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Basta de comportamento!

Termino hoje a lista (iniciada há duas semanas) dos principais vieses comportamentais que podem afetar as decisões financeiras

20.06.2025 às 18:00


Basta de comportamento!

Termino hoje a lista (iniciada há duas semanas) dos principais vieses comportamentais que podem afetar as decisões financeiras. Espero que vocês, queridos leitores, queridas leitoras, tenham absorvido parte do que apresentei para evitar cair nessas armadilhas psicológicas.

(1) FILTROS: Muito difícil admitir preconceitos em épocas do politicamente correto, mas o fato é que raramente encontramos alguém que não tenha suas idéias preconcebidas, criando assim seus pontos de referência. Como conseqüência deste padrão, adotamos filtros seletivos, onde as informações que confirmam as referências (ou preconceitos) são acolhidas e as que contradizem são descartadas. Risco: nos investimentos, esta armadilha pode nos levar a carteiras excessivamente concentradas nos ativos considerados referências, o que não obrigatoriamente significará retornos adequados para os níveis de risco incorridos.

(2) SÍNDROME DO “EU SABIA”:Como diz um grande amigo, prever o passado é ciência exata! E, como conseqüência de precisarmos explicações racionais para o mundo, por muitas vezes, somos tentados a acreditar que fatos passados eram muito óbvios e passíveis de previsão, quando na realidade não eram, a exemplo do que ocorreu com muitas das bolhas especulativas: se eram tão óbvias assim, porque tantos perderam dinheiro? Risco: nos investimentos, este padrão de comportamento pode levar-nos a um infundado excesso de confiança na própria habilidade em escolher as melhores ações ou momentos para investir.

(3) ENVELOPES SEPARADOS: Quem já não ouviu o caso de alguém que tenha por hábito separar dinheiro em envelopes para diferentes fins (o “azul” é para pagar a escola, o “vermelho” para o condomínio, etc)? Até aí, tudo bem, é a forma como cada um prefere se organizar. O problema surge quando este hábito ultrapassa limites e passamos a tratar de forma diferenciada cada um dos “envelopes” virtuais. Como explicar, por exemplo, poupar mensalmente para a viagem de férias às custas do saldo negativo do cheque especial? Risco: no caso dos investimentos, esta armadilha, além de criar situações como a citada (poupança e dívida), pode nos levar a tratar distintamente recursos com diferentes origens, como por exemplo, os provenientes dos lucros de aplicações financeiras, considerados “menos nobres” do que aqueles provenientes de salário, e, portanto, não sujeitos às mesmas restrições de risco aplicadas ao restante dos recursos... é dinheiro do mesmo jeito!

(4) ASSIMETRIA ENTRE PERDAS E GANHOS: Estudos confirmam que, na maioria das vezes, a dor causada por uma perda impacta muito mais nosso humor do que o prazer causado por um ganho, de mesmo valor. Este tipo de comportamento explicaria, por exemplo, porque muitos preferem não trabalhar mais de forma a não pagar mais IR: o prazer associado ao ganho líquido adicional não suplantaria a dor de pagar mais imposto. Risco: nos investimentos, este padrão pode nos levar a manter ativos perdedores por muito tempo – de forma a evitar a realização da perda (excessivamente valorizada) ou a nos desfazer antecipadamente de ativos ganhadores (lucros não ganhos são pouco valorizados). Pode nos levar também a criarmos traumas devidos a perdas passadas, deixando-nos de fora de excelentes oportunidades. E já que citei o IR, é bom ficarmos atentos com as mudanças nas regras de tributação de alguns produtos financeiros, tais como LCI, LCA, fundos e planos de previdência dentre outros: a suspensão de isenções ou o aumento de alíquotas poderá eventualmente alterar a ordem de atratividade – leia-se rentabilidades finais – entre os diferentes produtos. Muita atenção, portanto!

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Bem comportado...

11.06.2025 às 23:40

Bem comportado...

Por conta de um fim de semana em que consegui me desvencilhar de algumas atividades, aproveitei para uma pequena viagem para região próxima, coisa de umas duas horas a uma velocidade moderada e segura. Mas qual não foi o meu espanto ao perceber que somente cheguei ao destino quatro horas e meia após a partida... Dureza! Bem, se vocês, queridos leitores, queridas leitoras, são daqueles que vão se aventurar a pegar a estrada, recomendo paciência, muita paciência, pois não faltará aquele engarrafamento – que duplicará seu tempo de viagem – causado na maioria das vezes pelos apressados-donos-do-mundo, que insistem em andar pelo acostamento até a primeira ponte, quando ao voltar à rodovia, obrigam os demais a reduzir velocidade. Devem ser as mesmas pessoas que, ao abrir as portas de um elevador, não esperam que este se esvazie, antes de entrarem, causando assim outro engarrafamento. Teremos chegado ao fim da civilidade? O que você acha de tal comportamento?

Bem, pelo teor do parágrafo acima, você, leitor assíduo e esperto, já percebeu que continuarei a tratar das Finanças Comportamentais, prosseguindo a lista das armadilhas psicológicas que podem prejudicar decisões financeiras.

(1) EFEITO MÍDIA: Fatos ostensivamente divulgados ampliam o impacto das informações recentes em nossa habilidade de julgamento (comentado na semana passada!), fazendo com que superestimemos a possibilidade de que ocorram novamente, mesmo quando raros. Isto explica, por exemplo, porque muitos optam por viajar de carro após um acidente aéreo de grandes proporções, ainda que, estatisticamente, andar de carro traga mais chances de morte do que andar de avião. Risco: nos investimentos, esta armadilha pode fazer com que, após uma queda abrupta nas cotações, mesmo sem nenhum fundamento econômico/financeiro a sustentar o fato, nos desfaçamos precipitadamente de ações adquiridas anteriormente.

(2) PONTOS DE REFERÊNCIA: Não pouco freqüente é a tendência em fixarmos idéias ou números e usá-los como pontos de referência para estimativas futuras. Isto explica, por exemplo, o apego em mantermos hábitos ou atitudes que, em outras condições ou momentos passados foram até eficientes, mas no cenário atual, não apresentam evidências que justifiquem nossa preferência. Risco: nos investimentos, esta armadilha pode nos deixar presos a fundos ou aplicações com baixa rentabilidade para o nível de risco que oferecem ou ainda, no caso das ações, fazer-nos manter um determinado título perdedor e sem chances reais de recuperação, apenas por acreditarmos que sua cotação voltará ao preço de referência que temos em mente.

(3) QUANTIDADE DE INFORMAÇÕES: É consenso que decisões tomadas a partir de um conjunto de informações tendem a produzir melhores resultados. Entretanto, o atalho mental que muitas vezes atrapalha é achar que quanto maior a quantidade de informações, melhor será a decisão. Na prática, o que estudos acadêmicos comprovam, é que apenas poucas variáveis são relevantes. No caso do nosso Ibovespa, por exemplo, três principais fatores explicam boa parte das maiores oscilações recentes: situação econômica mundial, inflação brasileira e preços internacionais das commodities. Risco: nos investimentos, fora o tempo e o dinheiro gastos para obtê-las, congestionarmos nosso processo decisório com dados irrelevantes.

Um grande-abraço-comportado (também sou vítima das armadilhas que comento!) e até a próxima semana! 

Postado por Inteligência Financeira

Comporte-se!

"Finanças Comportamentais", são uma área de estudo e pesquisa que pouco a pouco ganha espaço em publicações e cursos ministrados em faculdades de ponta

04.06.2025 às 14:00

Comporte-se!

Que tal saber que o Marcelinho não pode comer bolachas pela manhã? Ou que o homem de terno marinho não irá sair hoje com sua namorada? Surpreso? Eu também! Vivemos o tempo em que as orientações, os  convites e, em alguns casos, os detalhes amorosos – nem sempre publicáveis – são discutidos a céu aberto, via celular. A bem da verdade, os casos que relato não ocorreram a céu tão aberto assim, pois estávamos no metrô... Com atrito e barulho, imagine, caro leitor, cara leitora, a que volume eu e os demais passageiros fomos obrigados a compartilhar destas pequenas intimidades alheias. Chegamos ao fim da privacidade? E o que dizer então do permanente exibicionismo nas redes sociais? O que você acha de tal comportamento?

Refletindo sobre o tema, lembrei-me do que tenho lido ultimamente, sobre Finanças Comportamentais, área de estudo e pesquisa que pouco a pouco ganha espaço em publicações e cursos ministrados em faculdades de ponta; a idéia central é combinar teorias da psicologia e das finanças para explicar porque as pessoas nem sempre tomam decisões racionais.

Observando o que tem ocorrido nos mercados financeiros em geral, e consciente de que a insegurança em como investir aumentou consideravelmente, achei oportuno listar algumas armadilhas comportamentais a que estamos sujeitos... Quem sabe, conhecendo-as, não sejamos capazes de maior autocontrole para decisões futuras?

(1) EXCESSO DE CONFIANÇA E OTIMISMO: Responsável por nos fazer acreditar que somos acima da média em prever não apenas os melhores ativos a investir, mas também o melhor momento para comprar ou vender. Risco: relutarmos em nos desfazer de posições perdedoras por não aceitarmos que erramos, ou então entrarmos e sairmos de posições com muita freqüência, trazendo a alegria para corretores e tristeza para o bolso!

(2) EFEITO MANADA: Fazer o que todos fazem (se todos fazem, deve estar mesmo certo!) nos trás conforto e segurança, até mesmo porque, ao errarmos em grupo, o “mico” é menor, não é mesmo? E, pelo que percebi, esta distorção é tão maior quanto maior ou mais prestigiado e poderoso for o grupo! Risco: participarmos ativamente de bolhas especulativas, entrarmos em esquemas do tipo pirâmide e muitos outros, por vezes sem termos sequer conhecimento sobre onde estamos investindo!

(3) PASSADO RECENTE: Informações que recebemos de passado recente exercem influência em nossa habilidade de julgamento, o que explica, por exemplo, o aumento dos aportes em bolsas e fundos de ações após sucessivos meses de alta ou o resgate descontrolado após meses de baixa. Ou seja, o princípio lógico e largamente difundido, de que para se ganhar dinheiro em mercados de risco deve-se comprar na baixa para vender na alta, é, aparentemente violado de forma consistente por investidores influenciados excessivamente pelas últimas informações. Risco: nas épocas de alta expormos nosso patrimônio a um nível de risco maior do que podemos suportar (o aumento das cotações faz crescer a participação da renda variável no total de nossos ativos), e, nas épocas de baixa, a um nível inferior, deixando-nos fora de boas oportunidades.

Enfim, o tema é muito interessante... e extenso, por isso continuarei na próxima semana. Por ora, comporte-se! Um grande abraço e até!

Postado por Inteligência Financeira

O gerúndio e a restituição

28.05.2025 às 00:20
Reprodução


Pois é meu caro leitor, minha cara leitora, sequer terminou o prazo para a entrega da declaração de Imposto de Renda deste ano, e já sofremos o bombardeio da rede bancária e seus “call-gerúndio-centers” com as ofertas “nós vamos estar oferecendo uma linha especial de crédito para você poder estar antecipando a restituição do seu imposto”... Nossa, é verbo demais e vantagens de menos! Por isso, achei conveniente interrompermos a seqüência dos demais assuntos que publicamos para podermos estar comentando (homenagem da coluna ao gerúndio, ha, ha, ha!) o tema. Voltaremos a eles na próxima semana, combinado? Passemos às dicas!

(1) CORREÇÃO DA RESTITUIÇÃO A RECEBER: Enquanto ela não chega, a receita aplica a taxa SELIC sobre o saldo. Ainda que possamos questionar esta poupança forçada (ora, dinheiro nosso é bom no nosso bolso!), eu adotaria postura mais cautelosa diante da crítica já que, comparativamente às aplicações em Fundos DI, ficar com a restituição presa pode se tornar um excelente negócio: não há  a cobrança de taxa de administração, e o rendimento é isento de imposto. Apenas para ilustrar, quem está com a restituição de 2024 pendente (11 meses), irá receber 11,07% de correção caso ela saia até 30/05/2025 (na realidade será um pouco mais, já que tal correção refere-se à data de 27/05/2025); no mesmo período, em média os Fundos DI renderam aproximadamente 10,35% em termos brutos ou 8,28% em termos líquidos, isto é, descontado o IR (20% na simulação). Nada mau ter esperado, não?

(2) TAXAS PRATICADAS: Pesquisando na Internet, observei taxas entre 1,78% e 2,80% ao mês, dependendo do banco, além da cobrança do IOF (ops, logo ele!!) pela operação. Ótimas taxas se compararmos com as praticadas nos cheques especiais, cartões de crédito ou financeiras, mas vale pesquisar (para obter a mais baixa) e também verificar junto ao banco, qual valor será utilizado para liquidar sua dívida: o valor constante na declaração ou o valor corrigido. No primeiro caso, como a correção ficará no seu bolso, a taxa final da operação será menor que a anunciada, no segundo será maior.

(3) PLANO B: Se optar por fazer o empréstimo, pense em alguma estratégia caso a restituição não chegue em data próxima (o que fazer se ela só vier daqui a 18 meses?) Sugiro muita cautela, pois, se você não tiver uma alternativa para liquidar o empréstimo, é encrenca certa: mesmo com uma taxa mais baixa, vai virar uma bola de neve. A 1,78% de taxa final (vide item acima) sua dívida irá dobrar em 3 anos e meio, e a 2,8%, dobrará em pouco mais de dois anos.

(4) QUANDO É RECOMENDÁVEL PEGAR O EMPRÉSTIMO? Diferentes situações, diferentes comportamentos: (a) Se você possui dívida com taxa superior à do empréstimo (por exemplo cartão), pegue o empréstimo para liquidá-la ou reduzi-la, mas tenha em mente o que aqui chamei de Plano B: aproveite a folga de caixa originada pelo fim da dívida cara para poupar parte do que ganha, e assim evitar surpresas com a demora da restituição; (b) Se possui dívida com taxa inferior (por exemplo um crédito consignado), não pegue o empréstimo: parte de sua renda já está comprometida. Paciência: espere a restituição; (c) Se você não possui dívidas, reflita sobre os itens (1) a (3) que apontei... quem sabe não vale a pena esperar um pouquinho e adiar as compras que você já estava programando, não é mesmo?

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Casos de casais

20.05.2025 às 18:40

Casos de casais

Como havia prometido, aproveito o mês das noivas para contar histórias de “gente-como-a-gente”: casais e o que fazem para lidar com dinheiro!

Fabiana e Guilherme, entre namoro e casamento juntos há doze anos, praticam um modelo em que um dos dois controla inteiramente as finanças do casal, no caso ela. Ótimo exemplo para os que ainda insistem no discurso velho e ultrapassado de que mulheres não entendem de finanças... Não é este o seu caso, não é mesmo, querido leitor, querida leitora? Pois bem, logo que se conheceram, mesmo ganhando um ótimo salário, Henrique vivia enrolado em dívidas, incapaz de controlar despesas, saldos bancários ou datas de vencimento das faturas. Provavelmente, parte de seu orçamento fazia a festa de bancos e administradoras de cartão, situação com a qual a astuta Fabiana não conseguiria conviver: era dinheiro jogado fora, contou-me! Problema identificado, o passo seguinte foi traçar a estratégia para vencer o “descontrole financeiro”, eleito o inimigo número um pelo casal. Chamou-me a atenção o amadurecimento e a capacidade de ajuste do casal: Guilherme, por exemplo, sabedor de que não teria condições de vencer o inimigo, preferiu abrir mão de sua suposta liberdade (não é para qualquer um!) e aceitou viver com uma “mesada” administrada por sua futura esposa, vislumbrando o benefício de uma vida financeira saudável mais à frente. E Fabiana, pelo seu lado, mesmo com a autoridade de quem tem 100% dos recursos sob seu controle, resistiu à vaidade e, numa postura mais pragmática optou por fazer o que tinha de ser feito: planilhas, restrições e mais planilhas. Resultado: hoje, casados, não apenas as finanças estão em ordem como ainda, já realizaram alguns sonhos antigos, como o do carro do ano e o de morarem em casa própria, financiada com os recursos antes desperdiçados. Bela parceria, não é verdade?

José Luiz e Fernanda, entre namoro e casamento juntos há 18 anos, praticam um modelo em que, pode-se dizer, cada um controla a sua parte, existindo, entretanto, um acordo tácito das despesas comuns com que cada um irá arcar, razoavelmente proporcionais aos seus ganhos: por exemplo, nas contas das concessionárias, ele arca com os telefones e a luz, ela com o gás. Pelo que pude perceber, o modelo dos dois funciona porque ambos são econômicos, aceitam viver dentro de suas restrições orçamentárias, sem cobranças (de lado a lado), e aí, fora o caso da aquisição de bens a longo prazo – o apartamento, por exemplo – vivem – e felizes! – com o que ganham. Não trocam de carro a cada ano, mas têm um fundo de emergência para as adversidades e, importantíssimo, moram no que é deles, resultado da persistência do casal e da inventividade de José Luiz, o encarregado de aplicar bem as sobras. Fernanda cumpre um importante (e difícil) papel nisso tudo, que é o de ser solidária e ajudar o casal a remar o barco na mesma direção, evitando despesas desnecessárias, e diminuindo pressões óbvias do consumo, seu e das filhas (são duas!), sem contar que usa as suas próprias sobras para as felizes eventualidades, como por exemplo, a viagem que espera fazer com a família nas próximas férias, que tal? Outra bela parceria, não é mesmo?

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Seu João e Dona Maria

13.05.2025 às 22:00

Seu João e Dona Maria

Seguindo a estratégia oficial de incentivo ao consumo para o reaquecimento da economia, aposentados e pensionistas do INSS receberam metade do décimo-terceiro ao longo das últimas semanas, o que aliado com a restituição do IR –prometida para iniciar no final de maior – deve ter deixado muita gente satisfeita. É um dinheirinho extra que vem mesmo em boa hora, já que por conta do custo de vida, muitos estão pendurados em cheques especiais ou cartões de crédito pagando juros de mais de 200% ao ano. É o seu caso, meu querido leitor, minha querida leitora? Então este artigo é para você!

Está certo que o apelo oficial – consuma! – agrada, afinal, quem não gosta de gastar, não é mesmo? Mas, na dúvida entre ser patriota ou estar em dia com o próprio orçamento, eu ficaria com a segunda opção, priorizando a eliminação da dívida cara para só depois, caso sobrasse algum, partir para a gastança. Um exemplo simples ajuda a reforçar meu argumento. Suponha que o Seu João receba uma pensão de R$ 5.000, aí já descontados os impostos. Mas neste mês, seu benefício veio mais gordo, correspondente aos R$ 2.500 da primeira parcela do décimo-terceiro. Infelizmente nosso amigo possui uma dívida crônica no cartão de R$ 2.500, e como não consegue quitá-la, vê sua fatura crescer pelo menos R$ 250 por mês só por conta dos juros que precisa pagar. Até o final do ano, Seu João terá recebido R$ 37.500, aí incluídos os sete meses restantes e a segunda parcela do décimo-terceiro. Não liquidar a sua dívida agora representará, na melhor das hipóteses, R$ 1.750 a menos em seu consumo (equivalente aos sete meses dos juros de R$250 que a administradora lhe cobra) além do débito original, o que lhe deixará R$ 33.250 livres para o gasto despreocupado (= R$37.500 – R$1.750 – R$2.500). Se, atento, Seu João optar por usar o benefício recebido para liquidar a fatura estancando assim o pagamento dos juros, este valor subirá para R$ 35.000, que tal? Um aumento de 5,26% no consumo.

Estratégia parecida, mas não tão drástica deve ser adotada por Dona Maria, que também recebendo R$ 5.000 mensais, possui dívida crônica de apenas R$ 1.000. Adotando as mesmas premissas que usei para o Seu João, adiar a resolução de seu problema, a fará ter menos R$ 700 em seu orçamento por conta dos juros que irá pagar, deixando-lhe R$ 35.800 para o consumo despreocupado (= R$37.500 – R$700 – R$1.000). Caso opte por liquidar sua dívida agora, este valor subirá para R$ 36.500, um ligeiro acréscimo de 1,96% em seu consumo. Mas vejam: por conta do baixo valor de seu débito, ainda lhe sobrarão para gasto imediato R$ 1.500 da parcela do décimo terceiro agora recebida. Cá entre nós, acho que o netinho de Dona Maria vai se dar bem, não?

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Mãe, foi pago à vista

07.05.2025 às 13:20

Mãe, foi pago à vista

No próximo domingo comemora-se o Dia das Mães e, você, que eu sei que além de bom leitor/leitora é também bom filho, boa filha, já deve estar se planejando para não deixar passar a data em brancas nuvens. Claro, também sou filho e tenho pensado na mesma coisa. Mas, chamou-me a atenção pesquisa recente da CNDL – Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas sobre o perfil do endividamento do brasileiro: sem exceção, e independente da classe social, o brasileiro vem atrasando o pagamento de suas prestações.

Entendo que o crédito seja importante instrumento financeiro pois permite anteciparmos o consumo de bens e serviços sem a necessidade de termos os recursos para o pagamento à vista. Mas entendo também que ele deva ser utilizado com planejamento, o que em última análise significa liquidar as parcelas dos empréstimos pelos valores contratados e até seus respectivos vencimentos. Não observar esta regrinha irá gerar juros e encargos pelos atrasos e, em casos mais graves, o nome negativado (inclusão nos serviços de proteção ao crédito), fechando assim as portas para futuros empréstimos. Já imaginou você negativado justamente em uma emergência, quando um novo empréstimo seria essencial?

Os dados que obtive na pesquisa me deixaram alarmado... vejam! Em março de 2025, a CNDL e o SPC Brasil estimaram em 69,66 milhões o número de consumidores negativados no país, um crescimento de 3,89% em relação a março de 2024. Dentre os negativados, 30,5% têm dívidas de até R$ 500, 16,3% dívidas acima de R$ 7.500, sendo R$ 4.605 o valor médio por negativado; 23% devem aos cartões de crédito, 16% às financeiras e bancos, 12% aos crediários e 12% aos cheques especiais.

Constatado o estrago, fica mais difícil tentar justificar o fato a partir da renda do devedor, já que todos estão no rolo: 26% afirmaram que os débitos comprometem entre 50% e 75% de seus rendimentos, 20% afirmaram que tais pendências comprometem até 25% de seus rendimentos! Finalizando, outro dado interessante: dos que relataram contas em atraso, 43% admitiram ter aproveitado uma promoção sem avaliar se cabia no orçamento. Em resumo: gastaram o que não podiam, e agora participam das estatísticas. Torço para que consigam sair delas, voltando ao equilíbrio financeiro até o Dia dos Pais, em agosto! Deste ano!

Pensando em preservar você deste tsunami creditório (uau, ficou bonito isso!) fiz uma listinha de conselhos úteis, para a ocasião:

(1) Dê presentes que ela vá usar: Parece meio óbvio, mas outro dia vi uma oferta de celular com milhares de funções... Fiquei com uma  saudade danada do meu bom e antigo videocassete...

(2) Dê o presente de acordo com seu orçamento: Quem disse que aquilo que é mais caro necessariamente fará mais sucesso? Gastadores irresponsáveis têm vida (financeira) curta e, se sua mãe for parecida com a minha, periga você ainda levar bronca por ser perdulário!

(3) Pesquise sempre:  Identificado o que comprar, pesquise. Além dos jornais e revistas, a Internet é hoje uma poderosa ferramenta, que evita deslocamentos desnecessários para fazer o levantamento dos preços. Se a marca desejada ficou muito mais cara, que tal substituí-la por outra mais barata?

(4) Livros, por que não? Se ela gosta de ler, você ainda incentiva a cultura, além de proporcionar um extraordinário lazer a custo barato: 400 páginas custam em média R$70, e garantem pelo menos 10 dias de entretenimento, durante os quais, certamente você será lembrado! Já pensou a respeito?

(5) Forma de pagamento: Depois de tudo o que expus, faça-lhe uma surpresa: chegue para o tradicional almoço do Dia das Mães, orgulhosamente dizendo: Mãe, este é o seu presente! Foi pago à vista!

Um grande abraço e até a próxima semana! 

Postado por Inteligência Financeira

Mês das noivas

29.04.2025 às 09:20

Dizem que maio é o mês das noivas, apesar de ter lido que, de acordo com o IBGE, casa-se mais em dezembro do que agora... Paciência, a tradição falará mais alto, pois conversarei sobre casamento no artigo de hoje!

Comecemos pela festa, um evento que requer muito, muito planejamento, o que explica a existência de gente especializada nisso. Para os que têm recursos para tal despesa, contratar um profissional assim pode ser uma excelente alternativa que evitará atropelos, confusões e estresses, sem contudo garantir o mar-de-rosas tão sonhado para o dia D: já há também os especialistas em aproveitar a ansiedade dos nubentes para embolsar sua grana sem oferecer nada em troca. A este respeito, por curiosidade, pesquisei “calote de buffets” na Internet, encontrando nada menos do que 18 páginas de resultados, é mole? Todo cuidado é pouco, que fique claro!

Torcendo para que um caso drástico como este não ocorra na sua vizinhança, uma das coisas que chamou a minha atenção (já tinha até esquecido!) foi a quantidade de detalhes (e o correspondente custo) que uma comemoração assim envolve: cartório, igreja, traje dos noivos, música, jantar, bebida, aluguel do espaço físico para a festa, decoração, convites, segurança, transporte, e por aí vai. Some a tudo isso o número de convidados e o nível de sofisticação e você, meu querido leitor, minha querida leitora, terá uma ideia de até onde pode chegar o sonho!

Sendo um sonho, não vou palpitar, pois, como se diz por aí, cada um é cada um: se para você o importante é comemorar, aproveite, e não ligue para o comentário do vizinho, para quem o ideal é gastar o dinheiro da festa em uma viagem. Mas, assim como ele deverá pensar duas vezes para passear no exterior (dólar a quase R$ 6!) se seu orçamento só permitir uma viagenzinha local, você (ou um dos seus!) também não deverá dar uma festa-de-filho-de-diretor se o seu orçamento só permitir uma festa-de-analista-junior. Descumprir essa regra simples é, no meu ponto de vista, começar mal uma empreitada que se pretende ser de longo prazo pois, ou o jovem casal já parte para a vida a dois endividado ou, na melhor das hipóteses, terá muitas dificuldades em viver sob restrições: fortes candidatos às dívidas crônicas dos cartões e cheques especiais, início das brigas intermináveis. Haja amor, concorda?

Prefiro então acreditar que, equilibrados no seu primeiro grande evento – a festa – procurarão dividir, além da cama, mesa, banho e das outras habituais questões – férias, decoração da casa ou educação dos filhos, por exemplo – as tão temidas decisões financeiras: quais despesas priorizar, como traçar as metas de poupança, onde e como investir e muitas outras. Felizmente o mundo evoluiu e, graças à presença cada vez maior da mulher no mercado de trabalho, estas questões deixaram de ser da alçada exclusivamente masculina, e as finanças não são mais tabu.

Bem, mas um conceito tão abstrato como harmonia, é mais fácil de lidar no papel do que no calor do dia a dia. Pensando sobre isso, resolvi buscar o exemplo real de casais conhecidos, trazendo aqui suas experiências... Infelizmente, por razões de espaço precisarei adiar seus relatos para um próximo artigo, que prometo para breve, que tal?

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Contra queimaduras, Picrato de Butesin!

22.04.2025 às 10:40

Contra queimaduras, Picrato de Butesin!

Ainda que 41% do volume investido em fundos esteja alocada aos de baixo risco, são as demais categorias as que oferecem a real possibilidade de maiores ganhos, o que faz com que muitos procurem tais alternativas como forma de acelerar a formação de seus patrimônios. Como fazer? Forçando você, meu querido leitor, minha querida leitora, a pensar na resposta, utilizarei os dados do relatório ANBIMA de março/2025 para montar dois cenários fictícios, onde os resultados não constituem nenhuma profecia (não sou vidente), mas sim um mero exercício numérico!

Cenário 1: Nos três primeiros meses de 2025, os fundos de renda fixa em média subiram 2,60%; enquanto os de ações, considerando o mesmo período, subiram em média 5,83%. Mantidos tais resultados, em 5 anos, R$ 50 mil hoje investidos na renda fixa virariam R$ 83,5 mil, e nas ações R$ 155,3 mil, uma diferença a favor dos fundos de ações de R$ 71,8 mil! Dá vontade de aplicar tudo nas ações, não é mesmo? Isso é que eu chamo de queimar etapas!

Cenário 2: Nos 12 meses encerrados em março de 2025, os fundos de renda fixa subiram em média 10,52% e os de ações caíram em média 2,15%. Refazendo o mesmo exercício para 5 anos (com estes novos resultados), R$ 50 mil hoje investidos na renda fixa virariam R$ 82,4 mil, e nas ações R$ 44,9 mil, uma diferença contra os fundos de ações de R$ 37,5 mil! Isso é que eu chamo de se queimar!

Como diz um grande amigo, prever passado é ciência exata e infelizmente, o “daqui a 5 anos” do exemplo, é futuro: não dá para prever com exatidão. Como então apostar em um crescimento mais rápido, sem precisar adquirir quantidades industriais do Picrato de Butesin (pomada para queimaduras)?

Leitores mais assíduos devem ter a resposta: alocando apenas parte dos seus recursos em investimentos de risco, como os fundos de ações por exemplo. No exercício, o investidor que aplicasse R$ 10 mil nas ações e R$ 40 mil na renda fixa, teria R$ 97,9 mil no primeiro cenário ou R$ 74,9 mil no segundo. Qual percentual alocar em cada classe irá variar, de investidor para investidor, em função do risco que aceita (e pode!) correr. Note que por não saber de antemão o que irá ocorrer no futuro, a estratégia de diversificar diminui o ganho no caso do cenário de alta, mas em compensação atenua a perda (nas ações) no caso do cenário de baixa. Não tenho dúvidas de que seja a perda o que mais nos incomoda, acertei?

Fundos de ações investem no mínimo 67% de seus recursos em ações de empresas. São considerados fundos de alto risco (ou agressivos) pois suas cotas ficam sujeitas às oscilações de preço das ações. Neste grupo há várias subcategorias: os indexados procuram acompanhar a evolução de algum índice de bolsa (IBOVESPA, IBX), os setoriais concentram-se em ações de empresas de um setor (por exemplo energia), ou mesmo de uma única empresa (Petrobrás ou Vale, por exemplo). Na hora de investir neste tipo, é importante verificar se o fundo escolhido admite alavancagem pois esta, como o próprio nome indica, tenta alavancar (aumentar) os ganhos, por meio principalmente da utilização dos mercados derivativos (futuros, opções), aumentando assim o risco (em casos extremos, pode levar a perdas superiores ao total investido).

No Brasil, aonde a cultura de investir em empresas não está plenamente consolidada, apenas 4% dos recursos disponíveis aos fundos de investimento são aplicados nos fundos de ações. Até março de 2025, os indexados renderam (em média) 8,26% no ano, mas apenas 1,72% em 12 meses.

Um grande abraço e até a próxima semana! 

Postado por Inteligência Financeira

Os sete pecados capitais...

Ou seriam os sete pecados do capital?

14.04.2025 às 19:20


Os sete pecados capitais...

Ou seriam os sete pecados do capital? Vou deixar para que você, meu querido leitor, minha querida leitora, decida e, enquanto feliz da vida pensa no chocolate que irá ganhar neste Domingo (aproveitando o título da coluna, atenção à gula!), reflita que pontos da listinha abaixo fazem parte do seu dia a dia!

(1) Ser displicente com os extratos: Não estar nem aí para a correspondência que o seu banco ou administradora de cartão lhe enviam, é sintoma de uma vida financeira descontrolada, sinal de que você não se preocupa nem com o que ganha nem com o que gasta! Não é preciso dizer que qualquer planejamento mais sério sobre poupança ou independência financeira futura será impossível para a sua vida, fora que, sem controle, o que impedirá lançamentos indevidos (tarifas bancárias, por exemplo) ou até mesmo fraudulentos (compras na Internet, por exemplo) em suas contas?

(2) Adiar o plano de aposentadoria: Quanto mais tarde você começar a pensar no assunto, mais difícil será acumular. Por exemplo, para ter R$ 500 mil aos 60 anos, a uma taxa de 0,5% ao mês (na atual conjuntura corresponde ao rendimento de um fundo DI além da inflação), você precisará depositar R$ 495,28 mensais se iniciar aos 30 anos, valor que sobe para R$1.076,77 se iniciar aos 40 ou R$3.035,85 se iniciar aos 50. Sinistro, não?

(3) Viver além das próprias possibilidades: Pecado que não respeita idade, religião ou classe social e explica por que, volta e meia, algumas celebridades “quebram”. Sei que o assunto é espinhoso e não defendo a ausência de ambição como meta de vida, muito pelo contrário: até incentivo que você sonhe com patamares de conforto, riqueza ou padrão de vida superiores aos seus atuais, mas por favor, tudo isso às custas de planejamento, poupança e bons investimentos, e não às custas de dívidas impagáveis e juros extorsivos, certo?

(4) Não conseguir poupar: Além do caso decorrente do “pecado” anterior, também classifico como incapacidade a situação em que, todas as vezes quando uma quantia é acumulada, logo logo inventa-se um destino – nem sempre essencial, esse é o ponto! – para ela, como por exemplo trocar o guarda-roupas. Saiba então que se isso já aconteceu na sua vida, você deixou de aproveitar o trunfo dos juros compostos, que costuma presentear os pacientes: quem guarda R$100 mensais a 0,5% ao mês, por exemplo, observará que em pouco menos de 12 anos (139 meses para sermos precisos), o dinheiro já acumulado irá gerar juros maiores que os R$ 100 poupados a cada mês. É você vivendo de renda, que tal?

(5) Pagar o mínimo das faturas:Não preciso nem me alongar por aqui pois se você não paga suas faturas integralmente, seus custos estão maiores por conta de uma despesa que não dá prazer, a despesa com juros... ou por acaso você gosta de pagá-los?

(6) Não ter um fundo de emergência: É viver sempre ressabiado, a mercê de acontecimentos desagradáveis que nem sempre estão sob nosso controle. E eu pergunto, pra que aumentar o sofrimento justamente quando se precisa energia adicional para enfrentar um grande problema?

(7) Não viver a vida: Claaaaaro, pois de que vai adiantar seguir todas estas recomendações se no final você não tem tempo de desfrutar a vida, não é mesmo?

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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