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20/01/2025 às 11h20

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Você e as taxas


Muito se fala, se escreve, se discute, e até se briga, quando o assunto é taxa de juros; mas será que você, meu querido leitor, minha querida leitora, é capaz de utilizar esta informação para tomar melhores decisões financeiras? Se o assunto lhe interessa, acompanhe meu raciocínio, onde o exemplo prático que irei conduzir se refere ao IPTU, imposto municipal, cujos carnês na grande maioria das prefeituras pelo Brasil afora chega neste mês.

No caso das despesas em geral, sejam elas o pagamento de impostos ou a compra de produtos ou serviços, o primeiro passo é identificar se existe ou não a cobrança de juros. Em alguns casos esta cobrança vem explícita, isto é, o vendedor informa que para o pagamento a prazo, haverá acréscimo de juros. Entretanto nem sempre isso ocorre, sendo o mais comum os juros virem disfarçados, em ofertas do tipo “6 vezes sem juros”, mas que o olho mais treinado percebe o disfarce ao descobrir que, à vista, haverá desconto. A primeira regra básica, portanto, é: haverá cobrança de juros quando os preços à vista e a prazo forem diferentes.

O próximo passo será descobrir a taxa cobrada; recomendo que seja calculada em bases mensais, conforme indicado ao final do artigo por meio do site do Banco Central do Brasil. A segunda regra básica é comparar a taxa calculada com outros taxas praticadas no mercado.

Vejamos então um exemplo prático, adaptado ao caso específico de Maceió: pesquisando no site da prefeitura, descobri que você poderá quitar o IPTU em 10 parcelas mensais, mas, optando pela cota única (à vista, portanto!), receberá um desconto de 15% sobre a soma das 10 parcelas. Supondo que cada parcela seja de R$ 100, o valor parcelado será de R$ 1.000, e o valor à vista de R$ 850. Pela primeira regra constatamos que a prefeitura está cobrando R$ 150 de juros pelo parcelamento.

Fazendo os cálculos (confira no final do artigo!), concluo que a taxa cobrada é de 3,81% ao mês. Pela segunda regra, será este o valor para comparar com as oportunidades oferecidas no mercado. Há duas situações distintas, para as quais criarei mais duas regrinhas:

(1) Você tem o dinheiro para a cota única: terceira regra básica: opte pelo parcelamento caso consiga aplicar o valor à vista a taxas superiores à taxa cobrada. Em nosso exemplo, isto seria válido se você encontrasse aplicações financeiras que remunerassem acima dos 3,81% ao mês, o que na atual conjuntura do mercado acho impossível encontrar... a renda fixa tem remunerado a taxas de aproximadamente 1% ao mês, logo não faz sentido você aceitar o empréstimo da prefeitura a 3,81% mensais para deixar aplicado a 1%, não é mesmo? Conclusão: aproveite o desconto e liquide o imposto por cota única.

(2) Você não tem o dinheiro para a cota única: quarta regra básica: opte pelo parcelamento caso não consiga encontrar financiamentos a taxas inferiores à taxa cobrada pela prefeitura. Pesquisando no site do Banco Central do Brasil (Estatísticas, Taxas de Juros), constatei que nos empréstimos consignados, as taxas para empréstimo são bem mais atrativas do que as cobradas pela prefeitura. Por exemplo, para o funcionalismo público, o Banco do Brasil cobra 1,87% ao mês, bem mais em conta que os 3,81% da prefeitura. Conclusão: tome R$ 850 emprestados do banco e pague o IPTU à vista. A esta taxa, as parcelas do consignado nas mesmas condições e prazos estipulados pela prefeitura seriam de R$ 92,26.

À primeira vista, pode parecer que as decisões para o caso de Maceió sejam idênticas nos casos das demais prefeituras... Cuidado, pois quase nunca as simplificações são companheiras das boas decisões! Em São Paulo, por exemplo, a prefeitura dá um desconto de 3% pelo pagamento do imposto à vista ou parcela em até 10 vezes. Fazendo as contas, chegamos à taxa de 0,68% mensais, o que nos permite concluir, que pelo menos lá, a melhor decisão é utilizar o parcelamento da prefeitura, tendo ou não os recursos para a quitação do imposto em cota única.

Um grande abraço e até a próxima semana!

Observação: As simulações feitas neste artigo podem ser refeitas por meio da Calculadora do Cidadão, útil aplicativo disponível no site do Banco Central (https://www.bcb.gov.br/meubc/calculadoradocidadao). Para calcular a taxa de juros de sua prefeitura use a opção “Financiamento com prestações fixas”: como geralmente a primeira cota e a cota única vencem na mesma data, o “Número de meses” deverá ser a quantidade de parcelas diminuída de um (em Maceió ou São Paulo usei 9), o “Valor da prestação” será o valor da parcela do IPTU (usei R$ 100) e o “Valor financiado”, o valor à vista do imposto subtraído da primeira parcela (em Maceió usei R$ 750, em São Paulo R$ 870). Deixando o campo “Taxa de juros mensal” em branco, pressione “Calcular” para obter a taxa. 


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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