Dando sequência ao que conversamos no artigo da semana passada (As aparências enganam), a primeira etapa da estratégia para que você, caro leitor, cara leitora, possa se proteger financeiramente na fase em que não mais estiver na ativa é realizar uma estimativa de quanto precisará de complemento de renda para a manutenção do padrão de conforto a que está acostumado ou a que deseja ter no futuro.
Vale aqui usar o bom-senso, ou seja, não imaginar que se vivemos hoje com um padrão de R$ 5.000 mensais durante nossa fase ativa, conseguiremos dobrá-lo ou, inversamente, reduzi-lo quando entrarmos na fase do descanso. O mais razoável é estimarmos que precisaremos de renda aproximadamente idêntica ao nosso último salário (ou qualquer outro rendimento) enquanto ativos pois, mesmo que economizemos em itens que antes eram relevantes em nosso orçamento – refeições no ambiente de trabalho ou programas de atualização profissional, por exemplo – possivelmente arcaremos com custos adicionais em planos de saúde, lazer e outros. Mas esta não é uma regra fixa. E não custa lembrar que a decisão de formar um colchão de segurança para o futuro passará necessariamente por uma restrição no consumo presente... não há mágica!
Também é importante salientar que o planejamento para a aposentadoria deve estar desvinculado de outros planos que estejam em mente, como ajudar na compra do apartamento do filho que irá se casar ou realizar a viagem há tanto tempo tão sonhada, por exemplo. O roteiro que apresento a seguir foi simulado para um personagem que consegue R$ 15.000 de renda bruta mensal, mas pode ser ajustado para se adaptar a sua específica realidade. Vamos lá?
1) Renda bruta total durante a fase ativa: Corresponderá à soma dos valores brutos recebidos antes de quaisquer descontos. Nosso personagem, o Renato, recebe um salário bruto de R$ 13 mil, complementados por R$ 2 mil referentes ao aluguel de imóvel de sua propriedade, não entrando aí as taxas associadas a este imóvel, que são reembolsadas por fora.
2) Renda bruta disponível: Corresponderá ao valor citado no item anterior abatido dos descontos que irão desaparecer na fase de aposentadoria, como por exemplo, as contribuições para o INSS e/ou entidades profissionais. Renato é descontado em R$ 900 mensais, apenas para o INSS. Sua renda bruta disponível é, portanto, de R$ 14.100 mensais. Caso participasse de um fundo de pensão e contribuísse mensalmente, também deveria ter este valor abatido. Não incluo os descontos do imposto de renda por dois principais motivos: o primeiro é porque ao se aposentar, sua renda também sofrerá a incidência do IR, o segundo é porque, a maioria dos planos de previdência vendidos pelos bancos e seguradoras, informa valores em termos brutos. Importante notar que este é o total de recursos que Renato dispõe hoje para tocar a sua vida.
3) Renda bruta para a manutenção do padrão quando inativo: Corresponderá ao valor citado no item anterior diminuído das despesas que irão desaparecer. Importantíssimo ser muito criterioso neste caso: o custo da educação dos filhos é quase certo que venha a desaparecer, já a redução do valor do plano de saúde – por não mais assumir o filho como dependente – nem tanto, já que em função da idade, o custo aumenta. Conservador, Renato prefere abater apenas a despesa de R$ 3.000 mensais com a educação do filho, o que faz com que sua renda bruta para manter seu padrão quando parar de trabalhar fique em R$11.100.
4) Complemento de renda a se conseguir: Corresponderá ao valor citado no item anterior diminuído de todas as receitas futuras que estejam de certa forma garantidas, tais como o benefício do INSS e dos fundos de pensão que participe, dos aluguéis que receba e outras receitas. Nas condições atuais, e assumindo que continue a manter o imóvel de sua propriedade alugado, Renato terá R$ 7.786 correspondentes ao teto do INSS acrescidos dos R$ 2.000 de aluguel. Precisará, portanto, complementar sua renda em R$ 1.314.
O passo a passo apresentado foi meramente sugestivo, tendo por finalidade fazer uma estimativa do valor que Renato irá precisar. Relembrando que para obter o complemento desejado ele precisará reduzir seu consumo atual para guardar dinheiro para o futuro – portanto um sacrifício – nunca é demais ser cuidadoso nesta análise.
Finalizando, outro ponto também importante a considerar é a possibilidade de, ao longo de sua carreira, promoções, aumentos por méritos ou mesmo mudanças de emprego, Renato ter um aumento de renda, e, por conseguinte, aumentar o seu padrão de vida. A melhor sugestão para este caso é que ele periodicamente refaça seu planejamento de forma a sempre preservá-lo.
Um grande abraço e até a próxima semana!
O recente debate sobre a inclusão dos motoristas de aplicativo entre os beneficiários da previdência oficial, trouxe-me de volta à questão do que chamei em artigo anterior (Seguro morreu de velho) de seguro de vida longa. Trata-se, na realidade e de forma sucinta, de formarmos uma rede de proteção financeira quando não mais estivermos em vida laboral ativa!
E vocês, meus queridos leitores e minhas queridas leitoras, estão atentos a isso? Para provocar a sua reflexão, lembrei-me de palestra onde perguntei à minha audiência sobre como estes três fatos afetariam suas vidas: (1) O brasileiro está vivendo mais; (2) A taxa de juros está caindo; (3) Está cada vez mais fácil consumir. Como eu já esperava, a maioria respondeu que os três lhes afetariam positivamente, ou seja, hoje estariam melhores do que ontem. Mas será isso mesmo? Indo mais a fundo, como isto impacta a nossa maior longevidade?
Não tenho dúvidas de que todas essas notícias sejam ótimas notícias, mas lembro que quem trabalha na iniciativa privada e ganha mais do que R$ 7.786 (teto do INSS em 2024), precisará complementar sua aposentadoria caso queira manter seu padrão de vida. Xiii! Começo a me preocupar. E, para mostrar a você porque, imaginei inicialmente que José, 30 anos, com um salário atual de R$ 8.800 mensais, quisesse/precisasse um complemento de renda de R$ 1.000 mensais quando atingisse 65 anos, de forma a manter o seu atual padrão de vida. Supondo que ele consiga aplicar os recursos à taxa real (além da inflação) de 4% ao ano, sua contribuição mensal deverá ser de R$ 150,96 caso viva até os 80 anos. Avaliemos cada uma das afirmativas que deixaram meus ouvintes satisfeitos:
(1) O brasileiro está vivendo mais: Isto significa que ao invés de 80 anos, José possivelmente viverá até os 85 ou 90 anos. Ora, se sua sobrevida após parar de trabalhar aumenta e o seu tempo de contribuição não, será necessário aumentar sua aplicação mensal para compensar o prazo dos benefícios, que ficou maior. Se José viver até os 85 anos, precisará poupar R$ 184,52 mensais. Se chegar aos 90, esse valor subirá para R$ 212,11. Vejam que paradoxo: se por um lado o aumento da expectativa de vida é bom – irá nos deixar em contato com nossos queridos por mais tempo – por outro irá obrigar-nos a aumentar o sacrifício, renunciando ao consumo de hoje para manter um padrão razoável no futuro.
(2) A taxa de juros está caindo: Isto significa que ao invés de receber 4% ao ano sobre os valores que poupava, José passaria a receber menos, suponha que 2% ao ano. Para os endividados, esta pode ser uma boa notícia, mas para José não! Para manter seu complemento de R$ 1.000 no futuro, ele precisará contribuir com R$ 257,01, caso viva até os 80 anos e mantidas as demais condições constantes. Bem mais do que calculamos antes (R$ 150,96), não é mesmo?
(3) Está cada vez mais fácil consumir e, por conta disso, a decisão de começar a contribuir para o seu seguro de vida longa tem sido adiada. Assim, supondo que José espere até os 35 ou 40 anos para começar a guardar (parando a contribuição aos 65, vivendo até os 80 e à taxa de 4% ao ano), sua contribuição precisará passar respectivamente para R$ 198,24 ou R$ 266,97, mais que os R$ 150,96 originais.
A esta altura você deve estar se perguntando sobre o que aconteceria caso José vivesse muito (até 90) e iniciasse sua poupança mais tarde (aos 40) em um ambiente de juros baixos (2% ao ano). Éééé... ficará caro mesmo pois, neste caso, a contribuição mensal passará para R$ 609,53 para fazer frente aos efeitos combinados! Conclusão: nem tudo é exatamente aquilo que parece ser, não é mesmo? E agora, o que você responderia se estivesse assistindo à minha palestra?
Um grande abraço e até a próxima!
Você, querido leitor, querida leitora, que tem me acompanhado aqui nessa jornada, decerto percebeu que emergências financeiras não avisam quando irão ocorrer, dentre elas, as que chamei de emergências do dia a dia, cujo antídoto adequado seria o fundo de emergência.
Na essência, tal fundo assemelha-se a um seguro, pois mensalmente você pagará uma prestação – como atualmente faz para proteger seu carro – e, somente deverá resgatar os recursos depositados no caso de um acidente financeiro, como aconteceria caso você se envolvesse em um acidente automobilístico. Duas diferenças, entretanto, merecem atenção: (1) o controle sobre depósitos e retiradas é totalmente seu e não da seguradora, o que exigirá de você muita disciplina e renúncia para evitar gastar o saldo acumulado em itens não emergenciais – viagens, trocas de carro ou de guarda-roupas, por exemplo; (2) terminado o prazo de cobertura (suponha que em um ano você tenha conseguido acumular o saldo necessário à sobrevivência em uma crise) o dinheiro acumulado estará incorporado ao seu patrimônio, o que não ocorre no caso de uma apólice contra acidentes, que exige a renovação – e nova despesa – a cada ano. Vejamos a seguir algumas dicas!
QUANTO ACUMULAR? O ideal é que você tenha acumulado um saldo equivalente a pelo menos seis meses (quanto mais, melhor!) de seus gastos. Um bom controle de seu orçamento ajudará na tarefa: some todas as despesas necessárias à manutenção do seu atual padrão de vida em um mês, mesmo sabendo que, no caso de um acidente financeiro, instintivamente você irá reduzi-las. Por segurança, recomendo que acrescente uns 10% sobre o total, para fazer frente às despesas que você esqueceu de anotar. Multiplique o total por seis, se você julgar que seis meses são suficientes para uma emergência financeira.
ONDE GUARDAR? Teoricamente, você poderia guardar estas reservas até mesmo em casa, ainda que isto não seja recomendável por questões óbvias de segurança. Na prática, o fundo de emergência poderá ser formado a partir dos saldos de diferentes aplicações financeiras, respeitadas aí as considerações sobre liquidez e rentabilidade (veja os próximos itens). O mais importante é você não misturar o saldo deste fundo com suas demais contas e investimentos.
QUAL A LIQUIDEZ? É importante que os recursos estejam em uma ou mais aplicações de fácil acesso no caso da emergência, preferencialmente fundos, Poupança ou títulos que possam ser transformados em dinheiro no curto prazo. Imóveis, pela baixa liquidez e ações, pela volatilidade, não são recomendáveis.
E A RENTABILIDADE? Esta não deve ser a prioridade em sua escolha, que deve estar baseada na liquidez (usualmente, aplicações com baixa liquidez – um CDB, por exemplo – tendem a remunerar o investidor com taxas maiores do que aquelas de alta liquidez – um fundo de resgate imediato, por exemplo). Mas uma alternativa viável e interessante é você distribuir os recursos que formem o fundo em aplicações com diferentes prazos de liquidez, melhorando assim a rentabilidade total (se a emergência ocorrer, você não irá utilizar o saldo acumulado todo de uma vez, concorda?). Exemplificando: se seu padrão de gastos é de R$ 5 mil mensais, procure acumular R$ 30 mil no seu fundo de emergência, que poderão ser distribuídos da seguinte forma: R$ 10 mil em aplicações de liquidez imediata (D0), R$ 10 mil em aplicações com liquidez em 30 dias (D30) e o restante em aplicações com liquidez em 60 dias (D60).
ACESSO: Apesar de líquido, ajudará se você mantiver o fundo longe da conta bancária que você utiliza em seu dia a dia. Abri-lo em um outro banco pode ser uma alternativa para você esquecer de sua existência (do fundo, por favor!) e evitar a tentação de gastá-lo.
Acho a idéia do fundo muito interessante; deveria ser mesmo um de nossos primeiros objetivos financeiros... afinal, tranquilidade, mesmo diante de uma crise, não tem preço, não é mesmo?
Um grande abraço e até a próxima semana!
Conforme citei no artigo da semana passada, emergências não nos avisam quando irão ocorrer, e dentre elas, tenho a impressão de que as emergências financeiras parecem nos assustar com maior frequência.
Uma das primeiras proteções que precisamos ter é aquela relacionada às eventualidades do dia a dia, que surgem pelos mais variados motivos, como um acidente ou uma internação médica, por exemplo. Estarmos livres delas é quase impossível, reconheço; prepararmo-nos para conseguir enfrentá-las nem tanto...
Parte dessas emergências poderá estar coberta por produtos vendidos pelas seguradoras, como é o caso de seguros contratados por profissionais liberais que garantem diárias por dias parados. Mas o que fazer contra as emergências não cobertas? Numa situação extrema, como lidar com seis meses de desemprego?
Para ajudar a compreender a questão, imaginem três amigos, com o mesmo nível salarial e de despesas, mas que, de uma hora para outra, precisem o equivalente a dois meses de salário para fazerem frente a um cataclisma orçamentário: André nada tem de reservas; Bruno tem reservas aplicadas em investimento de baixa liquidez (ações, imóveis, fundos ou títulos com restrições de resgate); Carlos tem parte de suas reservas em uma Poupança.
Conseguir o dinheiro emergencial, possivelmente fará André tomar empréstimos em condições desfavoráveis, isso se não cair na armadilha do financiamento por meio do cheque especial. Planejou-se mal, não é mesmo?
Decerto Bruno, ao procurar investimentos de baixa liquidez, objetivava obter maiores rentabilidades para o seu dinheiro, estratégia que seria vencedora se a emergência não tivesse surgido. Diante do novo quadro, entretanto, talvez acabe no mesmo balcão que André, salvo se conseguir negociar com o outro lado... Mas desde quando uma emergência espera?
Melhor postura teve Carlos, não apenas por ter sido previdente e guardar parte do que ganha (Bruno também fez isso), mas também por ter reservado parte de que guarda em instrumentos de elevada liquidez como a Poupança, ainda que venha a perder a rentabilidade do período caso resgate fora da data de aniversário da aplicação.
Conclusão: criar um fundo de emergência como nosso amigo Carlos fez não é tão difícil, bastando que vocês, meus queridos leitores, minhas queridas leitoras, se disponham a não torrar tudo o que ganham e direcionem seus esforços para o produto adequado. Mas atenção: não é para gastar essa reserva, nem que para isso seja necessário abrir uma conta em outro banco que não aquele onde vocês pagam suas contas do dia a dia.
O passo a passo e as dicas de como criar – e gerenciar – o seu fundo de emergência serão o tema do meu próximo artigo!
Um grande abraço e até a próxima semana!
Mais ou menos nesta mesma época pós-Carnaval há alguns anos, estava eu
assoberbado de tarefas para tocar adiante quando fui pego em uma emergência
daquelas de tirar o sono. Possivelmente por ter usado uma rede WiFi fora do meu ambiente natural, tive
meu computador invadido por uma espécie de vírus, tecnicamente um ransomware.
De acordo com os especialistas da área, trata-se de um tipo de ameaça que entra furtivamente na memória do equipamento e criptografa arquivos texto, documentos, planilhas, apresentações e fotografias, inibindo assim o seu acesso. E, para que você volte a tê-los nos formatos originais, é preciso que pague um resgate, daí a classificação como ransom (resgate em inglês), que tal?
A muito custo consegui me livrar do danado, mas não vou cansar meus queridos leitores e leitoras com detalhes, já que este espaço não se destina ao tema. Entretanto, uma das coisas que minimizou o problema foi eu estar preparado para eventuais emergências ao manter meus arquivos originais em um serviço atualizado de armazenamento... Talvez por pura sorte, já que quando o assinei, pareceu-me uma inutilidade, opinião que hoje mudei radicalmente.
Fazendo analogia com a saúde do bolso, fiquei pensando se eventuais emergências financeiras irão nos encontrar preparados ou colocar-nos em desespero... Emergências financeiras podem acontecer com qualquer um; no entanto, percebo que ainda são poucos os que se preparam para elas.
Acertou quem já sacou que o papo neste e nos próximos artigos irá girar em torno dos seguros. Noto que, pelo menos aparentemente, a preocupação da maioria recai muito mais sobre o seguro de automóveis (contra roubo, colisão e terceiros), do que sobre outras modalidades, fato que me chama a atenção pois o eventual sinistro de trânsito, ainda que traga impacto no patrimônio, é muito menos nocivo ao orçamento/planejamento financeiro do que outros tipos de “acidentes” que tendem a perdurar, como por exemplo a perda (esperamos que temporária!) do emprego.
Sem a pretensão de esgotar o tema, citaria três áreas em que a prudência indica onde focar a atenção:
(1) Dia a dia: Como se preparar diante de uma colisão não coberta pela franquia, uma internação médica às pressas, uma despesa extra escolar ou mesmo, em caso mais grave, um período sem emprego? Um fundo de emergência pode ser a solução, evitando que tais eventos nos levem ao uso descontrolado de cheques especiais e/ou cartões de crédito!
(2) Vida longa: Não deixa de ser uma ironia, mas o avanço da medicina tem permitido vivermos mais, com qualidade de vida e, portanto, com maior consumo. Isso é ótimo! Mas como nos preparar para o momento em que não mais estivermos na força de trabalho? Pesquisar alternativas para a aposentadoria decerto evitará o sufoco, e aqui há inúmeras opções, não limitadas exclusivamente à previdência oficial ou aos planos de previdência privada.
(3) Vida curta: É uma questão que muitos pensam, mas quantos efetivamente protegem a si e aos seus contra eventualidades que possam reduzir ou mesmo eliminar sua capacidade de gerar renda? Um seguro de vida e/ou de acidentes pessoais é o remédio indicado, variando, entretanto em função da idade, do patrimônio já acumulado e de outras variáveis, tais como o número e a idade dos dependentes, por exemplo!
Conversaremos sobre cada um destes temas nos próximos artigos, mas enquanto não chegamos lá, recomendo fortemente o uso de um antivírus e a cópia de segurança de todos os seus arquivos.
Um grande abraço e até a próxima semana!
Carnaval quase encerrado, enquanto espera-se ansiosamente o placar final da competição das escolas de samba, entendo que já está mais que na hora do ano começar, não é mesmo? Fiquei sinceramente com a impressão – pelo menos no meu caso! – de ter desnecessariamente protelado algumas decisões até que a sequência “Ano Novo – Férias – Carnaval” virasse passado... Agora não tenho mais desculpas: os exames periódicos de saúde, a revisão no guarda-roupa, os consertos caseiros do que se quebrou pelo caminho entram na agenda com prioridade absoluta.
E você, meu querido leitor, minha querida leitora, ainda estão na folia? Então aproveitem esse finalzinho de festa para, em seguida, botar a mão na massa e fazer as coisas acontecerem. E, como aqui no nosso espaço lidamos mesmo é com as finanças pessoais, fiquei pensando quais dificuldades podem estar protelando a execução de seus planos, caso uma de suas prioridades seja aumentar o próprio patrimônio...
Bem, acredito que possa ajudá-lo se suas dificuldades forem conceituais: sugiro que concentre suas iniciativas e esforços de acordo com as dicas seguintes, baseadas nas dúvidas mais recorrentes trazidas por leitores, alunos, amigos e familiares, verdadeiros campeãs de popularidade, que tal?
(1) Bem ou patrimônio? Ainda há muitos que confundem os dois conceitos. Grosso modo, bem corresponde a tudo aquilo que está em seu nome, tais como contas e aplicações financeiras, ações, automóveis e imóveis, por exemplo, enquanto patrimônio corresponde ao valor de todos os bens diminuído do valor das dívidas. Exemplificando: se você possui apenas um imóvel de R$ 500 mil, pelo qual ainda precisará pagar R$ 350 mil, seu bem vale R$ 500 mil, mas seu patrimônio apenas R$ 150 mil.
(2) Nem toda movimentação financeira afeta o seu patrimônio. Verdade, apesar de muitos acharem que não. Ao comprar um apartamento à vista, por exemplo, você está apenas trocando um bem – o saldo na conta corrente – por outro – o apartamento; e, ao comprá-lo a prazo – suponha sem juros – você estará apenas aumentando o valor dos seus bens – o apartamento – às custas de uma obrigação – o financiamento.
(3) Seu padrão de vida afeta o seu patrimônio. Ganhos – salários, por exemplo – irão aumentá-lo, enquanto despesas – educação, alimentação e transporte, por exemplo – irão diminuí-lo. Gastar menos do que se ganha é a primeira grande fonte para fazer sua riqueza crescer!
(4) Alguns bens podem aumentar o seu patrimônio... Bens de investimento como um apartamento por exemplo, além de gerarem renda (aluguel) poderão, caso se valorizem, aumentar também a sua riqueza. Aplicações financeiras, ações, ou participações em empresas também se enquadram neste caso.
(5) Outros bens nunca aumentarão o seu patrimônio! Bens de consumo, mesmo que duráveis como um automóvel, por exemplo, dificilmente irão gerar renda (salvo se você trabalhar em transporte!), noves-fora o fato de sempre desvalorizarem-se, diminuindo assim o seu patrimônio.
(6) Financiamentos: Como normalmente há a cobrança de juros, é quase certo que o bem que você comprou a prazo valha menos que o total da dívida contraída. Sem contar que nos casos pós-fixados, as dívidas poderão ser reajustadas para cima, diminuindo assim o seu patrimônio. Assim, todo cuidado com eles é pouco, concorda?
Um grande abraço e até a próxima semana!
Colombina é uma foliã que, após dois anos de desequilíbrio entre o que ganha e o que gasta – algo próximo dos R$ 1.000 mensais – resolveu contrariar a música, decidindo não mais dançar o iê iê iê. Também pudera: como citei no meu artigo da semana passada, após quatro renegociações do saldo vermelho de seu cheque especial, ela tem hoje uma dívida de R$ 50.115, dos quais apenas R$ 24 mil foram usados em suas despesas. E o problema perdura... Como resolver?
Vocês, meus queridos leitores, minhas queridas leitoras, sempre atentos, já devem ter percebido que nossa amiga tem, na realidade, dois problemas distintos para resolver: (1) a dívida hoje acumulada: como pagar? (2) o desequilíbrio em suas contas: como se reequilibrar? Apesar de distintos, engana-se quem achar que os problemas possam ser resolvidos separadamente, já que um realimenta o outro e vice-versa.
Arriscaria mesmo a dizer ter sido este o erro da foliã há alguns carnavais passados. Ao detectar suas encrencas financeiras quando estas ainda tinham dimensões razoáveis (no oitavo mês após o início do desequilíbrio, sua dívida total era de apenas R$ 11.205, no cheque), Colombina acreditou que seria possível tratar apenas dos sintomas (a febre da dívida) sem contudo ir a fundo nas causas da sua infecção (gastar mais do que ganha).
Assim, se por um lado a sua decisão de transformar o saldo devedor do cheque em um empréstimo de 36 parcelas fixas de R$ 592 foi correta – os juros do empréstimo são menores do que os cobrados no especial –, por outro revelou-se incompleta pois, ao não alterar seu padrão de ganhos-e-gastos, acabou por aumentar seu desequilíbrio para R$ 1.592 mensais. Resultado: o prazo original de oito meses que Colombina levou até precisar renegociar o saldo devedor do seu cheque pela primeira vez reduziu-se para seis meses até necessitar uma segunda renegociação e para cinco meses, nas renegociações seguintes (ao todo quatro), lembram?
Para tudo há uma solução, e isso não é diferente para o caso que aqui relato, baseado em personagem real que assessorei. Por incrível que pareça, a parte mais fácil da resolução é fazer contas, planejar cenários. O difícil mesmo é convencer Colombinas – e Pierrots – a tomarem uma atitude. Mas vejamos as soluções propostas!
Em casos assim, a primeira coisa a fazer é eliminar toda a atual dívida, tanto a do cheque especial quanto a dos carnês. No caso em questão isto significava liquidar os R$ 50.515, conforme proposta do banco. Para isso vale sacar saldos de aplicações financeiras, vender bens de consumo duráveis – o carro, a moto, o título do clube ou qualquer outro ativo que possa ser transformado em dinheiro. Colombina topou liquidar o saldo de sua Caderneta e trocar o carro caro por outro mais barato (e de segunda mão!), zerando assim um passado financeiro nefasto.
Reestruturada a atual dívida, passemos à parte mais difícil, o reequilíbrio orçamentário. Desde que a solução não envolva novos empréstimos, os que vivem situação similar precisarão eliminar os desajustes entre receitas e despesas. Ao longo dos seis meses que se seguiram à quitação de sua dívida junto ao banco, Colombina fez das tripas coração, cortando tudo o que podia para eliminar os R$1.000 de diferença entre seus ganhos e gastos: eliminou desperdícios e supérfluos, saiu menos, andou mais de ônibus, passou a ser mais firme em negar demandas crescentes dos filhos. Foi duro, eu sei, mas teria sido pior se tivesse optado por manter seu padrão de consumo inalterado, revivendo assim o que, após dois anos, levou-a a eliminar o saldo da Caderneta e trocar de carro... o que seria desta vez, vender seu imóvel?
Claro que viver desta forma não traz alegria a ninguém, e nossa personagem não é exceção. Para voltar a ter (ou até mesmo superar) o seu padrão de vida anterior, será necessário aumentar a sua renda, o que Colombina tem diligentemente procurado aceitando pequenos trabalhos temporários fora de seu expediente normal, que tal?
Um grande abraço, ótimo Carnaval e até a próxima semana!
Na marchinha de Carnaval, ela ia dançar o iê iê iê (como chamavam o
rock brasileiro nos anos 60), e parece que ainda continua a dançar, talvez com
outros ritmos. Alegria para a foliã, suponho! Alegria para bancos, tenho certeza,
pois mesmo diante dos feriados bancários, cobrarão juros pelo uso do cheque
especial daqueles que entrarem na farra com saldo negativo (de sexta antes do
feriadão à quarta de cinzas, serão cinco dias de juros)! Quem mandou estarem
desatentos?
Desatenção e comodidade fazem a festa. Há bancos cobrando até 11,11% mensais de juros pelo serviço (confira ranking completo ), o que transforma qualquer desequilíbrio temporário no orçamento em problema de proporções catastróficas. Simulo aqui um caso baseado em situação real que ajudei a resolver.
Nossa personagem, a Colombina, sempre foi equilibrada, mas nos últimos dois anos, veio apresentando déficits mensais em seu orçamento, já que ganha R$ 5 mil, mas gasta R$ 6 mil. Logo quando o problema surgiu, não prestou a devida atenção, até mesmo porque, julgava-o passageiro. Além disso, o longo relacionamento bancário lhe garantia um cheque especial, com juros de 8,5% ao mês. Nos cinco primeiros meses, ainda houve momentos em que sua conta apresentava saldo positivo, mas a partir do sexto não deu mais: ficava sempre no vermelho. Resultado: após dois anos nesta situação, nossa amiga deve hoje R$ 50.115 ao banco...
Mas – leitores e leitoras atentos vêm decerto me lembrar – Colombina não ficaria no vermelho por tanto tempo sem um acordo bancário. OK, acatando a sugestão, transformei o saldo negativo de R$ 11.205 (8º mês) em 36 mensais de R$ 592 (empréstimo a 4% ao mês). É o que aconteceu quando ela foi ao banco para renegociar sua dívida do cheque especial. Apesar de ter tomado uma atitude correta, trocando uma dívida cara (a 8,5% ao mês) por uma mais barata (a 4% ao mês), a foliã se esqueceu de um detalhe importante: por não mudar seu padrão de despesas, seus desembolsos mensais aumentaram, passando a ser de R$ 6.592, correspondentes aos R$ 6.000 de seus gastos usuais acrescidos da prestação do empréstimo bancário.
Com o persistente desequilíbrio entre suas receitas e seus desembolsos, ao final do 14º mês, sua conta corrente apresentava saldo negativo de R$ 12.488, levando-a a fazer uma nova renegociação com o banco. Nesta ocasião, além da conta corrente em vermelho, o saldo devedor de seu empréstimo era de R$ 10.247, e o prestativo gerente juntou os dois valores em um único novo empréstimo, no valor R$ 22.736 em 36 parcelas de R$ 1.202,45, calculadas à taxa de 4 % ao mês. Não é preciso ser um gênio da lâmpada (fantasiado ou não!) para perceber que, ao não atacar o desequilíbrio de suas contas, Colombina apenas empurrou o problema para a frente.
De fato, o processo descrito nos parágrafos anteriores se repetiu ao final do 19º e do 24º mês. Resultado: ao todo quatro renegociações e uma dívida total de R$ 50.115, dos quais apenas R$ 24 mil foram destinados para uso próprio em suas despesas.
Acerta quem acha que fui fantasioso (espírito carnavalesco, talvez!) ao contar a estória acima; a realidade é pior: para chegar ao seu último acordo, a Colombina de carne, osso e CPF, ainda foi obrigada a levar seguro e capitalização para casa. Convenhamos, assim não há iê iê iê que dê jeito, não é mesmo? Mas há soluções, acompanhem o próximo artigo!
Um grande abraço e até a próxima semana!
Leitores e leitoras que me acompanham, viram no artigo anterior as minhas dicas de como lidar com o IPTU, que em Maceió, pelas condições de pagamento, embutem uma taxa de 3,81% ao mês para o parcelamento do imposto oferecido pela prefeitura. A conclusão neste caso foi que, diante de uma taxa alta como esta, a maior vantagem seria aproveitar o desconto oferecido pela prefeitura e liquidar o IPTU à vista, pelo menos para aqueles que tivessem os recursos necessários para isto... e para os mais disciplinados, aplicar periodicamente o valor das parcelas em algum instrumento de renda fixa.
No artigo de hoje, faço o mesmo exercício para o IPVA. Sendo um imposto estadual, datas de vencimento, opções de parcelamento e descontos dados pelo pagamento à vista variam de estado para estado; em alguns casos os vencimentos estão bem próximos, em outros não. De qualquer forma, minha primeira recomendação para você, meu caro leitor, minha cara leitora, é que consulte o site de seu estado, onde as instruções e opções para pagamento estão todas disponíveis. E não deixe de pagar o imposto, evitando assim encrencas quase certas!
No caso específico de Alagoas, você poderá quitá-lo em seis parcelas mensais, mas, optando pela cota única (à vista, portanto!), receberá um desconto de 5% sobre a soma das seis parcelas. Conforme pesquisa feita no site da Secretaria de Estado de Fazenda de Alagoas (veja o link ao final do artigo), é possível ainda obter descontos para os que participem do Programa Nota Fiscal Cidadã, o que entretanto não será abordado por aqui. Fica então a pergunta: vale a pena aceitar o desconto oferecido pelo Estado? Analisemos...
O prazo para pagamento da cota única com desconto é 31/01/2024, mas chamou-me a atenção para as condições de parcelamento, que variam de acordo com o final da placa. Por exemplo, para os finais 1 e 2, a primeira parcela vence em 28/02/2024 (as restantes ao final de cada mês subsequente), para os finais 3 e 4, a primeira vence em 28/03/2024 (as restantes ao final de cada mês subsequente) e assim sucessivamente, até os finais 9 e 0, quando a primeira vence em 28/06/2024.
Considerando que o prazo para pagamento em cota única é idêntico para todos os finais, a consequência deste escalonamento é que as taxas cobradas pelo Estado para financiar o imposto variam em função do final da placa... Pode isso, Arnaldo? Colocando em números: os proprietários de veículos com placas 1 e 2, pagarão 1,49% ao mês pelo financiamento, os com final 3 e 4, 1,15% ao mês, os com final 5 e 6, 0,94% ao mês, os com final 7 e 8, 0,79% ao mês e os com final 9 e 0, 0,69% ao mês...
Tomando como base a taxa média mensal praticada pelos bancos nas aplicações de renda fixa (hoje em torno de 0,8% ao mês), tecnicamente, aqueles que possuam os recursos para o pagamento do imposto à vista, deveriam optar pelo parcelamento apenas nos casos em que a taxa embutida no parcelamento pelo Estado fosse menor que a taxa de suas aplicações, o que em Alagoas corresponde aos proprietários de veículos de final 9 e 0 (desconsiderei os proprietários de veículos de final 7 e 8, cujo parcelamento a 0,79% ao mês, cobra de juros praticamente o mesmo valor que receberiam na aplicação financeira, a 0,8% ao mês). Para os demais casos, o mais adequado seria a quitação do imposto à vista.
Mas em termos práticos, e utilizando a mesma metodologia abordada para o IPTU (vide artigo anterior) será que as vantagens em aplicar o valor das parcelas do imposto para os proprietários com finais 1 a 6 são tão relevantes assim? Vejamos: para um IPVA cuja soma das parcelas seja de R$ 3.000 (o que corresponde a um veículo com valor de R$ 75.000), para os que tenham veículos de final 1 e 2, pagar o imposto à vista e aplicar as parcelas a cada mês, trará um ganho financeiro de R$ 71,08 (em relação aos que prefiram aplicar o valor do imposto incluído o desconto e optem pelo parcelamento), o que considero irrelevante em termos do valor envolvido (2,49% em relação aos R$ 2.850 à vista). Tal vantagem é ainda menor para os proprietários com finais 3 e 4 (R$ 47,16), e com finais 5 e 6 (R$ 23,05).
Conclusão: Dado que o financiamento do IPVA em Alagoas não custa tão caro assim, talvez seja conveniente declinar do desconto oferecido, aproveitar o parcelamento e guardar os recursos que seriam direcionados ao pagamento à vista para liquidar outros compromissos à vista ou mesmo dívidas que cresça a cada mês. Não se esquecer que ainda vão aparecer: matrícula e materiais escolares, férias e o IPTU da semana passada... todo planejamento é pouco!
Um grande abraço e até a próxima semana!
Com o início do ano, além dos planos e promessas, chegam também algumas contas adicionais que, apesar de refletirem despesas para todo o ano, são cobradas logo no seu início. Refiro-me principalmente ao carnê do IPTU, ao IPVA e ao material, matrícula e anuidade escolares.
Sendo um imposto municipal, datas de vencimento, opções de parcelamento e descontos dados pelo pagamento à vista variam de prefeitura para prefeitura; em alguns casos os carnês já chegaram, em outros não. De qualquer forma, minha primeira recomendação para você, meu caro leitor, minha cara leitora, é que consulte o site de sua prefeitura, pois quase sempre há a opção de baixar os boletos para pagamento, além de conseguir a informação oficial para a liquidação do imposto. Que fique claro também, que a maior vantagem seria não termos que pagar mais este imposto, mas infelizmente ele é obrigatório e não opte por simplesmente esquecê-lo: é encrenca certa!
No caso específico de Maceió, você poderá quitá-lo em 10 parcelas mensais, mas, optando pela cota única (à vista, portanto!), receberá um desconto de 15% sobre a soma das 10 parcelas. Fica então a pergunta: vale a pena aceitar o desconto oferecido pela Prefeitura?
Raciocine comigo: a taxa cobrada pela Prefeitura para financiar o imposto é de 3,81%ao mês. Percebo duas situações distintas:
(1) Você tem o dinheiro para a cota única: você levará vantagens no financiamento do imposto se conseguir aplicá-lo a taxas superiores a esta (por exemplo, se aplicasse a 5% ao mês, você teria um lucrinho, tomando emprestado da Prefeitura a 3,81% e aplicando a 5%). Infelizmente, na atual conjuntura do mercado, não há aplicações financeiras que ofereçam tal rentabilidade. Também não julgo adequado você se aventurar em bolsa, para tentar obter taxas maiores. Lembre-se, para pagamentos certos, não conte com ganhos incertos. Conclusão: se este é o seu caso, pague o IPTU à vista, atentando para a data de vencimento, que no caso de Maceió é 31 de janeiro.
(2) Você não tem o dinheiro para a cota única: você levará vantagens ao solicitar um empréstimo para quitar o imposto à vista, se conseguir obter uma taxa menor que os 3,81% cobrados pela Prefeitura. Fora o empréstimo com familiares ou amigos (com grande risco de perder a amizade ou brigar em família!), em uma rápida pesquisa no site do Banco Central vi que há opções para crédito pessoal não-consignado a taxas mais baratas, quer em financeiras, quer em grandes bancos. Vejo dois problemas neste caso: o primeiro é conseguir a aprovação do empréstimo em prazo hábil para liquidar o imposto em cota única; o segundo é a cobrança de outras taxas e IOF não incluídos nas taxas oferecidas pelas instituições, o que na prática acaba por aumentar o custo do empréstimo. Tudo isso e mais a grande possibilidade de você acabar se enrolando com a dívida bancária, minha sugestão é que parcele o IPTU, pagando nas datas estipuladas no carnê (evite a multa pelo atraso, é puro desperdício)!
Nesta altura, você deve estar se perguntando: “E qual a vantagem financeira comentada no título do artigo?” Bem, esta engenharia financeira é apenas para os que têm o dinheiro para a cota única. Entenda como fazê-la através da estória a seguir.
O IPTU de João e José (que moram em Maceió!!) é de R$1.000, em 10 parcelas de R$100 ou em cota única no valor de R$850. Vencem sempre no final do mês e, no banco onde têm conta, um fundo de renda fixa remunera a 0,8% ao mês. João decidiu pagar o IPTU a prazo e assim aplicou em 31/01 os R$ 850, correspondentes ao valor da cota única do IPTU. Ele também irá pagar as cotas de R$100 a cada final de mês, começando em 31/01. Em 30/11, sua aplicação financeira exibirá um saldo de R$920,50.
José, por outro lado, pegou os R$850 que tinha guardado e pagou o IPTU em cota única; ao mesmo tempo, em 31/01 depositou no fundo de renda fixa os R$100 referentes à primeira cota, em 28/02 mais R$100 referentes à segunda, e assim sucessivamente, até 31/10, vencimento da última cota. Em 30/11 sua aplicação financeira exibirá um saldo de R$1.045,07, uma diferença a seu favor de R$ 124,57, quando comparado ao saldo de João... nada mal, não? E isso para um IPTU de R$ 1.000, imagine para valores maiores!! E aí, após esta pequena estória, quem você preferirá imitar, João ou José?
Um grande abraço e até a próxima semana!
Observação: Todas as simulações feitas neste artigo basearam-se nos dados para a Prefeitura de Maceió, mas você poderá simular os resultados para outras prefeituras por meio da Calculadora do Cidadão no site do Banco Central (https://www.bcb.gov.br/meubc/calculadoradocidadao). Veja o passo a passo: (1) Para calcular a taxa de juros de sua prefeitura use a opção “Financiamento com prestações fixas”: como geralmente a primeira cota e a cota única vencem na mesma data, o “Número de meses” deverá ser a quantidade de parcelas diminuída de um (nesta simulação 9), o “Valor da prestação” será o valor da parcela do IPTU (nesta simulação usei R$ 100) e o “Valor financiado”, o valor à vista do imposto subtraído da primeira parcela (nesta simulação usei R$ 750). Deixando o campo “Taxa de juros mensal” em branco, pressione “Calcular” para obter a taxa; (2) Para calcular o valor acumulado caso opte por aplicar o valor do imposto à vista (o que foi feito pelo nosso amigo João), use a opção “Valor futuro de capital”, e preencha “Número de meses”, “Taxa de juros mensal” e “Capital atual” (nesta simulação usei 10, 0,8% e R$ 850, respectivamente); deixe “Valor obtido ao final” em branco e pressione “Calcular” para chegar à resposta; (3) Para calcular o valor acumulado caso opte por pagar o imposto à vista e aplicar as parcelas (o que foi feito pelo nosso amigo José), use a opção “Aplicação com depósitos regulares”, e preencha “Número de meses”, “Taxa de juros mensal” e “Valor do depósito regular” (nesta simulação usei 10, 0,8% e R$ 100, respectivamente); deixe “Valor obtido ao final” em branco e pressione “Calcular” para chegar à resposta.
Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)
Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.
Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.