolveu o tema com tranquilidade”, observou Fabiana.

A estudante Maria Cláudia foi uma das que participou do aulão e destacou a importância dele para o desenvolvimento da redação. “Foi um aulão diferente, muito produtivo e que nos ajudou bastante, revisamos sobre estrutura textual, conectivos, assimilamos estatísticas e abordamos diversos problemas que afetam o idoso, desde à exclusão do mercado do trabalho ao abandono. Dessa forma, fomos para a prova com um repertório vasto que nos deixou à vontade na hora de elaborar o texto”, informou a jovem.

O Enem

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) é uma avaliação aplicada pelo Ministério da Educação (MEC), por meio do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), e tem como objetivo medir o desempenho escolar dos estudantes ao término da educação básica. A prova é uma das principais portas de entrada para o ensino superior no Brasil, sendo utilizada em programas como o Sisu, Prouni e Fies, além de ser aceita em instituições de ensino portuguesas que mantêm convênio com o Inep.

A aplicação do segundo dia de provas do Enem 2025 será neste domingo (16), com duração de cinco horas. Nessa etapa, os estudantes responderão a 90 questões de Matemática e Ciências da Natureza (Biologia, Química e Física).


Fonte: Agência Alagoas

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