Dólar com. 5.561
IBovespa 3
17 de julho de 2025
min. 23º máx. 32º Maceió
chuva rápida
Agora no Painel Trump contra o Pix: entenda o que pode ter motivado críticas dos EUA
16/09/2019 às 07h19

Geral

Aprovação na Câmara é mérito do parlamento, não do Executivo, diz cientista político

Por Carlos Amaral

O placar, principalmente na segunda votação, da Câmara dos Deputados dá a entender que a aprovação da reforma da Previdência configura uma coesão na base de apoio ao governo Jair Bolsonaro. Contudo, essa conta não é do Executivo, mas sim do próprio parlamento, em especial do presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ). A avaliação é do cientista político da Ufal, Ranulfo Paranhos. 

 “O Executivo não conseguiu sê-lo na condução da reforma. O parlamento – tropeçando, é óbvio – foi quem ga­rantiu sua aprovação. A base do go­verno e a oposição tropeçaram muito. Quem conduziu tudo de forma profis­sional foi o presidente da Câmara e se a reforma deve ser creditada a alguém, deve ser ao Rodrigo Maia”, comenta. “O Executivo, quando tentou fazer algo, atrapalhou. Em alguns momentos pareceu que o Rodrigo Maia ia chutar o balde”, completa Ranulfo Paranhos. 

O cientista político compara a situação com a aprovação do Plano Bresser-Pereira, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e desacredita o discurso de nova política do atual Governo Federal. 

 “Veja o exemplo do Plano Bresser, no governo Fernando Henrique. Quem correu atrás para aprovar tudo foi o ministro. É isso que os governos, em regimes de coalizão, devem fazer. Dedicam esforço e técnica para dialogar com os segmentos políticos”, diz. “O governo fala que não faz a velha política. Não, não faz porque não sabe. Quando tentou, bagunçou tudo. Teve um nível de desorganização tão grande que a articulação caiu no colo do pre­sidente da Câmara que, se não fizesse nada, a reforma não saía. E ainda pegou um Congresso mais inclinado pa­ra a reforma. Além dos meios de co­municação, que abraçaram a pauta da reforma e fizeram campanha aberta por sua aprovação. Jovem Pan, por exemplo, apoia declaradamente. No pós-1988 nunca teve apoio nesse nível. O que tinha era algo mais escondido. O governo em si tem pouca participação nisso (aprovação da reforma na Câmara)”, afirma Ranulfo Paranhos. 

 Ele destaca que a reforma da Previdência já é certa  e que é só ques­tão de tempo para passar a vi­gorar. Contudo, ele ressalta que o tema é muito forte politicamente no país. 

 “A reforma chegou num ponto que sua discussão não é mais sobre eco­nomia, quanto se ganha ou se perde, mas discussão política. Os grupos que defendem ou que são críticos querem ganhar espaço político. O tema ainda é um palanque importante para a política brasileira. E é questão de tempo ela vai passar no Senado”, comenta. 

 O texto, que até o fechamento desta edição está no Senado, se sofrer alteração, volta para os deputados que podem refazer tudo tal qual aprovaram.

 “O que se tem visto é que a condução no Senado será mais tran­quila e, me parece, a Casa é mais qua­lificada que a Câmara e mesmo que haja uma turma querendo emperrar, as coisas não se dão como na outra Casa do Congresso. É outro cenário”, diz. “O relator no Senado (Tasso Jereissati, PSDB-CE) já informou que não quer fazer mudanças no texto, mesmo assim qualquer mudança que haja o teto volta à Câmara que poderá desfazer tudo”, completa Ranulfo Paranhos. 

BANCADA 

A Painel Alagoas procurou os senadores alagoanos para saber como pretendem votar o tema. Esta edição foi fechada em 30 de agosto, portanto, antes de o Senado deliberar sobre a reforma da Previdência. Dos três parlamentares, o único sem retorno foi Fernando Collor (PROS). 

O senador Rodrigo Cunha (PSDB) diz à reportagem, por meio de sua assessoria, que trabalha para aperfeiçoar o conteúdo aprovado na Câmara dos Deputados. 

“Entendo que é preciso corrigir alguns pontos para que a população mais carente não seja prejudicada. Nesse sentido, apresentei duas sugestões que foram acatadas pelo relator da matéria, senador Tasso Jereissati. A primeira para que o ganho de um quarto de salário mínimo per capita não seja o único critério a ser utilizado para que quem tem direito receba o Benefício de Prestação Continuada. E a outra é para que, independentemente de receber outra renda, o beneficiário da pensão por morte tenha garantido ao menos o valor de um salário mínimo”, relata. “Entendo que a reforma da Previdência é necessária para que o governo consiga sanear suas contas, e garantir que as aposentadorias futuras sejam pagas”, completa o senador. 

 Já Renan Calheiros (MDB) diz, também através de sua assessoria, ainda analisar o conteúdo do texto aprovado na Câmara dos Deputados, apesar de já ter apresentado emenda, mas enfatiza buscar garantias de proteção aos mais pobres. 

“Vou analisar ponto a ponto. Não quero que pobres e informais sejam punidos e apresentei emenda. A depender das mudanças que haverá no texto, vai definir o voto”, diz Renan Calheiros, que tem sido bastante crítico a muitos pontos da reforma em suas redes sociais. 

SENADO 

Relator da reforma da Previdência no Senado, Tasso Jereissati apresentou relatório, no dia 28 de agosto, à Comissão de Constituição de Justiça (CCJ) favorável ao tema, mas quer uma PEC paralela à aprovada pelos deputados. Sua intenção é garantir, segundo a Agência Senado, “a promulgação rápida de mecanismos de alívio fiscal e a correção de equívocos no texto aprovado pelos deputados por meio de uma PEC Paralela”, com a entrada de estados e municípios na reforma. 

A ideia de PEC Paralela foi criticada em discussões na Casa. Durante au­diência da Comissão de Direitos Hu­manos, Diego Cherulli, diretor do Instituto Brasileiro de Direito Previden­ciário (IBDP), afirmou ser “contra a PEC Paralela, sou a favor de uma reforma bem feita, com um texto polido, juridicamente estável. Vamos parar de procrastinar o processo legislativo”. 

Já Aurora Borges, presidente da Fun­dação ANFIP de Estudos Tributários e da Seguridade Social, disse ser pre­ciso inserir a PEC paralela na original. E Celso Malhani de Souza, da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), criticou a postura do Sena­do. Para ele, a Casa abriu mão de atuar como revisora no processo legislativo. 

Saiba mais:

A controversa reforma da Previdência, o que muda na vida dos brasileiros? 

Transição 

Para advogado, reforma é desnecessária 

Objetivo é o resgate do projeto de Estado mínimo, afirma economista 


Fonte: Painel Alagoas

Todos os direitos reservados
- 2009-2025 Press Comunicações S/S
Tel: (82) 3313-7566
[email protected]