Mesmo concentrando uma população mais jovem do que a média nacional, o Nordeste vem envelhecendo em ritmo acelerado. Em 2022, a Região atingiu a marca de 47,9 idosos para 100 crianças de 0 a 14 anos – no Brasil, são 55,2. Entre 2010 a 2022, a idade mediana no Nordeste saltou de 27 para 33 anos, um aumento de seis anos. Os dados fazem parte do Boletim População Idosa, lançado nesta quarta-feira (1º) pela Sudene para marcar o Dia Nacional do Idoso. Esse estudo integra o Data Nordeste, plataforma de dados da Autarquia (https://datanordeste.sudene.gov.br/)
A análise da pirâmide etária do Nordeste revela um processo de envelhecimento, impulsionado pela queda da natalidade e pelo aumento da longevidade. Em números, a população total da Região cresceu de 53.081.950 em 2010 para 54.658.515 em 2022, um aumento de 2,97%, sendo o segmento dos idosos o que apresentou o maior crescimento proporcional. "A Região vivencia uma notória transformação demográfica", afirma o economista Miguel Vieira, da Coordenação de Estudos e Pesquisas da Sudene.
O boletim, que utiliza como método a comparação entre os dados dos Censos Demográficos de 2010 e 2022, divulgados pelo IBGE, revela a tendência e a velocidade com que a estrutura etária do Nordeste se reconfigura. A comparação entre os Censos demonstra o estreitamento na base da pirâmide, com o grupo de 0 a 14 anos reduzindo de 14,1 milhões para 11,5 milhões de pessoas, uma queda de aproximadamente 18%.
Um dos indicadores utilizados foi o Índice de Envelhecimento, que mede a proporção de idosos em relação às crianças. No Nordeste, esse índice é de 68,5, enquanto a média brasileira atinge 80. É importante ressaltar que o valor considera a população com mais de 60 anos. Essa diferença, contudo, não é homogênea entre os estados nordestinos. Há um contraste significativo entre o Maranhão, que apresenta um dos menores índices de envelhecimento do País (50), e o Rio Grande do Norte, cujo índice (76,1) se aproxima da média nacional, refletindo um estágio mais avançado de transição demográfica.
Embora o Nordeste envelheça em um ritmo diferente da média brasileira, impõe desafios iminentes. O envelhecimento na região manifesta a necessidade de reforço, aumento e implementação de mais políticas de saúde e cuidado. Por isso, o boletim analisa dados sobre o acesso à saúde e à educação, empregabilidade e segurança nessa faixa etária.
O economista Miguel Vieira chama a atenção para a expressiva concentração da população com 65 anos ou mais no grupo "sem instrução ou com ensino fundamental incompleto", representando 25% na Região, o que significa que um em cada quatro indivíduos com baixa ou nenhuma escolaridade na região é uma pessoa idosa. Estados como Ceará (27%), Bahia (26%) e Piauí (26%) apresentam uma concentração de idosos nesta faixa ainda maior que a média regional, evidenciando as particularidades e os desafios locais.
Outro dado alarmante é a notificação de violência contra as pessoas idosas, que vem crescendo no Brasil (250%) ao longo do período de 2013 a 2023. Os indicadores apontam que esse crescimento foi ainda maior no Nordeste (388%). Estados como Ceará (1.850%) e Pernambuco (589%) apresentaram crescimentos substancialmente mais elevados que o da Região, enquanto Piauí (10,29%), Maranhão (29,07%), Paraíba (34,07%) e Rio Grande do Norte (39,53%) apresentaram crescimentos mais moderados.
Apesar de os indicadores nem sempre serem favoráveis à região Nordeste, Miguel Vieira aponta para o fato do envelhecimento da população ser uma tendência mundial e classifica a iniciativa do Data Nordeste como um esforço coletivo na tentativa de sanar questões relacionadas ao tema. "Está em curso, mundial e nacionalmente, um processo de envelhecimento da população. Diante disso, reunir informações sobre a população idosa é de suma importância para o desenvolvimento de políticas públicas direcionadas a esse grupo, de modo que o Estado consiga ofertar bem-estar e qualidade de vida à população dessa faixa etária", completa o economista.
Fonte: Assessoria