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É só alegria...

21.10.2024 às 08:20


E aí meu amigo leitor, minha amiga leitora, será que vocês também têm sentido uma certa euforia consumista no ar? Pois é o que aparentemente tenho percebido, ainda que possa estar equivocado, já que estas percepções estão associadas aos lugares que frequento, não é mesmo?

Mas pelo que tenho lido e/ou assistido, algumas pesquisas têm confirmado a minha impressão, noves-fora algumas evidências que parecem mesmo apontar nesta direção... Tomemos, por exemplo, coisas simples como ir a um cinema e constataremos que se não tivermos comprado os ingressos pela manhã, dificilmente conseguiremos assistir, na mesma noite, ao filme desejado; sucesso de público então, nem se fala, a recomendação segura é que se adquira o ingresso no dia anterior. Bares, restaurantes e assemelhados formam outra notável evidência, pois, seja no “a quilo” mais próximo, seja no sofisticado “à-la-carte”, parece-me que a mercadoria comum em todos os casos é mesmo a longa fila de espera! Claro que os pequenos sonhos de consumo que citei apenas acompanham a economia aquecida e por isso tão festejada (o mercado já projeta crescimento do PIB em 3,2% para o ano de 2024). É só alegria... Será?

Parte da melhora é explicada pelo aumento da renda do trabalhador (5,8% de acréscimo entre 2023 e 2024, conforme estudo do Ipea publicado em 6/9/2024) e, quanto a isso, como brasileiro, entro na lista dos que comemoram. Mas, sempre ressabiado, não chego a estourar o champagne, porque sei que boa parte da euforia vem sendo estimulada pela facilidade com que hoje se obtém crédito, principalmente nas compras parceladas com cartão... Infelizmente, não acredito que todo mundo que tenha pego emprestado (no cartão ou por meio de outras formas de financiamento) consiga devolver os valores compromissados nas datas de vencimento.

Para aqueles que me acharem pessimista (lá vem aquele chato, recomendando cuidado, pesquisa de preços e poupança), seguem duas manchetes recentes para ligarmos o alerta: (1) Dívida média dos brasileiros inadimplentes cresce quase 10% em 2024 (Estadão, Economia, 02/10/2024); A inadimplência aumentou 15,3%; (2) Cartão de crédito, água, luz e cheque especial são os principais vilões da inadimplência no país, revela pesquisa CNDL/SPC Brasil (Varejo S.A., 4/09/2024).

Você, que me prestigia, não precisa entrar nessa, não é mesmo? Até porque, este papo de que os juros nunca estiveram tão baixos, ainda não os coloca em patamares civilizados: relatórios publicados no site do Banco Central do Brasil mostram que na média, em setembro, pagamos 6,65% ao mês para usar o dinheiro fácil do cheque especial, 14,74% ao mês para usar o rotativo do cartão de crédito ou 9,34% para o parcelamento da dívida no cartão... E atenção: estas taxas referem-se a médias, há instituições cobrando bem mais que isto! Por exemplo, no caso do rotativo, a menor taxa praticada foi de 3,04% o mês, a maior de 22,07% ao mês... Oh!!!

Para dar uma dimensão da encrenca, saiba que saiba que nestes níveis (e utilizando as taxas médias citadas acima), uma dívida não paga, em média, dobrará em menos que 11 meses no cheque especial, em menos que 8 meses no parcelamento do cartão ou em cinco meses no rotativo do cartão,  velocidade espantosa se observarmos que a Poupança (0,5713% ao mês em 17/10/2024) levará 122 meses para fazer tal multiplicação! É mole ou quer mais?

Diante dos argumentos anteriores, listo algumas dicas, recomendadas para aqueles que se valem do meio mais fácil – e caro! – de crédito, o cartão: (1) Use-o como meio de pagamento, e não como renda extra, coisa que efetivamente ele não é; (2) Os gastos no cartão não devem superar a sobra do seu salário após o pagamento de todas as suas demais contas: o controle de suas despesas irá ajudá-lo a respeitar este limite; (3) No caso de uma emergência que ultrapasse o limite que citei – a compra inesperada de um remédio caro, por exemplo – seja previdente: evite novos gastos deixando-o na gaveta; (4) E finalmente, tendo seguido as dicas anteriores, o mais importante: liquide toda a fatura até a data do vencimento, evitando assim multas, juros ou, nos piores casos, a inadimplência, o SPC, etc, etc...

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Consumo consciente

14.10.2024 às 08:00


Sem dúvida, o padrão de consumo que a humanidade tem adotado até o momento tem sido fonte geradora de diversos distúrbios ambientais, econômicos e sociais, sendo os mais aparentes aqueles que assistimos pelos jornais e mídia televisiva, onde rios e lagoas transbordam por conta do excesso de lixo, garrafas plásticas e demais detritos jogados fora irresponsavelmente.

Parte do problema é jogarmos fora o lixo em locais inapropriados, mas ainda assim, mesmo se não o fizéssemos, como tratar a questão sobre o que fazer com as incontáveis toneladas de restos daquilo que não consumimos? A discussão não é recente, como atestam todos aqueles envolvidos com a coleta e destinação final do lixo nos grandes centros urbanos, mas por conta das mudanças climáticas e do alerta dado por ambientalistas mundo afora, o problema passou a integrar o cotidiano das empresas e indivíduos.

Pelo lado empresarial é cada vez mais comum recebermos ofertas de produtos e ações socialmente e/ou ecologicamente sustentáveis, indo desde e-mails e documentos onde se incentiva o arquivamento eletrônico (e não em papel), até o mobiliário produzido a partir de madeiras obtidas em reflorestamento, que tal?

Bem, e pelo nosso lado consumidor, como também poderíamos contribuir e incentivarmos essa onda para um mundo melhor? Tentando juntar este conceito com o objetivo maior de nossa coluna – as finanças do bolso – preparei uma listinha com algumas ideias para que você, meu querido leitor, minha querida leitora, possa fazer a sua parte!

(1) Por que comprar? É a primeira grande questão, pois muitas vezes o desejo se sobressai à necessidade. Alguns exemplos corriqueiros: é preciso adquirir o novo par de tênis de corrida se o antigo ainda vai durar pelo menos mais seis meses? Ou o novo modelo de celular quando o seu sequer tem um ano de uso? Ou um segundo automóvel para a família quando se percebe que o atual permanece mais tempo na garagem do que na rua?

(2) O que comprar? Esta já é uma questão mais elaborada pois nem sempre o produto consciente tem seu preço idêntico aos demais; nada, entretanto, que uma boa pesquisa de preços não resolva. Assim, se você efetivamente quer participar, escolha o móvel feito com madeira de reflorestamento e abra mão daquele de origem não comprovada; ou ainda, prefira a embalagem retornável ou de vidro à embalagem não reciclável. Há até casos de supermercados que dão pequenos descontos no preço final da conta caso você traga suas sacolas de casa dispensando as plásticas oferecidas pelo próprio estabelecimento. Vale verificar também se a aquisição do produto de segunda mão não irá satisfazer suas necessidades, com a vantagem de menor preço e, eventualmente, uma unidade a menos que precisará ser produzida.

(3) Como comprar? Uma vez tomada a decisão pelo produto consciente, feita a pesquisa pelo melhor preço e comprovada a qualidade do que foi adquirido, acho muito simples manter a loja, o fornecedor ou o site dentre os seus favoritos por ocasião da nova compra. Pessoalmente tenho feito isso, e não me limitado apenas aos produtos politicamente corretos, mas também junto a fornecedores que me tratam de forma diferenciada. Muitos deles, como forma de reconhecimento pela minha fidelidade, já me presenteiam com alguns descontos e ofertas a que antes ou em outras condições eu não teria!

(4) De quem comprar? Como a ideia de produto sustentável virou quase um atestado de que o produtor é “do bem”, ainda há muita má fé espalhada por aí, com ofertas se dizendo ser de um jeito quando na realidade são de outro, infelizmente. Procurar selos de qualidade ou informações em sites de reclamações pode vir a ser um bom antídoto para tais situações. No caso de produtos de segunda mão, avaliações prévias, documentação adequada e eventuais garantias, dentre outros itens, também deverá constar em sua pesquisa inicial.

(5) Como usar? Seguir as especificações do fabricante e adicionalmente zelar pela conservação daquilo que se adquiriu parece-me o mais adequado, não só por garantir o correto funcionamento e aproveitamento do produto, mas também por aumentar sua vida útil, adiando assim uma nova compra. No caso de produtos perecíveis como alimentos, por exemplo, consumir na quantidade adequada evitando o desperdício também produzirá este efeito.

(6) Como descartar? Talvez a pior questão a se colocar em prática pois há uma tendência a acharmos que uma vez desnecessário, o produto possa ser jogado em qualquer canto. O primeiro ponto a se refletir é se ele ainda pode ser utilizado e caso positivo, verificar se é possível revendê-lo ou doá-lo para quem precise, como no caso de roupas, mobiliário e eletrodomésticos. Para o lixo cotidiano muitas empresas e prédios já fazem sua coleta seletiva, o que somente exigirá que você separe aquilo que irá jogar fora. Ah, mas este não é o caso de onde você mora? Então que tal propor isso na próxima reunião de condomínio?

Um grande abraço e até a próxima!

Postado por Inteligência Financeira

Além do óbvio

07.10.2024 às 08:00


Dando sequência ao tema do artigo da semana passada (O custo da inércia) onde alertei sobre a necessidade de nos programarmos financeiramente para quando deixarmos de integrar a força de trabalho ativa, trago no artigo de hoje mais novo alerta para que você, querido leitor, querida leitora, não perca interessante oportunidade... Explico!

Com o fim do ano se aproximando, já percebo o movimento de investidores mais atentos querendo aproveitar a vantagem fiscal oferecida pelos planos de previdência privada do tipo PGBL, que permitem o abatimento das contribuições feitas da base de cálculo do imposto de renda, limitadas a 12% da renda bruta do aplicador.

Para quem ainda não fez, a hora é mesmo esta, já que daqui a pouco tempo, boa parte das empresas irá depositar o décimo-terceiro na conta de seus colaboradores. E a antecedência, neste caso, com certeza trará maiores condições de avaliação – valores, tarifas, rentabilidades e possíveis restrições ao aproveitamento do benefício – diante das propostas oferecidas pelas seguradoras.

Não tenho dúvidas de que o produto previdência privada tenha vindo mesmo para ficar, dada a sua imensa popularidade, mas quero usar o espaço do artigo de hoje para comentar alguns outros aspectos menos citados (e pouco explorados) envolvendo este tipo de aplicação. Para aqueles que precisem maiores detalhes sobre a vantagem fiscal, recomendo a leitura (ou releitura) do meu artigo Contratando planos de previdência-2 publicado neste blog em 16/04/2024, link ao final do texto.

(1) Transmissão de patrimônio: Desde que você defina beneficiário(s), o saldo existente no PGBL / VGBL não entra em inventário, servindo assim como uma excelente alternativa para transferência de bens entre gerações sem os custos de inventário e, dependendo do Estado, isentos de impostos de transmissão. Isentos anteriormente, a tributação destes planos tem sido motivo de ampla discussão junto ao STF e, pelo menos até o momento, não há uma decisão final, atenção!

(2) Seguro: Pela característica acima equivalem a um seguro emergencial, ideal para aquelas famílias com elevado patrimônio imobilizado, mas que diante do falecimento do titular, poderiam enfrentar dificuldades para iniciar o inventário. O seguro, neste caso, ao liberar rapidamente recursos em moeda corrente, serviria para que os herdeiros iniciassem todo o processo. Um exemplo de situação real da qual participei envolvia um empresário idoso, com quase R$100 milhões de patrimônio em imóveis, mas que diante da hipótese de falecimento, obrigaria os herdeiros a desembolsar em torno de 10% entre custos de inventário e ITCMD. Um VGBL no valor de R$ 10 milhões e tendo os herdeiros como beneficiários pôs fim à questão.

(3) Impenhorabilidade: Quando convertidos em renda, os planos passam a ter natureza alimentar, não sendo passíveis de alienação ou penhora, característica que, se corretamente empregada, poderá deixar mais tranquilos profissionais propensos ao risco, como empreendedores em geral.

(4) Possibilidade de movimentação Como o imposto sobre o valores acumulados (PGBL) ou sobre os rendimentos (VGBL) somente é pago por ocasião dos resgates, tais planos são excelentes para aqueles que procuram os melhores momentos para entrar e/ou sair dos mercados de risco (market timing), sem a necessidade de acertar as contas com o Leão, o que ocorre com os fundos de investimento tradicionais, que tal?

Um grande abraço e até a próxima semana!

https://painelnoticias.com.br/blogs/inteligencia-financeira/235160/contratando-planos-de-previdencia-2

Postado por Inteligência Financeira

O custo da inércia

30.09.2024 às 07:20


E então, meu querido leitor, minha querida leitora, não há dias em que você acorda profundamente cansado, mas mesmo assim, seu senso de responsabilidade o faz se levantar da cama e, após o rápido ciclo banho-café-vestimenta, partir para mais uma jornada de oito a dez horas de trabalho?

Pois é, acontece com você, comigo e com boa parte das pessoas que nos cercam. E não há o que fazer pois a hipótese de um prêmio inesperado é, como já abordei por aqui, bastante remota, ainda que atual febre das bets pareça contradizer a lógica. A idade e o cansaço parecem andar de mãos dadas, ainda me lembro de quando mais jovem e à época da universidade, era capaz de ir dormir altas horas da noite após uma noite festiva e no dia seguinte estar de pé cedo para um novo e bem disposto dia. E é justamente com este foco que inicio meu artigo de hoje: o que você está fazendo para se preparar para uma vida mais tranquila quando sua capacidade de ganhar dinheiro – leia-se acordar cedo e trabalhar – já não for a mesma de quando era jovem? Ganha uma hora extra de sono quem percebeu que vamos falar de previdência.

Basicamente a previdência é um tipo de seguro social destinado a garantir a sobrevivência do trabalhador em caso de perda de sua capacidade produtiva, quer por acidente ou outros eventos críticos, quer por idade. Mas para se ter esse direito é necessário que o trabalhador ativo contribua regularmente com esse objetivo.

Parte da questão está resolvida para aqueles que trabalham com vínculo empregatício, pois as empresas, privadas ou públicas, em combinação com a contribuição obrigatória de seus colaboradores ou servidores, garantirão parte de sua futura subsistência por meio da previdência oficial. Por exemplo, se você trabalha em uma empresa privada, o INSS garante – respeitadas algumas regras – o benefício futuro – pois mensalmente recebe uma contribuição proporcional ao seu salário, parte paga pela sua empresa e parte paga por você, mediante desconto em seu salário: observe seu contracheque e veja se não tenho razão. Mecanismo similar existe para o funcionalismo público. Já os que trabalham sem vínculo – autônomos, empreendedores em geral – devem prestar mais atenção pois, na ausência do empregador arcando com parte do custo previdenciário, precisarão se inscrever e contribuir para o INSS caso queiram receber os benefícios futuramente.

A outra parte caberá a cada um, dependendo do nível de renda que deseje receber no momento do descanso. Explico: atualmente (setembro/2024), o benefício máximo garantido pelo INSS é de R$ 7.786,00, o chamado teto previdenciário. Assim, por maior que seja o salário recebido por um trabalhador, tanto suas contribuições atuais quanto seus benefícios futuros serão limitados a este valor. Exemplificando, se o Sr. João recebe atualmente R$ 2.000 de salário, sua aposentadoria será próxima a esta quantia, não sendo, portanto, necessário que ele faça uma reserva para conseguir um maior valor. Atitude diferente deverá ter o Sr. José, pois, ganhando salário na faixa de R$ 15.000 mensais, precisará constituir uma reserva enquanto estiver na ativa, sob pena de, ao se aposentar, ter seu padrão de vida reduzido ao teto do INSS. Alguns acham isto injusto, mas temos que tomar cuidado com as simplificações já que, mesmo com esse belo salário, as contribuições feitas pelo Sr. José e sua empresa à previdência oficial também estão limitadas ao teto.

Há várias formas de se fazer tal reserva, desde a compra de imóveis para obtenção de renda com aluguel até a contratação de planos de previdência complementar além de, não esqueçamos, inúmeros veículos de poupança para o longo prazo, como fundos de investimento comercializados na rede bancária.

O mais importante é assumir que, quanto mais cedo você pensar no problema, mais barato ele fica. Por exemplo, suponha que o Sr. José (35 anos) pretenda parar de trabalhar aos 65 anos, tendo a expectativa de que viva até os 85. Caso consiga aplicações financeiras que lhe rendam 2% ao ano além da inflação, precisará depositar R$ 403,06 mensais durante estes 30 anos, para garantir R$ 1.000 de renda mensal pelos 20 anos de sua sobrevida (valores expressos com poder de compra atual). Porém, caso demore para pensar no assunto e somente aos 45 anos inicie a construção de sua reserva (20 anos de poupança, portanto!) precisará depositar R$ 672,97 mensais para chegar ao mesmo benefício, valor que sobe para R$ 1.493,32 caso inicie apenas aos 55 anos. Em resumo: não dá para brincar com isso, não é mesmo?

Um abraço e até a próxima!

Postado por Inteligência Financeira

Já pensou em ir para o fundo?

23.09.2024 às 08:20


Bem, e se você, meu querido leitor, minha querida leitora, for alguém financeiramente arrumado e assim, ao final de cada mês, conseguir gastar menos do que ganha, gerando assim uma sobra no orçamento? Seguramente seu rico dinheirinho não há de ficar no colchão e você decerto utiliza o banco onde tem conta para fazer suas aplicações... Acertei?

Boa parte das pessoas acaba ficando mesmo é na boa e velha caderneta de poupança, mas há inúmeras outras possibilidades, por meio dos fundos de investimento que, dependendo de alguns fatores, pode até mesmo oferecer rentabilidade superior sem riscos efetivamente maiores que o da caderneta.

Um fundo de investimentos é um instrumento financeiro que reúne recursos de diversas pessoas (físicas ou jurídicas) com o objetivo de aplicá-los em títulos, valores mobiliários e, mais recentemente, empreendimentos imobiliários. Fazendo analogia com um edifício, fica fácil de compreender seu funcionamento: os moradores (investidores) transferem ao síndico (gestor do fundo) a administração do prédio (carteira de ativos do fundo).

O patrimônio líquido de um fundo (ou seja, seus ativos diminuídos de seus passivos) é subdividido em cotas, que conferem iguais direitos e deveres a seus cotistas. Exemplificando: se o Fundo A tem R$ 2 milhões aplicados em títulos públicos e contas a pagar no valor de R$ 200 mil, seu patrimônio líquido será de R$ 1.800.000; e, caso tenha 1.500.000 cotas emitidas, cada cota valerá R$ 1,20. Um investidor que aplique R$ 12 mil, possuirá, portanto, 10 mil cotas.

Há muitas vantagens em se aplicar desta forma, dentre as quais poderíamos citar: (1) seu dinheiro passa ser gerenciado por equipes especializadas; (2) a simplicidade da operação, tanto na aplicação quanto no resgate dos recursos (você compra e vende as cotas); (3) a economia de tempo – imagine as horas gastas, por exemplo, analisando-se balanços de empresas caso você decidisse aplicar em um fundo de ações; (4) o custo relativamente baixo, pois informações financeiras relevantes quase nunca vêm de graça; (5) o acesso a ativos que sozinho você não teria condições de comprar – imagine, por exemplo, investir em várias lojas de um badalado shopping center, com apenas R$ 20 mil reais... Adquirindo cotas de um fundo imobiliário, isso é possível; (6) diversificação das aplicações, diluindo assim o risco. Com apenas R$ 500 (ou até menos!) é possível virar sócio de várias empresas que compõem a carteira de um fundo de ações, o que seria impensável se você optasse por adquirir as ações diretamente em bolsa, provavelmente concentrando os seus recursos em uma única ação.

Claro que tudo isso não sai de graça, sendo cobrada uma taxa de administração (TAD) para a execução deste serviço. É uma cobrança justa dada a sofisticação do trabalho realizado pelos gestores e administradores do fundo, o que não significa dizer que você não deva avaliá-la. Alguns detalhes esclarecedores: (1) A TAD já é diariamente apropriada para efeito de cálculo do valor das cotas, o que significa dizer que a rentabilidade que os prospectos divulgam, já está líquida desta cobrança; (2) Quanto maior a aplicação mínima exigida pelo fundo, menor a TAD cobrada: em um mesmo banco, para um mesmo tipo de fundo (por exemplo renda fixa) a TAD pode ir desde 0,5%aa (aplicação inicial de R$100.000) até 4,0%aa (aplicação inicial de R$100); (3) Tudo o mais constante, quanto maior a TAD, menor a rentabilidade; ao escolher fundos, portanto, decida pelo que cobrar a menor TAD para os recursos que você dispõe, trocando para um mais barato conforme seu capital crescer.

Outro ponto também a avaliar recai na tributação pois, salvo raríssimas exceções, sobre o rendimento dos fundos incide o imposto de renda, calculado a partir de diferentes alíquotas em função da modalidade do fundo e dos prazos de aplicação. Antes de ingressar em um fundo, vale à pena simular os resultados líquidos que você receberá, principalmente naqueles mais conservadores, cujo principal concorrente é a poupança, livre do imposto. Por exemplo, se passados dois meses, a poupança rendeu 1,00% e um fundo referenciado 1,10%, atenção pois após a incidência do IR, o fundo terá rendido apenas 0,85%.

Enfim, o assunto é extenso e merecerá artigo futuro, pois há várias modalidades interessantes para se investir, desde os tradicionais fundos referenciados DI ou de renda fixa, até instrumentos mais sofisticados, como fundos de ações, fundos imobiliários ou fundos multimercado. Vale conferir.

Um abraço e até a próxima!

Postado por Inteligência Financeira

O sapo e a panela

16.09.2024 às 06:40


O sapo e a panela

Reza a lenda – ecologicamente incorreta, diga-se – que se colocarmos um sapo em uma panela de água fervendo ele instintivamente pula, salvando-se assim da queimadura; entretanto se o colocássemos em uma panela com água fria e a aquecêssemos lentamente, ele acabaria morrendo cozido.

Bem, nunca fiz nem nunca farei tão cruel experiência, mas a fábula cabe como uma luva quando falamos em finanças pessoais; o sapo representando nosso orçamento, a temperatura da água a renda que temos à nossa disposição e a panela a armadilha do desequilíbrio nas próprias contas. Confuso? Então calma lá, meu querido leitor, minha querida leitora, que já me explico!

Imagine que você viva atualmente com um orçamento em torno dos R$ 3 mil mensais, com os quais pague seus compromissos do dia a dia. Para ilustrar a primeira situação, suponha agora que você inesperadamente seja promovido a quatro cargos acima do seu, passando a receber, de uma hora para outra, três vezes mais. Salvo melhor juízo, e mesmo sabendo que com uma maior renda, seu conforto irá aumentar, acredito que dificilmente você iria, de uma hora para outra, mudar padrões de comportamento tão rapidamente assim: não iria, por exemplo, mudar-se de onde mora, trocar a escola das crianças ou o carro ainda não pago. A mudança em seu patamar, por ter sido súbita, possivelmente demoraria até ser absorvida, tempo suficiente para planejar com calma o que fazer e consequentemente fugir do desequilíbrio orçamentário. Conheço algumas poucas pessoas (essa não é uma situação comum, atenção!) que viveram situações similares e que, não obstante tenham modificado seu padrão de vida para melhor, foram conscientes o suficiente para não torrarem todo o dinheiro extra, acumulando algum patrimônio após um longo período controlado. Dentre estes, alguns adquiriam imóveis, outros acumularam recursos em aplicações financeiras, e uma fração pequena, acabou partindo para montar o próprio negócio, que tal?

Agora suponha que, em um outro contexto, você receba a cada ano um aumento de R$ 600 mensais, de forma que a renda de R$ 9 mil só seja atingida daqui a 10 anos. Claro que não posso afirmar que as coisas irão se passar exatamente como descreverei a seguir, mas há grandes chances de ficarem bem próximas deste cenário. Como o aumento gradual não chegaria a levá-lo a outro patamar de renda, o mais provável é que você incorporasse os recursos extras em suas despesas: por exemplo, passar a frequentar um restaurante mais caro, mudar o guarda-roupa com maior frequência, trocar o celular pelo modelo mais moderno. Ou seja, analogamente ao sapo que não percebe a mudança de temperatura pois se acostumou à água mais morna, seu orçamento também não, e como resultado – pelo menos é o que diariamente percebo em quem me consulta – é que 10 anos depois de iniciado processo, o corre-corre atrás das contas ainda continuaria. Poucos são os que conseguem sair deste círculo vicioso, deixando passar assim, a oportunidade de uma vida financeira saudável.

As duas situações que ilustrei são, obviamente, excludentes, ou seja, ou você viverá uma evolução profissional-financeira súbita (a primeira) ou gradual (a segunda). Infelizmente, o mundo nos mostra que é mais comum o segundo caso, ainda que sonhemos com o primeiro. Não é à toa que as filas para jogos em loteria dão voltas nos quarteirões.

Voltando à realidade e considerando que é quase certo que você se situará no caso mais comum (pode até fazer a sua fezinha no jogo, mas não o tenha apenas como sua única solução), o que eu poderia sugerir para ajudá-lo a, mesmo fazendo parte do segundo grupo, usufruir dos benefícios do primeiro, após alguns anos?

Procurando não me alongar – tenho dado dicas específicas ao longo dos meus outros artigos – recomendo parcimônia em relação aos aumentos. Nem muito lá, nem muito cá, uma boa técnica seria usar o princípio do “pague-se primeiro” reservando parte da renda adicional que iria receber para a melhoria do seu dia a dia, e parte para acumular para futuros grandes projetos. Na simulação citada, você poderia guardar metade e absorver (isto é, gastar!) a outra metade. No primeiro ano após o aumento, você teria mais R$ 300 mensais para o consumo e guardaria R$300 mensais; no segundo ano, com mais R$ 600 de acréscimo no salário, você teria mais R$ 300 mensais para o consumo, guardando os outros R$ 300. Note que procedendo assim, já no décimo ano você terá dobrado seu atual patamar de consumo, podendo gastar R$ 6.000 mensais... noves-fora que terá guardado R$ 198.000 um patamar de consumo  (ao todo  para metade, por exemplo e, ter a satisfação de, após 10 anos, viver em um patamar de consumo de R$ 6.000, guardando R$ 3.000 mensais. Fazendo assim, após os 10 anos você teria dobrado seu padrão de vida e, simultaneamente, poupado R$ 198 mil... E o que é melhor, supondo uma aplicação mensal a 0,6%am, os juros teriam feito esse capital se transformar em R$ 257.929. Nada mau, não?

Um grande abraço e até a próxima!

Postado por Inteligência Financeira

Um é R$3, três é R$10...

09.09.2024 às 07:20


Um é R$3, três é R$10...

Gritava o camelô diante de sua barraquinha vendendo pacotes de biscoito. Sinceramente fiquei na dúvida se sua ideia era nos chamar a atenção para o erro de português – o correto seria três são R$10 – e assim desviar nosso foco de sua aparente promoção: os três pacotes não deveriam custar no máximo R$9? Pois foi justamente o nosso amigo vendedor ambulante quem me trouxe o tema para o artigo de hoje: as promoções e as liquidações. Como bom brasileiro, também adoro uma, mas quantas vezes, querendo aproveitar uma suposta vantagem, não devo ter cometido alguns dos erros que cito a seguir? Você também, querido leitor, querida leitora, é louco/louca  por uma promoção? Então me acompanhe!

(1) Contas que não fecham: Como no caso anunciado no título, canso de ver, até mesmo em supermercados, embalagens econômicas cujo preço por litro, por exemplo, acaba saindo mais caro do que se comprássemos as embalagens menores. Algumas são óbvias como as do camelô, outras nem tanto como por exemplo a do xampu de 200ml que sai a R$7 e a de 500ml que sai a R19. Neste caso, para não errar, é interessante fazer as contas, caso na própria etiqueta não esteja citado o preço por litro. Comprando cinco tubos de 200ml (um litro), você pagará R$35, mais barato portanto que se comprasse dois tubos de 500ml (um litro), quando então pagaria R$38.

(2) Descontos sobre preços que aumentaram: Também não é incomum de encontrarmos lojas – principalmente as de vestuário – onde, antes de anunciada a liquidação, os preços são majorados, fazendo com que o consumidor mais desavisado acredite estar realmente levando uma vantagem. Um exemplo numérico esclarece o ponto que quero ressaltar: uma camisa que em julho custava R$120 passou a custar R$150 em agosto; agora em setembro, na recente liquidação com descontos arrasadores de 20%, ela voltará a custar os R$120 originais. Se o preço para o artigo está dentro do razoável, cabe no seu orçamento, não há problema em levá-lo para casa; mas faça pelo seu preço e não pelo desconto anunciado, que tal?

(3) Descontos progressivos: Tenho visto várias lojas usando e abusando dessa modalidade. Por exemplo, na compra de uma peça, ganhe 10% de desconto, na compra de duas peças, ganhe 20% de desconto sobre o total da nota, na de três ganhe 30% sobre o total, e assim sucessivamente. Confesso que tentei levar dez peças, já que seguindo a lógica do estabelecimento, teria desconto de 100%, ou seja, não pagaria nada. É claro que não colou, pois usualmente a promoção é limitada a cinco peças. Neste caso, cada item adquirido irá lhe custar a metade do que está anunciado. E isso é bom? Bem, desde que não estejamos diante do que citei no item anterior, acho razoável. Costumo enrolar a compra de vestuário ao longo do ano à espera destes momentos pois assim pago menos e me disciplino a não ficar me encantando com tudo que vejo nas vitrines. Mas enfatizo: faço isso em lojas que ficam em meus itinerários cotidianos, o que possibilita o monitoramento dos preços.

(4) Liquidação da estação: Chegando o final do verão ou o final do inverno, é comum lojas queimarem seus estoques por preços tentadores e assim prepararem-se para as novas coleções que entram. Recomendo muito cuidado, principalmente em cidades onde estas estações costumem apresentar temperaturas extremas. Por exemplo, no Rio de Janeiro, com verões que chegam a mais de 50 graus, não sei qual a vantagem de se comprar casacos ou roupas de lã em agosto já que possivelmente só sairão do armário no próximo ano. Antecipa-se o gasto em algo que sequer teremos certeza de que conseguiremos usar no futuro... vai que você engordou ou emagreceu, não é mesmo?

(5) Trocas: Este é outro ponto importante a se observar pois é usual haver restrições à troca em produtos adquiridos em liquidações ou promoções, salvo, acredito eu, no caso de defeitos. Ora, ora, se a regra é essa, cuidado redobrado na aquisição nestas épocas. Chego até mesmo a não incentivar sua compra caso seu destino seja presentear um amigo ou parente.

(6) Urgência: Por último, não poderia deixar de citar aquilo que acho o fator mais importante de todos: você está precisando mesmo adquirir aquele produto ou serviço ou ficou animado apenas pela promoção? Os mais consumistas sempre dirão, claro, que aquilo era indispensável. Mas será que esta compra não irá desequilibrar seus orçamentos? Não custa lembrar-se de um velho ditado: um real ganho a mais tem o mesmo valor que um real economizado. Já parou para pensar nisso?

Um grande abraço e até a próxima!

Postado por Inteligência Financeira

Deve compensar...

02.09.2024 às 07:00

Deve compensar...

Dizem que são as épocas de crise que criam as melhores oportunidades e, devo admitir, que concordo inteiramente com o dito popular, ainda mais em um país como o Brasil onde o empreendedorismo é tão arraigado e festejado em nosso espírito. Apenas para citar um exemplo que até hoje me impressiona, lembro-me que há muitos anos, antes da chegada do Plano Real, quando a inflação chegava a quase 100% ao mês, havia gente que faturava uns trocados recarregando isqueiros descartáveis pela metade do preço a que eram vendidos em lojas... Pode até parecer uma bobagem minha, mas mostra bem a criatividade que acompanha o brasileiro, viva!

O momento atual também tem revelado este lado do nosso povo, que arrisca o sucesso em pequenos empreendimentos que vão desde a simples produção caseira de quentinhas para concorrer a melhores preços com os restaurantes, até a projetos mais sofisticados, envolvendo aplicativos e páginas na Internet que oferecem os mais diversos serviços a preços assustadoramente baixos, mas com considerável capacidade de ganho pelo volume de acessos. Não tenho a menor dúvida de que será esta turma afoita – no bom sentido – que conseguirá driblar as adversidades em nossa economia.

E, confirmando a minha percepção, dentre outros dados, o Mapa de Empresas para o primeiro quadrimestre de 2024 (veja o link ao final do artigo), mostra que nestes quatro meses, foram abertas 1.456.958 empresas no país, o que me fez decidir sobre o tema no artigo de hoje, onde trago algumas sugestões para que você, meu querido leitor, minha querida leitora (quem sabe futuros empreendedores?), navegue por estes mares com maior tranquilidade!

(1) Meta-se naquilo que você entende: Diante dos riscos de começar algo novo, nada irá garantir o sucesso, ainda mais se você tiver se acostumado durante toda a vida a ter um emprego e o salário depositado em sua conta ao final do mês. Reduza este risco procurando atividades que você seja expert. Por exemplo, há vinte anos dando aulas, sinto-me à vontade para me meter no campo das palestras, mas teria um retumbante fracasso se me aventurasse no ramo do varejo, mesmo que fosse uma simples lojinha para vender café.

(2) Não desista fácil: Salvo raríssimas exceções, conheço poucas histórias de negócios ou carreiras de sucesso que não tenham sofrido reveses em suas trajetórias: a inauguração da loja que atrasou por conta de uma licença que não saiu, as cervejas que encalharam no estoque por conta do fim de semana chuvoso. Por outro lado, a maioria dos que conheço que ficou aquém de sua capacidade é formada por gente que, por pressa, desconhecimento ou ansiedade, acabou pulando de galho em galho sem dar tempo de excelentes ideias maturarem.

(3) Planeje-se: E aqui refiro-me a um planejamento mais amplo, que envolva não apenas os desembolsos e projeções de receitas e despesas para o novo negócio, mas também o seu orçamento pessoal, de forma razoavelmente segregada a fim de se evitar pressões indevidas em ambos os lados... Imagine você ter que adiar a compra do freezer para sua pequena empresa de congelados porque precisa pagar o plano de saúde ou, de forma inversa, atrasar o pagamento de suas contas pessoais porque gastou os recursos para formar estoques... Não vai dar certo assim, concorda?

(4) Atenda à máxima: uma coisa de cada vez: Como citei antes, o risco para se estabelecer em uma nova atividade é alto e assim, sugiro fortemente que antes de abrir várias frentes de uma única vez, espere para que os primeiros empreendimentos decolem antes de se lançar aos demais. Claro que em atividades correlacionadas esta máxima pode se relaxada, como, por exemplo, trabalhar como especialista em informática em conjunto com o desenvolvimento de programas computacionais. Mas entendo que você acabará se perdendo se, paralelamente à informática resolver abrir a lojinha dos congelados: muitas especificidades distintas que demandarão sua total atenção. Tenha calma, que tal?

(5) Respeite o mercado: Bobagem você achar que, por estar por sua própria conta e risco, não terá mais patrão: na realidade você terá vários patrões, sejam os seus clientes, pacientes ou tomadores de serviço. Saber negociar, aceitar críticas, flexibilizar preços, prazos e horários é primordial; encantar deve ser seu objetivo! Adicionalmente, lembre-se: você é o responsável pela prospecção de novos clientes... Renove-os sempre antes que a demanda pelo seu trabalho se esgote.!

(6) Prepare-se para ralar: Esqueça a ideia equivocada de que o seu negócio irá sustentá-lo enquanto você ficará na vida boa em férias intermináveis. Acha que eu me engano? Então faça o teste: vá ao restaurante na esquina de sua casa e pergunte pelo dono... Decerto você terá uma boa acredito que deva compensar, caso contrário ele não estaria lá para o bate-papo, não é mesmo?

Um grande abraço e até a próxima!

https://www.gov.br/empresas-e-negocios/pt-br/mapa-de-empresas/boletins/mapa-de-empresas-boletim-1o-quadrimestre-2024.pdf

Postado por Inteligência Financeira

Consenso ou inconveniência?

26.08.2024 às 14:40


Consenso ou inconveniência?

Um dos maiores equívocos que volta e meia vejo alguns cometerem é, diante de relatos de pessoas sobre seus padrões de consumo, criticarem-nas por terem escolhido isto ou não aquilo, e vice-versa. Lembro-me, por exemplo, de quando comecei a dar aulas de Matemática Financeira: costumava sempre deixar muito claro que o meu discurso era para ajudar na decisão quanto à melhor forma de pagamento, jamais para ajudar sobre o que adquirir. Infelizmente parece que todos se acham no direito a ter opinião e, o que é pior, julgar os demais por não concordarem em gênero, número e grau com suas próprias crenças... e dá-lhe lacração!!

Pois foi com este tema em mente que optei pelo artigo de hoje, quando, após exaustiva reflexão procurei mostrar aquilo que acredito ser consenso – ou seja, não se trata de uma questão de escolha individual, mas sim bobagem ou falta de atenção agir deste modo – e aquilo que, se nos metermos a dar palpites inconvenientes, correremos sérios riscos de nos meter em brigas. A listinha que se segue é meramente ilustrativa, e recomendo que você, meu querido leitor, minha querida leitora, antes de ler a explicação, tente acertar: consenso ou inconveniência?

(1) Comprar roupa só de grife: Pode ser que para você isso pareça um descalabro, mas vamos com calma pois muitos valorizam estar na mais recente tendência da estação e consideram a elegância no trajar uma extensão da personalidade. Inconveniência: trata-se de decisão individual, não se meta a criticar.

(2) Adquirir eletrodomésticos só em determinada loja: Propositalmente envolvi itens cujos preços unitários são elevados. Ora, considerando que ao adquirir um televisor, por exemplo, o que se leva em conta é principalmente o modelo, as características e o fabricante, dentre outros, a fidelidade a determinada loja poderá estar apenas levando-o a pagar um sobre preço. Consenso: quem dá valor ao próprio dinheiro dificilmente age desta forma, procurando pesquisar preços antes de compras mais caras.

(3) Assinar quatro revistas semanais: Com a vida corrida que levamos, acho muito improvável que todas as quatro assinaturas sejam efetivamente utilizadas; possivelmente vão para o lixo ainda com o celofane. Logo, assumindo que minha hipótese esteja correta, sigo o consenso: trata-se de desperdício evitável cujos recursos poderiam estar sendo empregados em outras coisas que trouxessem efetivo prazer.

(4) Trocar de carro-zero de três em três anos: Muito difícil julgar, mas tentemos seguir a seguinte linha de raciocínio: para quem usa o carro muito pouco, talvez fosse melhor ampliar o prazo de troca para cinco ou seis anos, diluindo, portanto, a desvalorização por um período maior de tempo. Já para quem usa bastante, três anos é o prazo que a maioria dos fabricantes, em média, dá de garantia, parecendo-me, portanto, um intervalo adequado para a troca. Se a isso tudo juntarmos a paixão que o brasileiro sente por automóveis, sinceramente eu recomendaria cara de paisagem diante do vizinho de carrão novo: nem sim, nem não, muito pelo contrário.

(5) Jantar fora todo fim de semana: Conheço várias pessoas cujo principal lazer é jantar fora com amigos. Preferem isso a frequentar teatros, cinemas ou viajar. Abrir o bico para dar opinião sobre o hábito é pura inconveniência, no meu entender.

(6) Ter seis contas bancárias: Salvo profissionais liberais ou empresários que precisem de diferentes contas para facilitar recebimentos, dificilmente o cidadão comum precisará de mais do que uma ou duas contas; tê-las é a porta aberta para o descontrole, o excesso de tarifas bancárias e de juros por saldos devedores. Sigo, portanto, o consenso: pelos motivos citados, tal prática é passível de críticas, até mesmo porque, com recursos totalmente pulverizados, possivelmente o sujeito pagará elevadas tarifas em todos os bancos onde tem conta.

Claro que independente do tema ser consenso ou inconveniência, considero de bom tom que os comentários sejam excessivamente cuidadosos para não provocar reações desmedidas. Lembre-se que ao fazê-los, seu objetivo é o de ajudar e não colocar seu interlocutor na defensiva, não é mesmo?

Um grande abraço e até a próxima! 

Postado por Inteligência Financeira

Investindo no exterior?

19.08.2024 às 08:20
Getty Images


Com a proximidade das eleições, me veio a lembrança de alguns debates passados em que uma das mais mordazes acusações era a de que determinado candidato mantinha contas no exterior. Naquela época, até onde ia a minha percepção (posso estar errado, já de antemão faço o disclaimer!), isto não era algo legal sob a legislação brasileira.

Bem, de lá para cá, ainda que nem todos os investimentos de brasileiros no exterior estejam legalizados (de novo posso estar enganado!), muita coisa mudou, pois é permitido brasileiros manterem ativos (contas, aplicações, títulos de renda fixa, ações, quotas de fundos de investimento e imóveis, dentre outros) fora do Brasil, sem ferir nossa legislação.

Provocado por uma cliente que assessoro e limitado às aplicações financeiras fui pesquisar... E a boa notícia é que o processo de abertura de uma conta de investimentos no exterior é mais simples do que à primeira vista parece, pois já há instituições brasileiras que oferecem o serviço a seus clientes sem a cobrança de custos adicionais, que tal?

Claro que participar de mercados mais consolidados que o nosso traz vantagens, dentre as quais eu citaria: ambiente de negócios mais dinâmico e robusto (com mais empresas globais para investir);  menor volatilidade (por estarem menos sujeitos a crises políticas ou fiscais, tais mercados oscilam menos), e sobretudo a diversificação geográfica, o que por vezes atenua ou até mesmo elimina perdas em nosso mercado (por exemplo, se a bolsa aqui está caindo, a norte-americana pode estar subindo).

Mas há que se tomar cuidados e para você, meu querido leitor, minha querida leitora, que está pensando em se aventurar nesta alternativa, chamo a atenção para alguns pontos:

(1) Custos: Não são idênticos aos nossos, mesmo quando intermediados por instituições brasileiras. Pesquise nos sites destas instituições para verificar quanto é cobrado de corretagem para adquirir e/ou resgatar títulos, ações ou quotas de fundos... Sem esquecer que os valores e/ou percentuais cobrados estão em moeda forte, dólar ou euro!

(2) Rentabilidades: Principalmente nos investimentos em renda fixa, esqueça as taxas oferecidas no Brasil... títulos do Tesouro norte-americano, por exemplo, costumam pagar em torno de 5% ao ano, bem menos que os quase 12% ao ano de nossos prefixados.

(3) Renda Variável: Se já é difícil selecionar boas ações no mercado brasileiro – onde há aproximadamente 400 ações listadas em bolsa –  imagine encontrar as boas ofertas no mercado norte-americano, por exemplo, com mais de 6.000 ações em bolsa? Opte por fundos de ações ou  ETFs para minimizar o risco das escolhas erradas.

(4) Tributos: Dividendos e juros das aplicações de renda fixa são tributados na fonte em 30%, ainda que você possa compensar o imposto pago no exterior com o imposto a pagar no Brasil. Ganhos de capital, acima do limite de isenção também são tributados, e você deve declarar todas as suas operações à Receita Federal. Ah sim, e já ia me esquecendo: ao enviar recursos para a sua conta internacional, haverá a cobrança de IOF sobre o valor da transação.

(5) Risco Cambial: Fique atento às flutuações nas cotações do dólar ou do euro (dependendo do mercado onde você irá operar) já que elas impactam diretamente a rentabilidade do seu investimento. Exemplificando, suponha que você tenha investido USD 1.000 em título no mercado norte-americano. Por ocasião da aplicação, a cotação do dólar era de R$ 5,50, o que equivale a dizer que você investiu R$ 5.500. Se após um ano, o título tiver rendido 5%, mas a cotação do dólar for de R$ 5,00, seu investimento valerá apenas R$ 5.250 (=USD 1.050 x R$ 5,00/USD), gerando um pequeno prejuízo, caso você resolva trazer os recursos de volta para o Brasil.

Um grande abraço e até a próxima!

Postado por Inteligência Financeira


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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