Terminados os festejos natalinos, noto com certa relutância que o ponteiro da balança insiste em se posicionar à direita de onde estava semana passada. Também pudera, pois pelo menos no meu caso, as comemorações não se limitaram apenas àquelas junto à família, pois houve outros inúmeros eventos. E quanto a você, meu querido leitor, minha querida leitora, como passou o seu Natal? Já encarou uma corrida hoje ou os quilinhos extras ganhos nesta semana de festejos serão perdidos mesmo é na academia?
Pois é, como moro em uma cidade litorânea, não me canso de observar a quantidade de pessoas se exercitando nos calçadões, jogando futevôlei ou dando umas braçadas mar adentro... O que me faz refletir sobre a perseverança de todos aqueles que conseguem fazer disso um saudável hábito diário. Pode ser até que minha amostragem esteja equivocada, mas a sensação que tenho ao observar esta verdadeira academia a céu aberto é a de que todo mundo malha!
O que me leva a uma segunda reflexão: será que tratamos da saúde do bolso com o mesmo empenho com que tratamos a saúde do corpo? Noto que avançamos muito neste sentido, o assunto educação financeira ficando cada vez mais presente nas conversas, na mídia e nas publicações em geral. Mas ainda vejo muitos se enrolando, botando os pés pelas mãos, e gastando além da própria capacidade de pagamento, deixando contas em atraso, não honrando seus compromissos financeiros e desta forma, ficando sujeitos a restrições ao crédito, importante ferramenta que poderia ajudá-los na realização de projetos de longo prazo, tais como a compra da casa própria, a troca do automóvel ou a viagem dos sonhos, dentre tantos outros.
Como fazer para evitar tal enrascada é o tema do artigo de hoje, pois torço para que mais e mais pessoas consigam seguir um saudável 2025, física e financeiramente falando! Entendo que planejar despesas sempre sairá mais barato do que ficar à espera das contas que chegam, nem sempre no momento adequado. Arrisco mesmo a dizer que o primeiro sintoma de que algo não vai bem é quando o pagamento de uma conta essencial – a de luz, por exemplo, para evitar o corte! – possa empurrá-lo para uma possível inadimplência, na luz ou em outra conta qualquer.
Assim, para operacionalizar o planejamento, não vejo melhor forma do que estabelecer metas a atingir ao longo do ano: com tal motivação em um horizonte próximo fica mais fácil fazer a radiografia de suas próprias contas para saber o que pode ser melhorado, concorda? Voltando ao paralelo que tracei com a saúde do corpo, você acha que os que hoje conseguem terminar uma maratona, não traçaram suas próprias metas e se planejaram para chegar lá?
Minha sugestão é que você fixe uma meta de poupança para 2025 a ser conseguida por meio da combinação do aumento de suas receitas com a diminuição de seus gastos. Será a partir desta poupança que você conseguirá honrar suas dívidas e financiamentos, aumentar seu patrimônio adquirindo ativos que gerem receitas adicionais para você (um imóvel a ser alugado ou um produto financeiro que lhe renda juros, por exemplo), ou mesmo realizar um sonho de consumo mais caro, conforme citei em parágrafo anterior.
Mas atenção para que sua boa intenção não fique pelo meio do caminho! Mantendo a analogia com o corredor de maratona, trago algumas dicas: (1) Assim como um iniciante não deve fazer em seu primeiro treino 21km, você também não deve estabelecer metas irrealistas, ainda que desafiantes. Verificar o seu padrão de receitas e despesas no passado mais recente é um bom indicador, que irá ajudá-lo a por os pés no chão; (2) Assim como a rotina de um atleta envolve algum sacrifício daqueles que o acompanham (o fim de semana antes do treino pode ficar comprometido, por exemplo), a trajetória para o equilíbrio em seu orçamento precisará envolver aqueles que o cercam: família e amigos são importantes não apenas pelo apoio, mas por participarem na redução de gastos (família), ou por compreenderem que você nem sempre poderá acompanhá-los em toda a programação (amigos); (3) Assim como o corredor tem os seus pontos de verificação a cada período – conseguir correr 5km em até 12 semanas, 10km nas 12 semanas seguintes – você também deverá criar seus pontos de verificação em bases regulares: a cada trimestre, por exemplo, você deverá ter atingido mais 25% de seu objetivo total; (4) Assim como o corredor é obrigado a rever sua estratégia de treinos por conta de uma semana extenuante no trabalho ou de uma contusão, você precisará ser flexível para reprogramar suas metas diante de surpresas, como o reparo na casa não programado ou a cota extra do material escolar não prevista, por exemplo. O que não o impede de compensá-las nos períodos seguintes, não é mesmo? (5) E para finalizar, aproveite um fim de semana e vá assistir com a família a uma dessas corridas de rua, tão populares nos últimos tempos. Tenho certeza de que se você vier a se posicionar na reta de chegada, verá muita comemoração... Pois essa é a dica: em sua corrida financeira pessoal não deixe de comemorar todas as vezes que perceber ter chegado lá: imagine que a medalha de final de prova é sua, que tal?
Um grande abraço e até o próximo ano!
Com o Natal se aproximando e, para aqueles que estão empregados, a receita extra do décimo-terceiro a engordar contas bancárias, é chegada a hora de relaxar e aproveitar a ocasião para comemorar em família e com os amigos, em clima de total confraternização.
É hábito já devidamente arraigado em nossa cultura a troca de presentes entre aqueles que se querem bem, e é sobre isso que escreverei o artigo de hoje, com algumas dicas para que você, meu querido leitor, planeje melhor suas compras de Natal. Sendo uma decisão pessoal de cada um, é claro que não faria sentido eu me meter para influenciar aquilo que você irá comprar, mas, em termos gerais, o que listo a seguir é válido para a maioria das situações. Vamos lá?
(1) Como normalmente não nos limitamos a presentear apenas uma única pessoa, mas sim várias – a esposa, o marido, os pais, os filhos, os amigos mais chegados – é importante que se faça um pequeno orçamento, onde além dos presentes, você também inclua os gastos com a festa, caso seja sua esta responsabilidade. Acho conveniente que o total apurado caiba nas suas contas de dezembro e, no caso de parcelamentos, nas suas contas de janeiro em diante, não se esquecendo que o início de ano traz despesas adicionais, tais como férias, impostos, matrículas escolares dentre outros.
(2) Estabelecido tal limite, tente cumpri-lo e, caso um presente saia mais caro do que o esperado, compense o acréscimo comprando algo mais barato para o próximo da lista. Por vezes, também é legal ter uma lista de prioridades, como por exemplo para as crianças, cuja expectativa com o que irão receber é usualmente maior do que a dos adultos!
(3) Uma certa antecedência nas compras também evita o corre-corre costumeiro, mesmo que digam que deixando-se para o final os preços fiquem mais atraentes – pois as lojas temem os encalhes. Por experiência própria, ainda prefiro o conservadorismo pois com mais calma, consigo uma melhor relação satisfação/preço.
(4) No caso dos Itens mais caros, antes de comprar, pesquise: encartes e sites de busca na Internet às vezes apontam diferenças de mais de 50% entre as lojas, o que decerto permitirá presentes melhores e não necessariamente mais caros.
(5) Em tempos de tanto comércio eletrônico, também é válido verificar se não há diferenças de preço entre a loja de rua (ou de shopping) e sua correspondente versão on-line. Mas neste caso, sugiro observar prazos e condições de entrega, além de, obviamente, pesquisar sobre a reputação da loja. Amigos ou parentes que já tenham comprado em determinado site fornecem uma boa referência e, na dúvida, o site do Procon (www.procon.sp.gov.br), poderá ajudá-lo em mais informações, tendo até mesmo publicado um Guia de Comércio Eletrônico, vale conferir.
(6) Para quem faz a ceia, aproveitar as ofertas dos supermercados é sempre indicado e, considerando que dificilmente um único estabelecimento vende todos seus produtos mais baratos que a concorrência, talvez seja o caso de dividir sua lista, comprando-a em vários lugares.
(7) Com a recente alta do dólar (nesta época do ano passado oscilava em torno dos R$ 4,85 contra os R$ 6,15 atuais), é possível que alguns produtos importados – principalmente os que compõem a ceia – tenham ficado mais caros, eventualmente inviabilizando seu orçamento. Que tal ser criativo e aproveitar novas receitas culinárias com produtos nacionais?
(8) Em casos mais delicados, para os que convivam com orçamentos apertados, tenho duas sugestões: (a) propor amigos ocultos, ao invés de comprar presentes para cada pessoa; (b) se juntar com outros parentes ou amigos para dar aquele presente mais caro, como o videogame, o celular, ou a bicicleta, dentre outros.
(9) Vale lembrar também que quem deve gostar do presente é o presenteado e não você. Cuidado especial ao comprar roupas para adolescentes, tecnologia para pessoas com mais idade ou itens que dependam de prova, como vestuário, por exemplo.
(10) Por fim, se o beneficiário de sua generosidade gostar de ler, não descarte a possibilidade de presenteá-lo com um bom livro. Há ótimos lançamentos nesta época e você ainda estará incentivando a cultura, a forma de escrever e de falar de quem recebe, sem contar que ler é um extraordinário lazer a custo baixo: 400 páginas custam em média R$90, e garantem pelo menos 10 dias de entretenimento, que tal?
Um grande abraço e até a próxima!
Final de ano chegando, muitos aproveitam os intervalos entre as devidas comemorações para fazer um balanço de tudo àquilo que se propuseram a realizar, normalmente no início do próprio ano. Boa hora, portanto, para revermos e – quem sabe – com a experiência adquirida, traçarmos objetivos e resoluções mais realistas para o ano que entra.
E você, meu querido leitor, minha querida leitora, como se saiu neste período? No terreno pessoal cumpriu suas metas? Parou de fumar? Voltou à academia? Tem levado uma vida saudável, mantendo peso, colesterol e estresse dentro dos níveis aceitáveis? Bem, não sendo este o seu caso, não desanime... Também não consegui cumprir tudo o que me prometi: a vida anda saudável, mas a academia só foi frequentada em metade do tempo; e veja que tinha como objetivo caminhar 2.000 km neste ano, mas pelo andar da carruagem (aliás, dos tênis!!) vou precisar aumentar a dose diária nesta última quinzena do ano... Paciência, mas vou chegar lá pois, entre persistir ou desistir, conjugo com mais facilidade o primeiro verbo!
Passemos então ao terreno financeiro. Ao estabelecer um objetivo para o ano, decerto você previa que iria conseguir chegar lá nestes doze meses que agora se encerram, não importando se sua meta era a de aumentar o tamanho de seu patrimônio ou a de diminuir o saldo de suas dívidas (o que em última análise também aumenta o tamanho do seu patrimônio). O que fazer caso descubra não ter ido tão bem assim?
Bem, será preciso radiografar suas contas, a fim de identificar os causadores do insucesso. Com certeza, o fato de você estar aquém de seus objetivos tem origem em um ou mais dos seguintes fatores, quando comparados ao que foi planejado ou estimado no início do ano e detalhados brevemente a seguir:
(1) Receitas menores decorrentes da promoção que não saiu ou de um período parado em transição de emprego (para aqueles que estão empregados), do menor número de serviços prestados (para aqueles que são autônomos), ou até mesmo da redução de preços praticados ou de volumes vendidos (para aqueles que são pequenos empresários) trazem efeitos negativos: diminuindo-se a receita, sem a correspondente redução das despesas, o que sobra para fazer crescer o patrimônio fica comprometido, não é mesmo?
(2) Despesas maiores decorrentes de preços mais caros, do aumento no consumo, de gastos com itens não previstos – por exemplo o reparo emergencial em casa, um acidente no trânsito, uma despesa de saúde não coberta pelo plano – também afetam negativamente o crescimento do patrimônio pois, gastando-se mais e não aumentando na mesma proporção as receitas, a sobra diminui.
(3) Outros efeitos decorrentes de fatores não associados ao seu trabalho ou ao seu dia a dia também devem ser devidamente observados para se avaliar o impacto – positivo ou negativo – em relação às metas traçadas. Trago alguns exemplos: o imóvel que deveria estar alugado e não está, por conta de um preço excessivamente alto afetará duplamente seu resultado, pois enquanto estiver vago, as receitas não entram, mas as despesas com condomínio e taxas correm por sua conta; os investimentos financeiros, principalmente aqueles relacionados com o mercado de renda variável também podem ter causado um estrago, já que em 2024, a bolsa não apresentou resultados favoráveis; os ganhos de capital provenientes da valorização de alguns ativos, notadamente os imobiliários, também podem ter sido abaixo daquilo que você esperava.
Note que parte das diferenças encontradas não obrigatoriamente apontará uma falha sua em executar as metas... Aliás, é bom que se registre, mesmo empresas com larga experiência em planejamento, às vezes fixam metas ambiciosas demais. Analise criteriosamente se não foi este o seu caso, alterando-as para o próximo ano, se necessário. E, para os casos em que o que faltou foi mais pulso, motive-se: lembre-se de que uma grande caminhada se inicia no primeiro passo!
Um grande abraço e até a próxima!
Como já dizia Nelson Rodrigues, a arte da leitura é a releitura e, com a chegada do final do ano, encerra o prazo para aqueles que aplicam na previdência privada aproveitarem a vantagem fiscal do PGBL, tema já tratado aqui neste espaço anteriormente. Um caso prático ajudará você, meu querido leitor, minha querida leitora, a entender melhor o conceito!
Suponha que João trabalhe em uma empresa, e ao longo de 2024 tenha recebido de salários, bônus, comissões e demais rendimentos tributados na declaração o valor bruto de R$150.000. Por conta das deduções permitidas (contribuições à previdência oficial, dependentes, despesas com educação e saúde, dentre outras), a base de cálculo para o IR ficou em R$ 80 mil, gerando assim um imposto devido de R$ 11.442,87 (alíquota de 27,5% e parcela a deduzir de R$ 10.557,13, conforme dados da Receita). Dependendo da diferença entre o imposto devido e o imposto de renda retido na fonte ao longo do ano, João precisará acertar a diferença, o temível imposto a pagar (se o devido for maior que o retido na fonte) ou irá receber a diferença, a tão esperada restituição (se o devido for menor que o retido na fonte).
Sejamos agora otimistas com o nosso personagem, admitindo que ele possua R$ 18 mil disponíveis para investir... Caso opte por um PGBL, ele poderá reduzir o valor aplicado da base de cálculo do imposto devido, que passará a R$ 62 mil, gerando assim o imposto devido de 6.492,87, uma economia de R$ 4.950 (em relação à situação em que não tenha aplicado em um PGBL)! Em consequência disto, ou João receberá um valor maior de restituição ou terá um menor imposto a pagar em 2025 (Na prática, encontre este valor multiplicando a contribuição ao PGBL pela alíquota a que você esteja sujeito. No caso do João: R$ 18 mil x 27,5% = R$ 4.950).
Mas atenção: a economia do imposto não é um presente da Receita Federal, mas sim um adiamento do imposto devido... exemplificando, se daqui a 20 anos os R$ 18 mil desta aplicação virarem R$ 40 mil (por conta dos rendimentos acumulados), ao resgatá-la, nosso amigo pagará R$ 4 mil de imposto, supondo que tenha optado pela tributação regressiva. Note que, diferente de outras aplicações (VGBL ou fundos, por exemplo), a alíquota incidiu sobre todo o valor acumulado e não apenas sobre os rendimentos. Note também que a economia no presente caso foi maior que imposto pago (R$ 4.950 versus R$ 4.000), sem considerarmos ainda que, se João for atento, ele poderia aplicar em 2025 o valor desta economia, aumentando financeiramente a vantagem obtida.
Se a ideia o(a) animou, fique atento a: (1) o abatimento da base de cálculo do imposto é limitado pela Receita Federal a 12% da sua renda bruta (valores acima deste teto não terão a vantagem fiscal e serão tributados em sua totalidade por ocasião do resgate); (2) para fazer jus ao benefício, você precisará ser contribuinte da previdência oficial (INSS ou servidor público) ou estar aposentado e, obviamente, fazer a declaração de ajuste anual (DIRPF) onde a contribuição feita ao PGBL deverá ser informada, neste caso no modelo completo (e não no simplificado); (3) para aqueles que participem dos planos oferecidos pelas empresas onde trabalham (fundos de pensão), deve-se verificar se os planos para onde contribuem são equivalentes ao PGBL. Por exemplo, caso João já tivesse contribuído com R$ 10 mil para um PGBL mantido por sua empresa, somente faria sentido ele ter aportado mais R$ 8 mil no PGBL citado ao longo do artigo; (4) para aproveitar o desconto no imposto devido, só são válidas as contribuições feitas no ano anterior ao da declaração. Por exemplo, para aumentar a restituição em 2025, a contribuição ao PGBL deverá ter sido feita em 2024; (5) E por último, mas não menos importante, antes de fazer a aplicação, verifique se para a sua condição específica, a declaração pelo modelo simplificado é mais vantajosa do que pelo modelo completo, o que pode ocorrer nos casos em que o valor do desconto simplificado (em 2024 correspondente a 20% dos rendimentos tributáveis, limitado a R$ 16.754) seja superior ao total das despesas dedutíveis (previdência, instrução, dependentes, médicos, etc.).
Um grande abraço e até a próxima semana!
Envolvido em planejamento financeiro pessoal há pelo menos duas décadas, percebo nas conversas, nas consultorias, nas aulas ou palestras, que a cada dia que passa, mais e mais pessoas têm interesse em ampliar sua capacidade de guardar, conseguindo assim realizar sonhos de médio e longo prazos. A princípio, ótima notícia poder constatar essa mudança de hábito, mas vejo também que a maioria se preocupa mais em aumentar seus ganhos para assim conseguir enfrentar gastos maiores sem perder o espírito poupador do que reduzir gastos. Fiquei refletindo: será que esquecem que um real ganho a mais tem o mesmo valor que um real gasto a menos?
E você, meu querido leitor, minha querida leitora, também pensa desta forma? Acredita, portanto, ser mais fácil aumentar ganhos do que reduzir despesas? Taí, não consigo me convencer disso, e minha descrença baseia-se no fato de que, para aumentar suas receitas, uma pessoa ou empresa, precisa combinar com o outro lado, não é mesmo? Exemplifiquemos: (a) um colaborador de uma empresa, para ter suas receitas aumentadas, precisa pedir aumento ao chefe ou, nos casos em que a empresa admite a possibilidade e existe o que fazer, ficar algumas horas extras no trabalho; (b) um profissional liberal sem vínculo empregatício (médico, advogado, dentista) precisa ou aumentar o preço de suas consultas ou a sua base de clientes para conseguir a receita adicional, o que nos leva a questionar: seus atuais clientes concordarão com o novo preço? Conseguirá atrair mais clientes ao seu consultório? Mesmo uma empresa deve analisar criteriosamente qual efeito irá prevalecer em suas receitas diante das alternativas: aumentar preços unitários e eventualmente vender menos com maior margem ou reduzir preços unitários para ganhar no volume maior vendido?
Por outro lado, quando pensamos em redução de custos ou despesas, fica claro que a estratégia neste sentido depende muito pouco (ou quase nada!) de variáveis externas, salvo nos casos em que a economia de gastos acarrete impactos negativos nas receitas, o que aconteceria por exemplo, se um restaurante decidisse cortar custos reduzindo a qualidade dos produtos que usa nas refeições que serve. Não é à toa que boa parte das empresas bem sucedidas implementa rígido programa de controle de custos, visando sobretudo o desperdício. Mesmo um profissional liberal, procura otimizar seus gastos profissionais procurando opções mais baratas em termos de telefonia, atendimento, fornecimento de material, dentre outros insumos.
Bem, e no caso daqueles que vivam exclusivamente de salário, onde seria possível a redução? Revendo o parágrafo anterior, já temos uma dica: na medida do possível, nunca nas despesas essenciais, tais como escolas, prestação da casa ou do carro, condomínio, supermercado e outros. Costumo sugerir que comece pelos itens que menos lhe causem sacrifícios, conforme ilustra a seguinte sequência:
(1) Gastos associados ao descontrole: Correspondem àqueles que não lhe trazem qualquer benefício ou prazer, e o melhor exemplo desta categoria recai em multas, juros e taxas por conta de pagamentos não feitos ou feitos em datas posteriores ao vencimento. Pagar tudo em dia é eliminar parte ou todo este grupo.
(2) Gastos associados ao desperdício: Correspondem àqueles que você incorre por adquirir bens e serviços que não usa ou por pagar sobrepreços por falta de pesquisa. Se um aparelho de TV modelo XYZ tem preços diferenciados em lojas distintas, adquira-o na loja mais barata; se você paga uma academia que não frequenta, pense em cancelar o plano.
(3) Gastos associados ao supérfluo: Correspondem àqueles pequenos luxos que, à primeira vista você não pensa em abrir mão, mas que numa emergência ou diante de um sonho maior, formam o terceiro grupo destinado à tesoura. Cada um sabe o que entra aí, só não vale confundi-los com os essenciais. Esclareço: ir ao restaurante com a família de vez em quando faz parte do lazer, da convivência, do prazer. Não é supérfluo na minha forma de ver. Mas, em um fim de semana frequentar cinco, já passa da conta, concorda?
(4) Gastos essenciais: Correspondem a todos aqueles não listados nas categorias anteriores. Inclua lazer, saúde, moradia, vestuário, transporte dentre outros. Eles formam a essência de sua vida; proteja-os contra cortes procurando alternativas menos dolorosas. Só mesmo uma emergência deveria justificar você mexer com eles!
Até a próxima e um grande abraço!
Caso Prático(2)
E então meu querido leitor, minha querida leitora, descansou bem nos feriados prolongados? Pois é justamente sobre descanso que iremos falar hoje, dando continuidade ao artigo publicado semana passada onde mostrei como estimar a reserva necessária para a complementação de renda a partir da aposentadoria.
Refrescando a memória, usei o exemplo de Rodrigo, 35 anos, renda atual de R$ 25 mil, pretensão de parada aos 65, expectativa de vida até os 90 e necessidade de renda complementar anual de R$ 96 mil (ou R$ 8 mil mensais), valores expressos com poder de compra atual, já que na simulação trabalhamos com taxa real de juros (além da inflação), estimada em 2% ao ano. Duas alternativas foram apresentadas: (a) viver somente com os juros de suas aplicações (precisaria acumular R$ 4,8 milhões, as após sua morte, os recursos seriam transmitidos aos herdeiros) ou (b) viver com o saldo de suas aplicações (precisaria acumular R$ 1.874.252, que terminariam quando completasse 90 anos).
Tanto em um como no outro caso, acumular tais recursos em 30 anos não é tarefa fácil, considerando-se que salvo raríssimas exceções, as taxas reais que remuneram aplicações mais conservadoras, têm girado entre 1% e 2% ao ano, por conta de custos com administração, carregamento e outros. A 1%, por exemplo, chegar aos 65 anos com R$ 1.874.252 o obrigaria a guardar R$ 53,881 anuais (R$ 4.490 mensais, equivalentes a 17,96% de sua atual renda), valor que subiria para R$ 137.990 anuais (R$ 11.499 mensais, equivalentes a 46,0% de sua atual renda) caso optasse por chegar à aposentadoria com os R$ 4,8 milhões acumulados.
A 2% ao ano os valores citados caem para R$ 46.200 (R$ 3.850 mensais, equivalentes a 15,40 % de sua atual renda) e R$ 118.320 (R$ 9.860 mensais, equivalentes a 39,44% de sua atual renda) respectivamente e, se simularmos para taxas mais atrativas, a redução é ainda mais surpreendente: a 4% ao ano, Rodrigo precisaria guardar R$ 33.418 anuais (para acumular R$ 1.874.252) ou R$ 85.584 anuais (para acumular R$ 4,8 milhões).
Note que os valores a acumular vieram do artigo da semana passada, onde a hipótese foi a de que a partir de seus 65 anos, os recursos do Rodrigo estariam aplicados a 2% ao ano; para taxas diferentes desta, tais valores deverão ser recalculados.
Note também que durante a fase de poupança, quanto maior a taxa anual que irá remunerar as aplicações, menores serão os valores a guardar anual ou mensalmente, ainda que taxas maiores envolvam aplicações com maior risco. Da mesma forma, quanto maior o prazo de contribuição, menor o valor a contribuir... Exemplificando: alguém que hoje tenha 25 anos e planeje parar aos 65 (40 anos de contribuição) precisaria guardar R$ 31.030 anuais, a 2% ao ano, para acumular R$ 1.874.252, bem inferior aos R$ 46.200 necessários ao Rodrigo (30 anos de contribuição).
Como se percebe, o planejamento de uma previdência complementar envolve muitas variáveis que você precisará decidir, sendo o tempo de sobrevida, o prazo de acumulação dos recursos e o valor a acumular as principais. Quanto à taxa de juros, é de fundamental importância que todo o estudo seja feito com base na remuneração real, isto é, aquela além da inflação. Mas atenção: encontrados os valores a guardar periodicamente: 1) verifique se a rentabilidade oferecida pelos instrumentos que você irá utilizar (fundos ou planos de previdência, por exemplo) cobrem a inflação e a taxa utilizada na simulação (por exemplo, para os 2% ao ano do Rodrigo, se a inflação for de 6%, o fundo ou plano precisará render 8,12% anuais); 2) a cada ano corrija sua contribuição do ano anterior pelo valor da inflação (por exemplo, os R$ 46.200 anuais do Rodrigo, diante de uma inflação de 6% passarão a R$ 48.972 anuais).
Um grande abraço e até a próxima semana!
Caso prático (1)
Por conta do que temos conversado por aqui, percebo com frequência que ainda há muita confusão ao se dimensionar a necessidade de proteção financeira para a vida longa, pois muitos ainda acreditam que os planos a serem contratados devam ser equivalentes ao salário que hoje recebem, tornando-os assim mais caros do que já são. Explico!
Aproveitando minha atividade acadêmica, reproduzo aqui um exercício feito em aula em uma das inúmeras turmas de gestão onde tive o prazer de participar: Rodrigo, 35 anos, trabalha em empresa da iniciativa privada onde, entre salários, bônus e outras gratificações, recebe R$ 25 mil mensais (R$ 300 mil anuais, sem considerar o décimo-terceiro) em termos brutos. Pretende se aposentar aos 65 (30 anos trabalhando) e acredita que viverá até os 90 (25 anos de sobrevida). Vejamos o passo a passo!
(1) Renda na aposentadoria: Claro que quanto mais, melhor; mas não podemos esquecer que ter mais no futuro implica em ter menos no presente; logo, é razoável estimar que nosso amigo sobreviva bem com 80% de sua atual renda, equivalente a R$ 20 mil mensais (R$ 200 mil anuais). Para aqueles que pensem ser esta uma estimativa equivocada, alerto para o fato que muitas despesas incorridas na fase ativa – escola dos filhos, alimentação e vestuário para o local de trabalho, para ficar no que me lembro – desaparecem na aposentadoria, ainda que outras despesas, tais como planos de saúde, por exemplo, fiquem mais caras. No balanço final, acredito haver economia.
(2) Necessidade não coberta: Uma parte da renda na aposentadoria será garantida pela previdência oficial (próximo dos R$ 6 mil/mês), outra parte por receitas de aluguel de dois imóveis de sua propriedade (R$ 6 mil/mês). Sobram, portanto, R$ 8 mil mensais (R$ 96 mil anuais) que ele precisará correr atrás. Aqui estou admitindo que a empresa onde Rodrigo trabalha, não ofereça aos seus colaboradores um plano de previdência coletivo; logo, ele precisará guardar parte do que hoje recebe para acumular uma quantia que, ao parar de trabalhar, garanta o padrão de vida desejado.
(3) Taxa de juros a utilizar: Você, meu querido leitor, minha querida leitora, deve ter observado que estou utilizando todos os valores da simulação em termos atuais. Certamente, daqui a 30 anos todos este valores serão maiores por conta das correções devido à inflação, mas simulando desta forma, os cálculos se simplificam... desde que – e aqui esta é uma dica valiosa -, ao atribuirmos uma taxa de juros que irá remunerar os investimentos do Rodrigo, trabalhemos com a taxa de juros real, isto é, a taxa além da inflação. Grosso modo, para uma rentabilidade de 8,12% e uma inflação de 6%, a taxa que irá aumentar o valor real das aplicações será de somente 2%, bases anuais [=((1,0812 ÷ 1,06) – 1) x 100]. Nas atuais condições do mercado, fundos de renda fixa que remunerem a 100% do CDI garantem até mais do que esta taxa real, ainda que a prudência não recomende sermos excessivamente otimistas e usarmos taxas maiores.
(4) Patrimônio a transmitir: Muda de forma drástica o planejamento pois, querendo deixar aos herdeiros parte (ou o total) de suas aplicações financeiras, a conta ficará mais cara. Exemplificando: caso Rodrigo queira transmitir o total sem a preocupação de viver mais do que previu, precisará acumular R$ 4,8 milhões pois, a 2% ao ano, conseguirá os R$ 96 mil de que necessita somente com os juros. No outro extremo, caso queira transmitir apenas seu patrimônio imobiliário, precisará acumular R$ 1.874.252, aplicação que, a 2% ao ano, permitirá retiradas anuais de R$ 96 mil pelos 25 anos de sua sobrevida.
Continuo a análise no artigo que vem, não percam! Um grande abraço e até a próxima semana!
Ganhei um prêmio
Lembro-me de quando eu era pequeno e começaram os jogos da Loteria Esportiva, lá pelos idos dos anos 70. Era época da Copa do Mundo no México, o Brasil com um timaço – sagrou-se tricampeão – o que nos deixava com um otimismo exuberante, capaz de alimentar sonhos improváveis de ganharmos sozinhos o prêmio milionário. E o que não faltava era plano sobre o que fazer com o dinheiro.
De lá para cá, devo admitir, joguei poucas vezes na loteria e demais sorteios oferecidos, a exceção ficando por conta de bolões com meu grupo de amigos da época de colégio... vai que o grupo ganha e eu fico de fora, nem pensar, não é mesmo? No mais, a falta de tempo, ser completamente “por fora” quando o assunto é futebol, as extensas filas extensas nas casas lotéricas, enfim, vários motivos me afastaram dos guichês de aposta. Não jogando, obviamente, a possibilidade de ganhar algo é nula. Mas, se tivesse certeza do futuro e soubesse de antemão que não iria ganhar nada, os mais de 50 anos do “não-jogo” decerto me fizeram poupar algum, não é mesmo?
Bem, mas vamos admitir que você, meu querido leitor, minha querida leitora, seja menos preguiçoso que eu, e continue a fazer a sua fezinha... Ou que simplesmente tenha sido contemplado com um prêmio fora de hora. O que fazer? Antes de sair por aí comemorando (merece, claro!) cuidado: a maioria dos pouquíssimos sortudos que, de uma hora para outra, tem chances de mudar padrão de vida, em muito pouco tempo perdem praticamente tudo o que ganharam, sendo comuns até mesmo os que acumulam dívidas. Um caso emblemático publicado na mídia foi o de um grupo de garçons cariocas que, sorteados em um bolão, na segunda seguinte se desligaram do restaurante onde trabalhavam. Muita emoção e pouca razão na escolha. O prêmio que cada um recebeu não era suficiente para que parassem de trabalhar; além disso, por terem pedido demissão, perderam uma série de direitos trabalhistas. Ou seja, deixaram literalmente dinheiro na mesa!
O que sugiro para casos como esse? O ideal é que se deixe a poeira baixar para que, calma e racionalmente, se chegue às melhores conclusões sobre o que fazer. Algumas dicas:
(1) Verifique o valor do prêmio: Se este é baixo, tudo bem que você o gaste curtindo com a família um fim de semana inesperado ou renovando o guarda-roupa, mas se for alto, planeje antes de gastar. Dividir o prêmio pelo valor líquido de seu salário é um bom ponto de partida. Mas, independente do número que encontrar, não peça demissão de imediato. Tenha calma!
(2) Aplique integralmente o prêmio: Enquanto espera para decidir o que fazer, procure investir o que recebeu, visando sobretudo proteger o poder de compra do dinheiro. Venhamos e convenhamos, se o prêmio for muito alto, sua vida financeira está resolvida, não é preciso se meter em investimentos que visem crescimento, mas que embutam riscos desnecessários.
(3) Gaste apenas os rendimentos: Tendo aplicado o seu prêmio, a disciplina em gastar apenas os juros que você irá receber, manterá esta sua nova fonte de renda intacta, ainda que seja preciso verificar quanto do rendimento recebido é juro real e quanto é reposição da inflação. Essa dica vale até para presentear os parentes. Use apenas o rendimento para fazer isso!
(4) Avalie se montar o próprio negócio é razoável: Muitas histórias de insucesso após polpudos prêmios vêm quando o ganhador resolve abrir sua própria empresa, usualmente na área em que já trabalhava – por exemplo: o garçom que abre o restaurante. Deve-se ter cuidado com essa alternativa pois uma coisa é ter competência para preparar o melhor prato ou servir bem uma mesa, outra é ter competência para ser empresário, capaz de conviver com todos os riscos de um empreendimento.
(5) Cuidado com os brinquedos caros: Carro importados, lanchas, iates e outros caros sonhos de consumo são bens repletos de custos ocultos para os quais se dá pouca atenção (vide o artigo da semana passada!). Claro que se você ganhou R$ 20 milhões, isto pouco importa, mas para quem ganhou R$ 500 mil – com as taxas de juros atuais equivalente a um rendimento real de aproximadamente R$ 1.500 – talvez seja o caso de se repensar, não é mesmo?
Torço para que você seja em breve um felizardo. E que com as minhas dicas, consiga estabelecer um bom padrão de vida por muitos e muitos anos!
Um grande abraço e até a próxima!
Em tempo de intensa discussão sobre mobilidade urbana, lembro-me de um anúncio de TV que dizia que brasileiro adora automóvel. E, parece mesmo que o mote da propaganda vem sendo confirmado pelo mercado: de acordo com a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), em outubro de 2024, foram vendidos 248.005 veículos, entre automóveis e comerciais leves, um acréscimo de 11,3% em relação ao mês anterior... todos querendo realizar o sonho do carro próprio! É o seu caso também, meu querido leitor, minha querida leitora? Então esteja atento aos custos envolvidos neste projeto pois, de forma distinta daquela que muitos acreditam, o custo de um carro não é só a gasolina!
Nas contas que apresento a seguir, simulei um automóvel no valor de R$ 80 mil (correspondente ao preço médio que encontrei na Internet para carros populares, motor 1.0) e preços de estacionamento, seguro, combustível e demais itens para o mês de novembro de 2024.
Mas atenção, faço uma ressalva: Não estou em nenhuma cruzada pessoal contra o carro e, com certeza, do seu dinheiro, quem cuida é você; entro apenas para ajudá-lo a listar o que deverá ser considerado, está bem? Comecemos pelos custos fixos (não dependem de quanto você roda por mês):
(A) Desvalorização: É o item campeão do esquecimento, pois a maioria só se lembra dele na hora de revender o seu carro... Use 20% ao ano como estimativa para a desvalorização no primeiro ano; no exemplo, um carro de R$ 80 mil valerá R$ 64 mil daqui a um ano, custo esquecido de R$16 mil anuais ou R$ 1.333 em bases mensais;
(B) Custo de Oportunidade: É o item vice-campeão do esquecimento: ao imobilizar R$ 80 mil no automóvel, você perderá a oportunidade de aplicar esse dinheiro na Poupança, por exemplo, e assim deixar de receber algo próximo dos R$ 400 mensais de juros (ou 4.800 em bases anuais);
(C) IPVA: Na maioria dos estados (o IPVA é estadual), a alíquota para automóveis de passeio é de 4%, o que significa, portanto, uma despesa adicional em 2024 de R$ 3.200 ou R$ 267 mensais;
(D) Seguro: Da mesma forma que o IPVA, considere também uma despesa adicional de seguro; a 7% aproximadamente (dependendo do modelo, do condutor e da franquia, dentre outros), serão mais R$ 5.600 por ano ou R$ 467 mensais;
(E) Garagem: Seja porque você precisará alugar uma vaga, seja porque você deixará de alugar a vaga que possui em sua casa, o custo mensal de um lugar para seu carro dormir oscila em torno de R$ 500 mensais (na cidade do Rio de Janeiro), ou R$ 6.000 anuais.
É, meu caro leitor, minha cara leitora, a conta já soma R$ 2.967 mensais (ou R$ 35.600 anuais) e o carro ainda não saiu do lugar. Vamos aos custos variáveis, supondo um carro a gasolina rodando 1.500 km por mês e com consumo de 10 km por litro.
(F) Combustível: Com motores cada vez mais eficientes, este custo, em comparação aos demais, vem se diluindo e, em nossa simulação, considerando o preço médio do litro da gasolina a R$ 6,10, cheguei a R$ 915 mensais (=150 litros x R$ 6,10).
(G) Manutenção: Sem dúvida, carros mais velhos dão mais problemas, mas pneus, bateria, amortecedores, revisões e lavagens não saem de graça. Acredito que mais uns R$ 250 por mês cubram estas despesas, valor que aumentará se o carro rodar mais, e assim gastar mais pneus, por exemplo.
(H) Estacionamento: Se você vai para o trabalho de carro, acrescente R$ 300 mensais, aproximadamente, sem falar nas gorjetas para guardadores noturnos.
Conclusão: Somando-se os itens variáveis, chega-se a mais R$ 1.465 mensais (ou R$ 17.580 anuais) o que, no final aponta para um custo total (fixo e variável) de R$ 4.432 mensais ou R$ 53.180 anuais. E isso tudo sem considerar o financiamento, muito comum para quem adquire automóveis. Pesquisando no site do Banco Central, encontrei parcelamentos com taxas variando entre 0,76% e 3,35% mensais. Supondo que você consiga financiar os R$ 80 mil a 1,5% ao mês em 60 parcelas, aumentará a conta do carrinho em mais R$ 2.031 mensais, que tal?
Um grande abraço e até a próxima semana!
Além do que já abordamos em artigos passados, como a questão dos riscos, custos e ganhos além da inflação associados aos investimentos, outra dimensão que você, meu querido leitor, minha querida leitora, deverá considerar é a liquidez de sua aplicação: quanto mais líquido for o ativo, mais rápido você irá convertê-lo em dinheiro e com isso realizar seus demais objetivos, tais como pagar prestações, trocar de carro ou fazer a tão sonhada viagem, por exemplo.
Bem, e afinal, apostar na liquidez é bom ou ruim? Taí. Não há uma resposta única, pois tudo irá depender dos seus objetivos de investimento. Por exemplo, se o que você pretende ao guardar dinheiro é ter uma reserva para emergências, não julgo adequado comprar um imóvel pois uma transação imobiliária requer tempo e, em uma emergência financeira, esperar é a última coisa que você quer, não é mesmo? Deixar estes recursos na conta corrente ou na Poupança é uma alternativa razoável para as despesas imediatas, ainda que no caso da Poupança, saques antes da data de aniversário eliminem os ganhos do mês. Mas atenção: mesmo em investimentos líquidos, como é o caso das aplicações financeiras, você precisará verificar as condições de resgate, que nem sempre são imediatas. Vejamos algumas situações!
Títulos de renda fixa: Investimentos em CDBs, LCIs ou LCAs (para ficarmos nos mais usuais), salvo raras exceções, prendem os recursos até a data do vencimento. Eventualmente, algumas corretoras ou mesmo bancos, aceitam resgates antecipados, mas certamente cobrando um deságio que possivelmente reduzirá substancialmente a rentabilidade inicialmente oferecida. No investimento em títulos do Tesouro Direto, mesmo aqueles com prazos mais longos, é possível o resgate antecipado (o Tesouro garante a recompra) mas, como abordado em artigos anteriores, pré-fixados ou indexados ao IPCA serão recomprados pelos preços de mercado vigentes à época, eventualmente gerando perdas.
Ações, Fundos Imobiliários, Fundos ETF: São instrumentos negociados na bolsa de valores e para resgatar os valores investidos, será necessária uma operação de venda em bolsa, o que dependerá da existência de compradores interessados. Além da questão do risco de mercado (flutuação nas cotações), há variações expressivas quanto à liquidez destes instrumentos. Uma boa dica é pesquisar quantas transações (e os correspondentes volumes) são negociados diariamente para evitar sustos futuros.
Fundos em Geral: Também aqui a pesquisa é essencial. Um fundo D0 garante os recursos em conta no mesmo dia da solicitação do resgate; já um fundo D30, demandará 30 dias entre a solicitação de resgate e o crédito dos recursos em conta, o que no caso dos fundos mais arriscados (Multimercados ou Renda Variável) embute o risco adicional de flutuação no valor das cotas entre a solicitação do resgate e o crédito dos recursos. Aqui todo cuidado é pouco!!
A esta altura, você deve estar achando que o melhor é privilegiar a liquidez, com ou sem risco, como forma de ter o dinheiro sempre à mão. Cuidado, pois tudo depende do jeito com que você encara um belo patrimônio acumulado. Às vezes, ter uma chave na porta de saída é um estímulo adicional para não se direcionar o esforço de poupança em consumo evitável. Acho pouco provável alguém trocar um imóvel maior por um menor para, com a diferença de preços, comprar um carro importado, por exemplo. Mas tenho cá minhas dúvidas se, diante de uma tentação destas, o sujeito não baixaria parte de sua aplicação financeira para satisfazer o desejo. Não estava planejado? Vai fazer diferença no longo prazo? Então por favor, tranque a porta!
Um grande abraço e até a próxima semana!
Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)
Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.
Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.