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Confraternize!

26.03.2024 às 12:00

No próximo domingo comemora-se a Páscoa e, vocês, que eu sei que além de bons leitores, boas leitoras, também têm familiares ou amigos a quem quer agradar, já devem estar se planejando para não deixar passar a data em brancas nuvens. Claro, também é o meu caso: além de dois filhos queridos, tenho minha esposa e minha mãe ainda comigo, sempre a me apoiarem. Nada mais natural, portanto, que eu queira retribuir-lhes tanta atenção e bons momentos, adoçando seus paladares.

Pois é, a Páscoa, a celebração mais importante da Igreja Cristã, comemora a ressurreição de Jesus Cristo, e tradicionalmente usa o coelho – conhecido por sua fertilidade – e os ovos – representam o início da vida – como principais símbolos, sendo comum a troca de presentes como desejo para uma vida feliz. Bem, isso é o que, na essência, deveria ser o foco da festividade, mas, em épocas de consumismo exacerbado, o que tenho visto mesmo é o apelo puramente comercial... Como que confirmando minhas observações, fiquei com o queixo caído ao ler recente notícia de um ovo de 10 Kg (haja academia!) que estaria sendo vendido por R$ 1.090 (haja orçamento!). Incrível, não?

Assim, imaginando que você, assim como eu, dificilmente compraria um chocolate a este preço – não critico quem possa ou venha a fazê-lo, já que cada um é dono do próprio nariz e do próprio bolso – pensei em trazer no artigo de hoje, algumas sugestões para a comemoração, baseado no que já vivi e no que já ouvi.

(1) Avalie o preço do chocolate: Em função da data, observe que o mesmo chocolate tem o preço muito mais alto quando no formato de ovo. Logo, se seu orçamento anda apertado, mas ainda assim você quer dar o presente, estude a possibilidade de adquiri-lo no formato original (bombons, barras ou similares). Aposte nesta ideia principalmente quando o presenteado for adulto, que não faz tanta questão de descobrir a surpresa dentro do ovo.

(2) Atente para a data da compra: O ideal é não deixar para muito em cima da hora pois mesmo nos grandes varejistas, as melhores relações custo/benefício terminam rápido, e você correrá o risco de ser obrigado a adquirir os produtos mais caros. Também não partilho da ideia de deixar para comprar após a data sob a alegação de uma suposta queda nos preços. Não foi o que percebi no ano passado, por exemplo, ainda que tenha que admitir que minha análise ficou restrita a dois ou três supermercados diferentes.

(3) Promova uma caça aos ovos: Como na Semana Santa os feriados são prolongados, não é incomum famílias viajarem juntas, principalmente quando as crianças já têm relacionamento entre si e os pais também. Quando os meus filhos eram pequenos, viajava com pais de seus amigos de sala, e combinávamos que todos os ovos adquiridos por cada família seriam escondidos na noite de sábado para, no domingo, promovermos uma grande caça aos ovos, o que deixava a criançada bastante alvoroçada, em horas de brincadeira. Finalizado o passatempo, tudo o que fosse encontrado era igualmente dividido, evitando-se assim que os mais velhos levassem vantagem indevida sobre os mais novos.

(4) Dê o presente de acordo com seu orçamento: Quem disse que aquilo que é mais caro necessariamente fará mais sucesso? No caso da Páscoa e com crianças mais novas, por exemplo, parte da diversão está na procura, outra parte está no desembrulhar dos ovos para encontrar a surpresa... Eventualmente, vários ovinhos podem fazer mais sucesso do que uma unidade maior. Há ainda a opção de se fazer o ovo artesanalmente, o que acho interessante para aqueles cuja lista de presenteados, por ser muito extensa, poderia derrubar o orçamento caso a escolha recaísse nos produtos prontos.

(5) Pesquise sempre: Como em qualquer compra – e não apenas na Páscoa – pesquise nos jornais, revistas, Internet, evitando assim deslocamentos desnecessários para se fazer o levantamento dos preços. E se a marca desejada ficou muito mais cara, que tal substitui-la por outra mais barata?

(6) Pague preferencialmente à vista: E neste caso não porque você irá conseguir descontos, mas sim por não perceber qualquer sentido em se pagar a prazo por um prazer que será praticamente consumido à vista... Similar à ida a um restaurante: que eu saiba você não solicita um crediário quando vai jantar fora, não é mesmo?

(7) Preserve o espírito de confraternização: A meu ver o que há de melhor na data. Uma ótima oportunidade para conviver com família e amigos em agradáveis conversas e boas risadas, não é mesmo?

Um grande abraço e até a próxima semana!

PS: Continuaremos a sequência de artigos sobre previdência na semana seguinte. 

Postado por Inteligência Financeira

De quanto preciso?

18.03.2024 às 07:20


Dando sequência ao que conversamos no artigo da semana passada (As aparências enganam), a primeira etapa da estratégia para que você, caro leitor, cara leitora, possa se proteger financeiramente na fase em que não mais estiver na ativa é realizar uma estimativa de quanto precisará de complemento de renda para a manutenção do padrão de conforto a que está acostumado ou a que deseja ter no futuro.

Vale aqui usar o bom-senso, ou seja, não imaginar que se vivemos hoje com um padrão de R$ 5.000 mensais durante nossa fase ativa, conseguiremos dobrá-lo ou, inversamente, reduzi-lo quando entrarmos na fase do descanso. O mais razoável é estimarmos que precisaremos de renda aproximadamente idêntica ao nosso último salário (ou qualquer outro rendimento) enquanto ativos pois, mesmo que economizemos em itens que antes eram relevantes em nosso orçamento – refeições no ambiente de trabalho ou programas de atualização profissional, por exemplo – possivelmente arcaremos com custos adicionais em planos de saúde, lazer e outros. Mas esta não é uma regra fixa. E não custa lembrar que a decisão de formar um colchão de segurança para o futuro passará necessariamente por uma restrição no consumo presente... não há mágica!

Também é importante salientar que o planejamento para a aposentadoria deve estar desvinculado de outros planos que estejam em mente, como ajudar na compra do apartamento do filho que irá se casar ou realizar a viagem há tanto tempo tão sonhada, por exemplo. O roteiro que apresento a seguir foi simulado para um personagem que consegue R$ 15.000 de renda bruta mensal, mas pode ser ajustado para se adaptar a sua específica realidade. Vamos lá?  

1) Renda bruta total durante a fase ativa: Corresponderá à soma dos valores brutos recebidos antes de quaisquer descontos. Nosso personagem, o Renato, recebe um salário bruto de R$ 13 mil, complementados por R$ 2 mil referentes ao aluguel de imóvel de sua propriedade, não entrando aí as taxas associadas a este imóvel, que são reembolsadas por fora.

2) Renda bruta disponível: Corresponderá ao valor citado no item anterior abatido dos descontos que irão desaparecer na fase de aposentadoria, como por exemplo, as contribuições para o INSS e/ou entidades profissionais.  Renato é descontado em R$ 900 mensais, apenas para o INSS. Sua renda bruta disponível é, portanto, de R$ 14.100 mensais. Caso participasse de um fundo de pensão e contribuísse mensalmente, também deveria ter este valor abatido. Não incluo os descontos do imposto de renda por dois principais motivos: o primeiro é porque ao se aposentar, sua renda também sofrerá a incidência do IR, o segundo é porque, a maioria dos planos de previdência vendidos pelos bancos e seguradoras, informa valores em termos brutos. Importante notar que este é o total de recursos que Renato dispõe hoje para tocar a sua vida.

3) Renda bruta para a manutenção do padrão quando inativo: Corresponderá ao valor citado no item anterior diminuído das despesas que irão desaparecer. Importantíssimo ser muito criterioso neste caso: o custo da educação dos filhos é quase certo que venha a desaparecer, já a redução do valor do plano de saúde – por não mais assumir o filho como dependente – nem tanto, já que em função da idade, o custo aumenta. Conservador, Renato prefere abater apenas a despesa de R$ 3.000 mensais com a educação do filho, o que faz com que sua renda bruta para manter seu padrão quando parar de trabalhar fique em R$11.100.  

4) Complemento de renda a se conseguir: Corresponderá ao valor citado no item anterior diminuído de todas as receitas futuras que estejam de certa forma garantidas, tais como o benefício do INSS e dos fundos de pensão que participe, dos aluguéis que receba e outras receitas. Nas condições atuais, e assumindo que continue a manter o imóvel de sua propriedade alugado, Renato terá R$ 7.786 correspondentes ao teto do INSS acrescidos dos R$ 2.000 de aluguel. Precisará, portanto, complementar sua renda em R$ 1.314.

O passo a passo apresentado foi meramente sugestivo, tendo por finalidade fazer uma estimativa do valor que Renato irá precisar. Relembrando que para obter o complemento desejado ele precisará reduzir seu consumo atual para guardar dinheiro para o futuro – portanto um sacrifício – nunca é demais ser cuidadoso nesta análise.

Finalizando, outro ponto também importante a considerar é a possibilidade de, ao longo de sua carreira, promoções, aumentos por méritos ou mesmo mudanças de emprego, Renato ter um aumento de renda, e, por conseguinte, aumentar o seu padrão de vida. A melhor sugestão para este caso é que ele periodicamente refaça seu planejamento de forma a sempre preservá-lo.

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

As aparências enganam

11.03.2024 às 06:40


O recente debate sobre a inclusão dos motoristas de aplicativo entre os beneficiários da previdência oficial, trouxe-me de volta à questão do que chamei em artigo anterior (Seguro morreu de velho) de seguro de vida longa. Trata-se, na realidade e de forma sucinta, de formarmos uma rede de proteção financeira quando não mais estivermos em vida laboral ativa!

E vocês, meus queridos leitores e minhas queridas leitoras, estão atentos a isso? Para provocar a sua reflexão, lembrei-me de palestra onde perguntei à minha audiência sobre como estes três fatos afetariam suas vidas: (1) O brasileiro está vivendo mais; (2) A taxa de juros está caindo; (3) Está cada vez mais fácil consumir. Como eu já esperava, a maioria respondeu que os três lhes afetariam positivamente, ou seja, hoje estariam melhores do que ontem. Mas será isso mesmo? Indo mais a fundo, como isto impacta a nossa maior longevidade?

Não tenho dúvidas de que todas essas notícias sejam ótimas notícias, mas lembro que quem trabalha na iniciativa privada e ganha mais do que R$ 7.786 (teto do INSS em 2024), precisará complementar sua aposentadoria caso queira manter seu padrão de vida. Xiii! Começo a me preocupar. E, para mostrar a você porque, imaginei inicialmente que José, 30 anos, com um salário atual de R$ 8.800 mensais, quisesse/precisasse um complemento de renda de R$ 1.000 mensais quando atingisse 65 anos, de forma a manter o seu atual padrão de vida. Supondo que ele consiga aplicar os recursos à taxa real (além da inflação) de 4% ao ano, sua contribuição mensal deverá ser de R$ 150,96 caso viva até os 80 anos. Avaliemos cada uma das afirmativas que deixaram meus ouvintes satisfeitos:

(1) O brasileiro está vivendo mais: Isto significa que ao invés de 80 anos, José possivelmente viverá até os 85 ou 90 anos. Ora, se sua sobrevida após parar de trabalhar aumenta e o seu tempo de contribuição não, será necessário aumentar sua aplicação mensal para compensar o prazo dos benefícios, que ficou maior. Se José viver até os 85 anos, precisará poupar  R$ 184,52 mensais. Se chegar aos 90, esse valor subirá para R$ 212,11. Vejam que paradoxo: se por um lado o aumento da expectativa de vida é bom – irá nos deixar em contato com nossos queridos por mais tempo – por outro irá obrigar-nos a aumentar o sacrifício, renunciando ao consumo de hoje para manter um padrão razoável no futuro.

(2) A taxa de juros está caindo: Isto significa que ao invés de receber 4% ao ano sobre os valores que poupava, José passaria a receber menos, suponha que 2% ao ano. Para os endividados, esta pode ser uma boa notícia, mas para José não! Para manter seu complemento de R$ 1.000 no futuro, ele precisará contribuir com R$ 257,01, caso viva até os 80 anos e mantidas as demais condições constantes. Bem mais do que calculamos antes (R$ 150,96), não é mesmo?

(3) Está cada vez mais fácil consumir e, por conta disso, a decisão de começar a contribuir para o seu seguro de vida longa tem sido adiada. Assim, supondo que José espere até os 35 ou 40 anos para começar a guardar (parando a contribuição aos 65, vivendo até os 80 e à taxa de 4% ao ano), sua contribuição precisará passar respectivamente para R$ 198,24 ou R$ 266,97, mais que os R$ 150,96 originais.

A esta altura você deve estar se perguntando sobre o que aconteceria caso José vivesse muito (até 90) e iniciasse sua poupança mais tarde (aos 40) em um ambiente de juros baixos (2% ao ano). Éééé... ficará caro mesmo pois, neste caso, a contribuição mensal passará para R$ 609,53 para fazer frente aos efeitos combinados! Conclusão: nem tudo é exatamente aquilo que parece ser, não é mesmo? E agora, o que você responderia se estivesse assistindo à minha palestra?

Um grande abraço e até a próxima!

Postado por Inteligência Financeira

Criando seu fundo de emergência

04.03.2024 às 10:00
Reprodução Internet


Você, querido leitor, querida leitora, que tem me acompanhado aqui nessa jornada, decerto percebeu que emergências financeiras não avisam quando irão ocorrer, dentre elas, as que chamei de emergências do dia a dia, cujo antídoto adequado seria o fundo de emergência.

Na essência, tal fundo assemelha-se a um seguro, pois mensalmente você pagará uma prestação – como atualmente faz para proteger seu carro – e, somente deverá resgatar os recursos depositados no caso de um acidente financeiro, como aconteceria caso você se envolvesse em um acidente automobilístico. Duas diferenças, entretanto, merecem atenção: (1) o controle sobre depósitos e retiradas é totalmente seu e não da seguradora, o que exigirá de você muita disciplina e renúncia para evitar gastar o saldo acumulado em itens não emergenciais – viagens, trocas de carro ou de guarda-roupas, por exemplo; (2) terminado o prazo de cobertura (suponha que em um ano você tenha conseguido acumular o saldo necessário à sobrevivência em uma crise) o dinheiro acumulado estará incorporado ao seu patrimônio, o que não ocorre no caso de uma apólice contra acidentes, que exige a renovação – e nova despesa – a cada ano. Vejamos a seguir algumas dicas!

QUANTO ACUMULAR? O ideal é que você tenha acumulado um saldo equivalente a pelo menos seis meses (quanto mais, melhor!) de seus gastos. Um bom controle de seu orçamento ajudará na tarefa: some todas as despesas necessárias à manutenção do seu atual padrão de vida em um mês, mesmo sabendo que, no caso de um acidente financeiro, instintivamente você irá reduzi-las. Por segurança, recomendo que acrescente uns 10% sobre o total, para fazer frente às despesas que você esqueceu de anotar. Multiplique o total por seis, se você julgar que seis meses são suficientes para uma emergência financeira.  

ONDE GUARDAR? Teoricamente, você poderia guardar estas reservas até mesmo em casa, ainda que isto não seja recomendável por questões óbvias de segurança. Na prática, o fundo de emergência poderá ser formado a partir dos saldos de diferentes aplicações financeiras, respeitadas aí as considerações sobre liquidez e rentabilidade (veja os próximos itens). O mais importante é você não misturar o saldo deste fundo com suas demais contas e investimentos.

QUAL A LIQUIDEZ? É importante que os recursos estejam em uma ou mais aplicações de fácil acesso no caso da emergência, preferencialmente fundos, Poupança ou títulos que possam ser transformados em dinheiro no curto prazo. Imóveis, pela baixa liquidez e ações, pela volatilidade, não são recomendáveis.

E A RENTABILIDADE? Esta não deve ser a prioridade em sua escolha, que deve estar baseada na liquidez (usualmente, aplicações com baixa liquidez – um CDB, por exemplo – tendem a remunerar o investidor com taxas maiores do que aquelas de alta liquidez – um fundo de resgate imediato, por exemplo). Mas uma alternativa viável e interessante é você distribuir os recursos que formem o fundo em aplicações com diferentes prazos de liquidez, melhorando assim a rentabilidade total (se a emergência ocorrer, você não irá utilizar o saldo acumulado todo de uma vez, concorda?). Exemplificando: se seu padrão de gastos é de R$ 5 mil mensais, procure acumular R$ 30 mil no seu fundo de emergência, que poderão ser distribuídos da seguinte forma: R$ 10 mil em aplicações de liquidez imediata (D0), R$ 10 mil em aplicações com liquidez em 30 dias (D30) e o restante em aplicações com liquidez em 60 dias (D60).

ACESSO: Apesar de líquido, ajudará se você mantiver o fundo longe da conta bancária que você utiliza em seu dia a dia. Abri-lo em um outro banco pode ser uma alternativa para você esquecer de sua existência (do fundo, por favor!) e evitar a tentação de gastá-lo.

Acho a idéia do fundo muito interessante; deveria ser mesmo um de nossos primeiros objetivos financeiros... afinal, tranquilidade, mesmo diante de uma crise, não tem preço, não é mesmo?

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Dosagem certa

26.02.2024 às 08:20


Conforme citei no artigo da semana passada, emergências não nos avisam quando irão ocorrer, e dentre elas, tenho a impressão de que as emergências  financeiras parecem nos assustar com maior frequência.

Uma das primeiras proteções que precisamos ter é aquela relacionada às eventualidades do dia a dia, que surgem pelos mais variados motivos, como um acidente ou uma internação médica, por exemplo. Estarmos livres delas é quase impossível, reconheço; prepararmo-nos para conseguir enfrentá-las nem tanto...

Parte dessas emergências poderá estar coberta por produtos vendidos pelas seguradoras, como é o caso de seguros contratados por profissionais liberais que garantem diárias por dias parados. Mas o que fazer contra as emergências não cobertas? Numa situação extrema, como lidar com seis meses de desemprego?

Para ajudar a compreender a questão, imaginem três amigos, com o mesmo nível salarial e de despesas, mas que, de uma hora para outra, precisem o equivalente a dois meses de salário para fazerem frente a um cataclisma orçamentário: André nada tem de reservas; Bruno tem reservas aplicadas em investimento de baixa liquidez (ações, imóveis, fundos ou títulos com restrições de resgate); Carlos tem parte de suas reservas em uma Poupança.

Conseguir o dinheiro emergencial, possivelmente fará André tomar empréstimos em condições desfavoráveis, isso se não cair na armadilha do financiamento por meio do cheque especial. Planejou-se mal, não é mesmo?

Decerto Bruno, ao procurar investimentos de baixa liquidez, objetivava obter maiores rentabilidades para o seu dinheiro, estratégia que seria vencedora se a emergência não tivesse surgido. Diante do novo quadro, entretanto, talvez acabe no mesmo balcão que André, salvo se conseguir negociar com o outro lado...  Mas desde quando uma emergência espera?

Melhor postura teve Carlos, não apenas por ter sido previdente e guardar parte do que ganha (Bruno também fez isso), mas também por ter reservado parte de que guarda em instrumentos de elevada liquidez como a Poupança, ainda que venha a perder a rentabilidade do período caso resgate fora da data de aniversário da aplicação.

Conclusão: criar um fundo de emergência como nosso amigo Carlos fez não é tão difícil, bastando que vocês, meus queridos leitores, minhas queridas leitoras, se disponham a não torrar tudo o que ganham e direcionem seus esforços para o produto adequado. Mas atenção: não é para gastar essa reserva, nem que para isso seja necessário abrir uma conta em outro banco que não aquele onde vocês pagam suas contas do dia a dia.

O passo a passo e as dicas de como criar – e gerenciar – o seu fundo de emergência serão o tema do meu próximo artigo!

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Seguro morreu de velho

19.02.2024 às 07:40


Mais ou menos nesta mesma época pós-Carnaval há alguns anos, estava eu assoberbado de tarefas para tocar adiante quando fui pego em uma emergência daquelas de tirar o sono. Possivelmente por ter usado uma rede WiFi fora do meu ambiente natural, tive meu computador invadido por uma espécie de vírus, tecnicamente um ransomware.

De acordo com os especialistas da área, trata-se de um tipo de ameaça que entra furtivamente na memória do equipamento e criptografa arquivos texto, documentos, planilhas, apresentações e fotografias, inibindo assim o seu acesso. E, para que você volte a tê-los nos formatos originais, é preciso que pague um resgate, daí a classificação como ransom (resgate em inglês), que tal?

A muito custo consegui me livrar do danado, mas não vou cansar meus queridos leitores e leitoras com detalhes, já que este espaço não se destina ao tema. Entretanto, uma das coisas que minimizou o problema foi eu estar preparado para eventuais emergências ao manter meus arquivos originais em um serviço atualizado de armazenamento... Talvez por pura sorte, já que quando o assinei, pareceu-me uma inutilidade, opinião que hoje mudei radicalmente.

Fazendo analogia com a saúde do bolso, fiquei pensando se eventuais emergências financeiras irão nos encontrar preparados ou colocar-nos em desespero... Emergências financeiras podem acontecer com qualquer um; no entanto, percebo que ainda são poucos os que se preparam para elas.

Acertou quem já sacou que o papo neste e nos próximos artigos irá girar em torno dos seguros. Noto que, pelo menos aparentemente, a preocupação da maioria recai muito mais sobre o seguro de automóveis (contra roubo, colisão e terceiros), do que sobre outras modalidades, fato que me chama a atenção pois o eventual sinistro de trânsito, ainda que traga impacto no patrimônio, é muito menos nocivo ao orçamento/planejamento financeiro do que outros tipos de “acidentes” que tendem a perdurar, como por exemplo a perda (esperamos que temporária!) do emprego.

Sem a pretensão de esgotar o tema, citaria três áreas em que a prudência indica onde focar a atenção:  

(1) Dia a dia: Como se preparar diante de uma colisão não coberta pela franquia, uma internação médica às pressas, uma despesa extra escolar ou mesmo, em caso mais grave, um período sem emprego? Um fundo de emergência pode ser a solução, evitando que tais eventos nos levem ao uso descontrolado de cheques especiais e/ou cartões de crédito!

(2) Vida longa: Não deixa de ser uma ironia, mas o avanço da medicina tem permitido vivermos mais, com qualidade de vida e, portanto, com maior consumo. Isso é ótimo! Mas como nos preparar para o momento em que não mais estivermos na força de trabalho? Pesquisar alternativas para a aposentadoria decerto evitará o sufoco, e aqui há inúmeras opções,  não limitadas exclusivamente à previdência oficial ou aos planos de previdência privada.

(3) Vida curta: É uma questão que muitos pensam, mas quantos efetivamente protegem a si e aos seus contra eventualidades que possam reduzir ou mesmo eliminar sua capacidade de gerar renda? Um seguro de vida e/ou de acidentes pessoais é o remédio indicado, variando, entretanto em função da idade, do patrimônio já acumulado e de outras variáveis, tais como o número e a idade dos dependentes, por exemplo!

Conversaremos sobre cada um destes temas nos próximos artigos, mas  enquanto não chegamos lá, recomendo fortemente o uso de um antivírus e a cópia de segurança de todos os seus arquivos.

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Desfile das campeãs

12.02.2024 às 12:00


Carnaval quase encerrado, enquanto espera-se ansiosamente o placar final da competição das escolas de samba, entendo que já está mais que na hora do ano começar, não é mesmo? Fiquei sinceramente com a impressão – pelo menos no meu caso! – de ter desnecessariamente protelado algumas decisões até que a sequência “Ano Novo – Férias – Carnaval” virasse passado... Agora não tenho mais desculpas: os exames periódicos de saúde, a revisão no guarda-roupa, os consertos caseiros do que se quebrou pelo caminho entram na agenda com prioridade absoluta.

E você, meu querido leitor, minha querida leitora, ainda estão na folia? Então aproveitem esse finalzinho de festa para, em seguida, botar a mão na massa e fazer as coisas acontecerem. E, como aqui no nosso espaço lidamos mesmo é com as finanças pessoais, fiquei pensando quais dificuldades podem estar protelando a execução de seus planos, caso uma de suas prioridades seja aumentar o próprio patrimônio...

Bem, acredito que possa ajudá-lo se suas dificuldades forem conceituais: sugiro que concentre suas iniciativas e esforços de acordo com as dicas seguintes, baseadas nas dúvidas mais recorrentes trazidas por leitores, alunos, amigos e familiares, verdadeiros campeãs de popularidade, que tal?

(1) Bem ou patrimônio? Ainda há muitos que confundem os dois conceitos. Grosso modo, bem corresponde a tudo aquilo que está em seu nome, tais como contas e aplicações financeiras, ações, automóveis e imóveis, por exemplo, enquanto patrimônio corresponde ao valor de todos os bens diminuído do valor das dívidas. Exemplificando: se você possui apenas um imóvel de R$ 500 mil, pelo qual ainda precisará pagar R$ 350 mil, seu bem vale R$ 500 mil, mas seu patrimônio apenas R$ 150 mil.

(2) Nem toda movimentação financeira afeta o seu patrimônio. Verdade, apesar de muitos acharem que não. Ao comprar um apartamento à vista, por exemplo, você está apenas trocando um bem – o saldo na conta corrente – por outro – o apartamento; e, ao comprá-lo a prazo – suponha sem juros – você estará apenas aumentando o valor dos seus bens – o apartamento – às custas de uma obrigação – o financiamento.

(3) Seu padrão de vida afeta o seu patrimônio. Ganhos – salários, por exemplo – irão aumentá-lo, enquanto despesas – educação, alimentação e transporte, por exemplo – irão diminuí-lo.  Gastar menos do que se ganha é a primeira grande fonte para fazer sua riqueza crescer!

(4) Alguns bens podem aumentar o seu patrimônio... Bens de investimento como um apartamento por exemplo, além de gerarem renda (aluguel) poderão, caso se valorizem, aumentar também a sua riqueza. Aplicações financeiras, ações, ou participações em empresas também se enquadram neste caso.

(5) Outros bens nunca aumentarão o seu patrimônio! Bens de consumo, mesmo que duráveis como um automóvel, por exemplo, dificilmente irão gerar renda (salvo se você trabalhar em transporte!), noves-fora o fato de sempre desvalorizarem-se, diminuindo assim o seu patrimônio.

(6) Financiamentos: Como normalmente há a cobrança de juros, é quase certo que o bem que você comprou a prazo valha menos que o total da dívida contraída. Sem contar que nos casos pós-fixados, as dívidas poderão ser reajustadas para cima, diminuindo assim o seu patrimônio. Assim, todo cuidado com eles é pouco, concorda?

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Colombina e sua dívida

05.02.2024 às 11:20


Colombina é uma foliã que, após dois anos de desequilíbrio entre o que ganha e o que gasta – algo próximo dos R$ 1.000 mensais – resolveu contrariar a música, decidindo não mais dançar o iê iê iê. Também pudera: como citei no meu artigo da semana passada, após quatro renegociações do saldo vermelho de seu cheque especial, ela tem hoje uma dívida de R$ 50.115, dos quais apenas R$ 24 mil foram usados em suas despesas. E o problema perdura... Como resolver?

Vocês, meus queridos leitores, minhas queridas leitoras, sempre atentos, já devem ter percebido que nossa amiga tem, na realidade, dois problemas distintos para resolver: (1) a dívida hoje acumulada: como pagar? (2) o desequilíbrio em suas contas: como se reequilibrar? Apesar de distintos, engana-se quem achar que os problemas possam ser resolvidos separadamente, já que um realimenta o outro e vice-versa.

Arriscaria mesmo a dizer ter sido este o erro da foliã há alguns carnavais passados. Ao detectar suas encrencas financeiras quando estas ainda tinham dimensões razoáveis (no oitavo mês após o início do desequilíbrio, sua dívida total era de apenas R$ 11.205, no cheque), Colombina acreditou que seria possível tratar apenas dos sintomas (a febre da dívida) sem contudo ir a fundo nas causas da sua infecção (gastar mais do que ganha).

Assim, se por um lado a sua decisão de transformar o saldo devedor do cheque em um empréstimo de 36 parcelas fixas de R$ 592 foi correta – os juros do empréstimo são menores do que os cobrados no especial –, por outro revelou-se incompleta pois, ao não alterar seu padrão de ganhos-e-gastos, acabou por aumentar seu desequilíbrio para R$ 1.592 mensais. Resultado: o prazo original de oito meses que Colombina levou até precisar renegociar o saldo devedor do seu cheque pela primeira vez reduziu-se para seis meses até necessitar uma segunda renegociação e para cinco meses, nas renegociações seguintes (ao todo quatro), lembram?

Para tudo há uma solução, e isso não é diferente para o caso que aqui relato, baseado em personagem real que assessorei. Por incrível que pareça, a parte mais fácil da resolução é fazer contas, planejar cenários. O difícil mesmo é convencer Colombinas – e Pierrots – a tomarem uma atitude. Mas vejamos as soluções propostas!

Em casos assim, a primeira coisa a fazer é eliminar toda a atual dívida, tanto a do cheque especial quanto a dos carnês. No caso em questão isto significava liquidar os R$ 50.515, conforme proposta do banco. Para isso vale sacar saldos de aplicações financeiras, vender bens de consumo duráveis – o carro, a moto, o título do clube ou qualquer outro ativo que possa ser transformado em dinheiro. Colombina topou liquidar o saldo de sua Caderneta e trocar o carro caro por outro mais barato (e de segunda mão!), zerando assim um passado financeiro nefasto.

Reestruturada a atual dívida, passemos à parte mais difícil, o reequilíbrio orçamentário. Desde que a solução não envolva novos empréstimos, os que vivem situação similar precisarão eliminar os desajustes entre receitas e despesas. Ao longo dos seis meses que se seguiram à quitação de sua dívida junto ao banco, Colombina fez das tripas coração, cortando tudo o que podia para eliminar os R$1.000 de diferença entre seus ganhos e gastos: eliminou desperdícios e supérfluos, saiu menos, andou mais de ônibus, passou a ser mais firme em negar demandas crescentes dos filhos. Foi duro, eu sei, mas teria sido pior se tivesse optado por manter seu padrão de consumo inalterado, revivendo assim o que, após dois anos, levou-a a eliminar o saldo da Caderneta e trocar de carro... o que seria desta vez, vender seu imóvel?

Claro que viver desta forma não traz alegria a ninguém, e nossa personagem não é exceção. Para voltar a ter (ou até mesmo superar) o seu padrão de vida anterior, será necessário aumentar a sua renda, o que Colombina tem diligentemente procurado aceitando pequenos trabalhos temporários fora de seu expediente normal, que tal?

Um grande abraço, ótimo Carnaval e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Colombina onde vai você...?

Desatenção e comodidade fazem a festa dos bancos no feriadão

29.01.2024 às 07:20


Na marchinha de Carnaval, ela ia dançar o iê iê iê (como chamavam o rock brasileiro nos anos 60), e parece que ainda continua a dançar, talvez com outros ritmos. Alegria para a foliã, suponho! Alegria para bancos, tenho certeza, pois mesmo diante dos feriados bancários, cobrarão juros pelo uso do cheque especial daqueles que entrarem na farra com saldo negativo (de sexta antes do feriadão à quarta de cinzas, serão cinco dias de juros)! Quem mandou estarem desatentos?

Desatenção e comodidade fazem a festa. Há bancos cobrando até 11,11% mensais de juros pelo serviço (confira ranking completo ), o que transforma qualquer desequilíbrio temporário no orçamento em problema de proporções catastróficas. Simulo aqui um caso baseado em situação real que ajudei a resolver.

Nossa personagem, a Colombina, sempre foi equilibrada, mas nos últimos dois anos, veio apresentando déficits mensais em seu orçamento, já que ganha R$ 5 mil, mas gasta R$ 6 mil. Logo quando o problema surgiu, não prestou a devida atenção, até mesmo porque, julgava-o passageiro. Além disso, o longo relacionamento bancário lhe garantia um cheque especial, com juros de 8,5% ao mês. Nos cinco primeiros meses, ainda houve momentos em que sua conta apresentava saldo positivo, mas a partir do sexto não deu mais: ficava sempre no vermelho. Resultado: após dois anos nesta situação, nossa amiga deve hoje R$ 50.115 ao banco...

Mas – leitores e leitoras atentos vêm decerto me lembrar – Colombina não ficaria no vermelho por tanto tempo sem um acordo bancário. OK, acatando a sugestão, transformei o saldo negativo de R$ 11.205 (8º mês) em 36 mensais de R$ 592 (empréstimo a 4% ao mês). É o que aconteceu quando ela foi ao banco para renegociar sua dívida do cheque especial. Apesar de ter tomado uma atitude correta, trocando uma dívida cara (a 8,5% ao mês) por uma mais barata (a 4% ao mês), a foliã se esqueceu de um detalhe importante: por não mudar seu padrão de despesas, seus desembolsos mensais aumentaram, passando a ser de R$ 6.592, correspondentes aos R$ 6.000 de seus gastos usuais acrescidos da prestação do empréstimo bancário.

Com o persistente desequilíbrio entre suas receitas e seus desembolsos, ao final do 14º mês, sua conta corrente apresentava saldo negativo de R$ 12.488, levando-a a fazer uma nova renegociação com o banco. Nesta ocasião, além da conta corrente em vermelho, o saldo devedor de seu empréstimo era de R$ 10.247, e o prestativo gerente juntou os dois valores em um único novo empréstimo, no valor R$ 22.736 em 36 parcelas de R$ 1.202,45, calculadas à taxa de 4 % ao mês. Não é preciso ser um gênio da lâmpada (fantasiado ou não!) para perceber que, ao não atacar o desequilíbrio de suas contas, Colombina apenas empurrou o problema para a frente.

De fato, o processo descrito nos parágrafos anteriores se repetiu ao final do 19º e do 24º mês. Resultado: ao todo quatro renegociações e uma dívida total de R$ 50.115, dos quais apenas R$ 24 mil foram destinados para uso próprio em suas despesas.

Acerta quem acha que fui fantasioso (espírito carnavalesco, talvez!) ao contar a estória acima; a realidade é pior: para chegar ao seu último acordo, a Colombina de carne, osso e CPF, ainda foi obrigada a levar seguro e capitalização para casa. Convenhamos, assim não há iê iê iê que dê jeito, não é mesmo? Mas há soluções, acompanhem o próximo artigo!

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Poupando com o IPVA... será?

22.01.2024 às 07:20


Leitores e leitoras que me acompanham, viram no artigo anterior as minhas dicas de como lidar com o IPTU, que em Maceió, pelas condições de pagamento, embutem uma taxa de 3,81% ao mês para o parcelamento do imposto oferecido pela prefeitura. A conclusão neste caso foi que, diante de uma taxa alta como esta, a maior vantagem seria aproveitar o desconto oferecido pela prefeitura e liquidar o IPTU à vista, pelo menos para aqueles que tivessem os recursos necessários para isto... e para os mais disciplinados, aplicar periodicamente o valor das parcelas em algum instrumento de renda fixa.

No artigo de hoje, faço o mesmo exercício para o IPVA. Sendo um imposto estadual, datas de vencimento, opções de parcelamento e descontos dados pelo pagamento à vista variam de estado para estado; em alguns casos os vencimentos estão bem próximos, em outros não. De qualquer forma, minha primeira recomendação para você, meu caro leitor, minha cara leitora, é que consulte o site de seu estado, onde as instruções e opções para pagamento estão todas disponíveis. E não deixe de pagar o imposto, evitando assim encrencas quase certas!

No caso específico de Alagoas, você poderá quitá-lo em seis parcelas mensais, mas, optando pela cota única (à vista, portanto!), receberá um desconto de 5% sobre a soma das seis parcelas. Conforme pesquisa feita no site da Secretaria de Estado de Fazenda de Alagoas (veja o link ao final do artigo), é possível ainda obter descontos para os que participem do Programa Nota Fiscal Cidadã, o que entretanto não será abordado por aqui. Fica então a pergunta: vale a pena aceitar o desconto oferecido pelo Estado? Analisemos...

O prazo para pagamento da cota única com desconto é 31/01/2024, mas chamou-me a atenção para as condições de parcelamento, que variam de acordo com o final da placa. Por exemplo, para os finais 1 e 2, a primeira parcela vence em 28/02/2024 (as restantes ao final de cada mês subsequente), para os finais 3 e 4, a primeira vence em 28/03/2024 (as restantes ao final de cada mês subsequente) e assim sucessivamente, até os finais 9 e 0, quando a primeira vence em 28/06/2024.

Considerando que o prazo para pagamento em cota única é idêntico para todos os finais, a consequência deste escalonamento é que as taxas cobradas pelo Estado para financiar o imposto variam em função do final da placa... Pode isso, Arnaldo? Colocando em números: os proprietários de veículos com placas 1 e 2, pagarão 1,49% ao mês pelo financiamento, os com final 3 e 4, 1,15% ao mês, os com final 5 e 6, 0,94% ao mês, os com final 7 e 8, 0,79% ao mês e os com final 9 e 0, 0,69% ao mês...

Tomando como base a taxa média mensal praticada pelos bancos nas aplicações de renda fixa (hoje em torno de 0,8% ao mês), tecnicamente, aqueles que possuam os recursos para o pagamento do imposto à vista, deveriam optar pelo parcelamento apenas nos casos em que a taxa embutida no parcelamento pelo Estado fosse menor que a taxa de suas aplicações, o que em Alagoas corresponde aos proprietários de veículos de final 9 e 0 (desconsiderei os proprietários de veículos de final 7 e 8, cujo parcelamento a 0,79% ao mês, cobra de juros praticamente o mesmo valor que receberiam na aplicação financeira, a 0,8% ao mês). Para os demais casos, o mais adequado seria a quitação do imposto à vista.

Mas em termos práticos, e utilizando a mesma metodologia abordada para o IPTU (vide artigo anterior) será que as vantagens em aplicar o valor das parcelas do imposto para os proprietários com finais 1 a 6 são tão relevantes assim? Vejamos: para um IPVA cuja soma das parcelas seja de R$ 3.000 (o que corresponde a um veículo com valor de R$ 75.000), para os que tenham veículos de final 1 e 2, pagar o imposto à vista e aplicar as parcelas a cada mês, trará um ganho financeiro de R$ 71,08 (em relação aos que prefiram aplicar o valor do imposto incluído o desconto e optem pelo parcelamento), o que considero irrelevante em termos do valor envolvido (2,49% em relação aos R$ 2.850 à vista). Tal vantagem é ainda menor para os proprietários com finais 3 e 4 (R$ 47,16), e com finais 5 e 6 (R$ 23,05).

Conclusão: Dado que o financiamento do IPVA em Alagoas não custa tão caro assim, talvez seja conveniente declinar do desconto oferecido, aproveitar o parcelamento e guardar os recursos que seriam direcionados ao pagamento à vista para liquidar outros compromissos à vista ou mesmo dívidas que cresça a cada mês. Não se esquecer que ainda vão aparecer: matrícula e materiais escolares, férias e o IPTU da semana passada... todo planejamento é pouco!  

Um grande abraço e até a próxima semana!

Calendário para pagamento do IPVA 

Postado por Inteligência Financeira


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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