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Gerações distintas, valores idênticos

A coluna – graças ao seu interesse, meu querido leitor, minha querida leitora – completa um ano e meio de existência

05.08.2025 às 18:40


Pois é, tenho bons motivos para comemorar: a coluna – graças ao seu interesse, meu querido leitor, minha querida leitora – completa um ano e meio de existência, trazendo temas que procuram aliviar a dor sobre o seu órgão mais sensível, o bolso! E, além disso, não dá para esquecer, no próximo domingo é o Dia dos Pais, motivo de alegria para quem é e/ou tem filhos, não é verdade?

E é sobre esse assunto que conversaremos hoje, ainda que eu tenha fugido do lugar comum das promoções – procure nos encartes dos jornais e na Internet – e das modalidades de pagamento – confira as taxas embutidas antes de comprar o presente – como tema principal. Preferi comentar sobre valores que recebi do querido Dr. Walter e que procuro passar para os meus queridos Maria Luiza e Rodrigo.

(1) Paciência: Mesmo tendo a percepção de que para os mais novos tudo parece ser para ontem, não foi isso o que aprendi em casa, onde as coisas demoravam a acontecer, como a compra do apartamento onde até hoje minha mãe mora, ou do segundo automóvel, em épocas em que ainda dava para se deslocar tranquilamente no Rio sem tantos engarrafamentos. Ou seja, para se chegar lá, é preciso saber esperar e hoje, após muito estresse, também sou capaz de aguardar o momento certo para que as sementes que plantei comecem a germinar. Minha dupla dinâmica decerto absorveu o conceito, viva! Com um ciclo de nove anos de estudo (entre faculdade e residência), houve momentos em que a filha pensou em desistir, mas estimulada pelos conselhos do pai e do avô, seguiu em frente, e hoje – com perdão pela brincadeira – cuida de inúmeros pacientes, pois tornou-se uma super ortopedista, que tal?

(2) Resiliência: Palavra tão em moda hoje em dia, fui pesquisar e encontrei uma boa definição para o termo: capacidade de voltar ao seu estado natural, principalmente após a ocorrência de alguma situação crítica e fora do comum. Vida é movimento, ora, ora! Que história é essa de, à primeira dificuldade, desistir? Vale para um monte de situações financeiras – quis comprar a casa, mas ela já foi vendida? Procure outra! – e não financeiras também – uma oportunidade se fechou no emprego? Fique à disposição de outra, o famoso plano B. Nisso meu pai era um craque e pelo visto tal característica atravessou gerações. Rodrigo, um jovem administrador, me liga em uma segunda-feira para comunicar que tinha sido desligado da empresa onde trabalhava... Faz, parte pois trabalhando na iniciativa privada, todo momento pode ser aquele desagradável momento. Em vez de ficar regurgitando, arregaçou as mangas, procurou seus contatos e – pasmem! – na sexta da mesma semana já estava recolocado. Sinceramente, acho que nem eu, com muitos anos a mais de experiência de vida, conseguiria tal grau de resiliência, eita pitanga!!

(3) Foco: Indispensável quando o objetivo fala mais alto, como no caso do planejamento financeiro onde as metas servem como ponto focal. Em outras áreas, por vezes uma ação externa pode ajudar, ainda que a forma mude entre gerações... Trabalhando ou estudando em casa, meu pai desligava a TV, eu desconecto o computador e meus filhos (espero!!) guardam seus smartfones, não é ótimo?

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

O futuro de Pedro

23.07.2025 às 18:00

O futuro de Pedro

Habituados como estamos a conviver com uma grande maioria que trabalha ligada a alguma empresa – se você, meu querido leitor, minha querida leitora, acha que exagero, pesquise entre seus amigos os que vivem nesta situação – acabamos por desconsiderar uma legião de outros profissionais que, pela natureza de sua ocupação, exercem suas atividades sem qualquer vínculo empregatício. Médicos, dentistas, pequenos empresários, motoristas de taxi e de aplicativos, e tantos outros se enquadram neste caso. Como estas pessoas deveriam montar suas estratégias para, no dia em que perderem o pique para tanto esforço, conseguirem manter seu padrão de vida? É o seu caso? Então o artigo de hoje vem em boa hora. Acertou quem percebeu que iremos falar de previdência. Acompanhe meu raciocínio!

Pedro, 30 anos, trabalhador autônomo, preocupado com seu futuro, resolveu poupar para, aos 65 anos, ter garantido parte de seu sustento. Assim, valendo-se de algum produto financeiro de baixo risco disponível no mercado (fundo de investimento, títulos públicos ou privados, planos de previdência) pensa em aplicar R$ 200 mensais. Suponha agora que nosso amigo consiga obter 2% anuais de rentabilidade além da inflação, já descontadas taxas de administração, carregamento, imposto de renda e demais custos. Garantindo que também reajustará sua contribuição de acordo com a inflação acumulada a cada ano, ao final deste prazo terá o equivalente a R$ 121.083. Caso viva até os 95 anos, mantidas as mesmas condições de rentabilidade, conseguirá uma renda mensal de R$ 445,71, valor que subirá para R$ 610,49 caso viva até os 85 anos ou para R$ 1.111,31 caso viva até os 75 (todos os valores expressos com poder de compra atual, já que estarão corrigidos pela inflação acumulada no período).

Uma alternativa que Pedro deve averiguar é cadastrar-se como contribuinte individual do INSS. Neste caso, pensando no cenário mais caro (onde ele paga tanto a sua parte como a do empregador), para um salário-de-contribuição de R$ 1.000, irá arcar com 20% deste valor (R$ 200) para, conseguir receber R$ 1.000 mensais a partir dos 65 anos, com poder de compra atual pois o INSS reajusta anualmente os valores, do benefício e da contribuição. Com 30 anos de idade e 35 de filiação ao INSS, Pedro conseguirá parar aos 65, o que pelas atuais exigências previdenciárias (idade mínima, tempo de contribuição e pontuação de 100, correspondente à soma de sua idade com os anos de contribuição) irá lhe proporcionar o benefício. Outras idades e tempos de contribuição poderão alterar para cima ou para baixo os R$ 1.000 citados.

Dá para perceber que salvo se Pedro vier a falecer prematuramente, antes dos 76 (pelo IBGE aos 65 a expectativa é de que viva por mais 18 anos), a alternativa oficial me parece mais vantajosa, pois irá lhe garantir R$ 1.000 de renda enquanto viver, sem contar outros benefícios como auxílio-doença, auxílio-reclusão e pensão por morte. Caso Pedro não fosse Pedro, e sim Maria, além de mais um benefício, o salário-maternidade, não precisaria contribuir por 35 anos, mas sim por 30 (calma Maria, trato de você em futuro artigo).

Mas atenção: Pedro poderá optar pela previdência oficial contribuindo com 20% até o limite do teto previdenciário, correspondente hoje ao benefício de R$ 8.157,41 mensais. Acima deste valor, ficará por conta de sua paciência e perseverança conseguir acumular mais por outros instrumentos.

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Observe bem!

14.07.2025 às 18:20

Observe bem!

Por conta de recente palestra que ministrei em uma empresa, pude perceber que a grande maioria dos participantes, ainda que tivessem uma razoável compreensão do mundo dos investimentos em geral, passassem batidos por questões que, no meu entender, podem gerar uma distância considerável entre os resultados esperados e aqueles efetivamente realizados. O assunto de hoje, portanto, tem como objetivo alertar aos queridos leitores, às queridas leitoras, para algumas destas questões. Vamos lá?

(1) Diversificação: Difícil estimar o que irá ocorrer no futuro, e assim, aqueles que procuram diversificar seus investimentos têm maiores chances de evitar possíveis perdas. Tal diversificação deve ocorrer não apenas entre as classes de ativos (renda fixa, bolsa, imóveis, etc.) mas ainda, dentro de cada classe, entre diferentes ativos. Neste ponto, fundos de investimento levam vantagem em relação às aquisições individuais já que suas carteiras são usualmente bem distribuídas entre inúmeros títulos. Exemplificando, alguém que possua R$ 20 mil para investir em bolsa, dificilmente conseguirá adquirir 15 ou 20 ações diferentes, desta forma concentrando o risco. E já que falei de fundos...

(2) Taxas cobradas: Fundos em geral cobram uma taxa de administração sobre o patrimônio investido, e vejo muitos decidirem por um ou outro em função do valor desta taxa. Bobagem, pois as rentabilidades anunciadas já estão deduzidas de tais taxas. Na mesma classe, compare fundos com base na rentabilidade oferecida/esperada. Alguns fundos cobram ainda a taxa de performance, geralmente atrelada a algum padrão (benchmark) de mercado. Acho a ideia interessante, desde que os resultados superem o padrão; entretanto, verifique se o padrão é adequado às características do fundo. Exemplificando, não faz sentido um fundo de ações usar como benchmark o CDI, concorda?

(3) Regras do produto: Nunca é demais ler prospectos e regulamentos explicativos, de forma a descobrir questões como liquidez, uso de derivativos, condições de resgate e liquidez, dentre outros itens. Já pensou investir em um fundo que obriga o aplicador a deixar o dinheiro parado até seu encerramento (caso dos fundos fechados)?

(4) Alavancagem: Como o próprio nome sugere, trata-se de uma estratégia que procura alavancar ganhos (o lado bom), mas que também traz o risco de alavancar perdas (o lado ruim). Tentarei explicar de forma simples: suponha que você tenha a expectativa de que uma ação vá subir 50% no próximo mês, ou seja, aplicando R$100 você a venderá por R$150. Animado com a perspectiva, você pega outros R$100 emprestados no banco, prometendo devolver R$110 e investe R$200 na ação. Se sua expectativa se realizar, ao término da operação você receberá $300 pela venda da ação e pagará o empréstimo de R$110. Sobre o que você investiu (R$100) terá obtido um ganho de R$90, equivalente a 90% (ao invés dos 50% inicialmente projetados). Por outro lado, caso a ação se desvalorize 20%, a operação alavancada pelo empréstimo irá lhe trazer uma perda de 50% (deixo as contas como exercício). Alguns fundos fazem operações similares, o que, dependendo do grau de alavancagem podem até mesmo ficar com o patrimônio negativo, exigindo de seus cotistas um novo aporte de capital, a chamada de margem. Todo o cuidado é pouco, leia o regulamento, insisto!

(5) Liquidez: Como já abordei em artigos anteriores, refere-se ao prazo em que o resgate do investimento é transformado em dinheiro em sua conta corrente. Para quem precisa de recursos em prazos mais curtos, alternativas com menor liquidez são inadequadas. Mas há outro ponto que tenho observado em alguns casos, notadamente em fundos multimercados e em alguns fundos de renda variável: o prazo a decorrer entre a data da solicitação do resgate e a data da cota de saída... Explico: suponha que sua aplicação em um fundo multimercado já tenha rendido 30% e você queira se desfazer da posição por acreditar que o mercado não tenha mais fôlego para subir... Se este fundo solicitar 60 dias para a cota de saída, você ficará 60 dias esperando para saber seu ganho final, que pode ser bem diferente dos 30% já acumulados... quase um cara-e-coroa, é mole?

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Afobado ou sereno, você decide!

03.07.2025 às 12:40

O semestre termina com muita confusão no ar, tanto no plano internacional – conflitos armados, guerra tarifária, protecionismo comercial, dentre outros – quanto no plano nacional – aumento de impostos, inflação fora da meta, disputa entre os poderes, perigo de apagão fiscal – isso para ficarmos apenas no que a mídia tem veiculado recentemente.

Para aqueles que, financeiramente equilibrados e com alguma capacidade de poupança, vêm aplicando suas sobras nas opções de investimento disponíveis no mercado, o meio do ano é um bom momento para reavaliar como anda a economia do bolso, a fim de verificar se as metas traçadas no início do ano conseguirão ser atingidas. Pelo lado das despesas, o aumento dos preços de produtos e serviços também não tem ajudado, provavelmente diminuindo a quantidade do que se guarda no mês a mês. Como agir?

Bem, meu querido leitor, minha querida leitora, se você se encontra nesta situação, calma e sangue frio são ingredientes essenciais para não se deixar contaminar pela negatividade espalhada no ar. Sugiro atacar a questão em duas frentes.

(1) Pelo lado das despesas, fidelidade a suas metas: Para quem é organizado e faz um orçamento no início de cada ano visando gerar uma sobra – a partir das diferenças entre o que ganha e o que gasta – é muito comum, diante do aumento das despesas, rever ou mesmo descartar os objetivos previamente traçados, não é mesmo?  Permitam-me discordar, mas sou da opinião que você não as revise, mas sim se esforce para cumpri-las. Bom senso e flexibilidade precisarão entrar no seu planejamento. Por exemplo, se a conta do supermercado subiu, compense gastando menos em refeições fora ou deixando o carro em casa uma ou duas vezes na semana, para assim economizar o estacionamento.

(2) Pelo lado das receitas, deixe a emoção de lado e use a razão: Assumindo que a economia mais aquecida (é uma boa notícia!) não tenha melhorado a sua renda pelo trabalho (em aumento salarial, maior participação nos resultados, ou comissões mais altas), vale avaliar com calma o resultado de seus investimentos... Veja: nos seis meses do ano, a inflação medida pelo IPCA ficou em 2,93%. Os afobados, que apostaram no aumento do dólar, deram com os burros n´água, pois no mesmo período, a cotação recuou em 11,57%... eita, pitanga!  Em compensação, todas as demais classes de investimento, na média superaram a inflação, tomando-se por base as variações dos seus correspondentes índices. Por exemplo o CDI aumentou 6,35% e o IMA-S, que reflete a variação das aplicações pós-fixadas, variou 6,49%. Já o IMA-B e o IRF-M, que refletem as variações das aplicações indexadas à inflação e as prefixadas, subiram  respectivamente 8,18% e 10,25%. Mesmo os investimentos de mais risco, registraram valorização: fundos imobiliários (medidos pelo IFIX) subiram 11,12%, fundos multimercados (medidos pelo IHFA) subiram 7,79% e ações e fundos de ações (medidos pelo Ibovespa) subiram 13,79%.

Neste ponto, duas questões devem ficar claras: (1) as variações expressas nos índices citados não necessariamente irão corresponder aos resultados obtidos em suas aplicações específicas, já que refletem médias (algumas aplicações terão rendido acima e outras abaixo da média); (2) os dados apresentados não indicam o que irá ocorrer no futuro – é a velha máxima de que “rentabilidade passada não garante rentabilidade futura”. Mas, considerando a atual Selic (15%) entendo que haja muitas alternativas a aproveitar, desde que o espírito sereno prevaleça sobre o afobado!

Um grande abraço e até o próximo semestre!

Postado por Inteligência Financeira

Basta de comportamento!

Termino hoje a lista (iniciada há duas semanas) dos principais vieses comportamentais que podem afetar as decisões financeiras

20.06.2025 às 18:00


Basta de comportamento!

Termino hoje a lista (iniciada há duas semanas) dos principais vieses comportamentais que podem afetar as decisões financeiras. Espero que vocês, queridos leitores, queridas leitoras, tenham absorvido parte do que apresentei para evitar cair nessas armadilhas psicológicas.

(1) FILTROS: Muito difícil admitir preconceitos em épocas do politicamente correto, mas o fato é que raramente encontramos alguém que não tenha suas idéias preconcebidas, criando assim seus pontos de referência. Como conseqüência deste padrão, adotamos filtros seletivos, onde as informações que confirmam as referências (ou preconceitos) são acolhidas e as que contradizem são descartadas. Risco: nos investimentos, esta armadilha pode nos levar a carteiras excessivamente concentradas nos ativos considerados referências, o que não obrigatoriamente significará retornos adequados para os níveis de risco incorridos.

(2) SÍNDROME DO “EU SABIA”:Como diz um grande amigo, prever o passado é ciência exata! E, como conseqüência de precisarmos explicações racionais para o mundo, por muitas vezes, somos tentados a acreditar que fatos passados eram muito óbvios e passíveis de previsão, quando na realidade não eram, a exemplo do que ocorreu com muitas das bolhas especulativas: se eram tão óbvias assim, porque tantos perderam dinheiro? Risco: nos investimentos, este padrão de comportamento pode levar-nos a um infundado excesso de confiança na própria habilidade em escolher as melhores ações ou momentos para investir.

(3) ENVELOPES SEPARADOS: Quem já não ouviu o caso de alguém que tenha por hábito separar dinheiro em envelopes para diferentes fins (o “azul” é para pagar a escola, o “vermelho” para o condomínio, etc)? Até aí, tudo bem, é a forma como cada um prefere se organizar. O problema surge quando este hábito ultrapassa limites e passamos a tratar de forma diferenciada cada um dos “envelopes” virtuais. Como explicar, por exemplo, poupar mensalmente para a viagem de férias às custas do saldo negativo do cheque especial? Risco: no caso dos investimentos, esta armadilha, além de criar situações como a citada (poupança e dívida), pode nos levar a tratar distintamente recursos com diferentes origens, como por exemplo, os provenientes dos lucros de aplicações financeiras, considerados “menos nobres” do que aqueles provenientes de salário, e, portanto, não sujeitos às mesmas restrições de risco aplicadas ao restante dos recursos... é dinheiro do mesmo jeito!

(4) ASSIMETRIA ENTRE PERDAS E GANHOS: Estudos confirmam que, na maioria das vezes, a dor causada por uma perda impacta muito mais nosso humor do que o prazer causado por um ganho, de mesmo valor. Este tipo de comportamento explicaria, por exemplo, porque muitos preferem não trabalhar mais de forma a não pagar mais IR: o prazer associado ao ganho líquido adicional não suplantaria a dor de pagar mais imposto. Risco: nos investimentos, este padrão pode nos levar a manter ativos perdedores por muito tempo – de forma a evitar a realização da perda (excessivamente valorizada) ou a nos desfazer antecipadamente de ativos ganhadores (lucros não ganhos são pouco valorizados). Pode nos levar também a criarmos traumas devidos a perdas passadas, deixando-nos de fora de excelentes oportunidades. E já que citei o IR, é bom ficarmos atentos com as mudanças nas regras de tributação de alguns produtos financeiros, tais como LCI, LCA, fundos e planos de previdência dentre outros: a suspensão de isenções ou o aumento de alíquotas poderá eventualmente alterar a ordem de atratividade – leia-se rentabilidades finais – entre os diferentes produtos. Muita atenção, portanto!

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Bem comportado...

11.06.2025 às 23:40

Bem comportado...

Por conta de um fim de semana em que consegui me desvencilhar de algumas atividades, aproveitei para uma pequena viagem para região próxima, coisa de umas duas horas a uma velocidade moderada e segura. Mas qual não foi o meu espanto ao perceber que somente cheguei ao destino quatro horas e meia após a partida... Dureza! Bem, se vocês, queridos leitores, queridas leitoras, são daqueles que vão se aventurar a pegar a estrada, recomendo paciência, muita paciência, pois não faltará aquele engarrafamento – que duplicará seu tempo de viagem – causado na maioria das vezes pelos apressados-donos-do-mundo, que insistem em andar pelo acostamento até a primeira ponte, quando ao voltar à rodovia, obrigam os demais a reduzir velocidade. Devem ser as mesmas pessoas que, ao abrir as portas de um elevador, não esperam que este se esvazie, antes de entrarem, causando assim outro engarrafamento. Teremos chegado ao fim da civilidade? O que você acha de tal comportamento?

Bem, pelo teor do parágrafo acima, você, leitor assíduo e esperto, já percebeu que continuarei a tratar das Finanças Comportamentais, prosseguindo a lista das armadilhas psicológicas que podem prejudicar decisões financeiras.

(1) EFEITO MÍDIA: Fatos ostensivamente divulgados ampliam o impacto das informações recentes em nossa habilidade de julgamento (comentado na semana passada!), fazendo com que superestimemos a possibilidade de que ocorram novamente, mesmo quando raros. Isto explica, por exemplo, porque muitos optam por viajar de carro após um acidente aéreo de grandes proporções, ainda que, estatisticamente, andar de carro traga mais chances de morte do que andar de avião. Risco: nos investimentos, esta armadilha pode fazer com que, após uma queda abrupta nas cotações, mesmo sem nenhum fundamento econômico/financeiro a sustentar o fato, nos desfaçamos precipitadamente de ações adquiridas anteriormente.

(2) PONTOS DE REFERÊNCIA: Não pouco freqüente é a tendência em fixarmos idéias ou números e usá-los como pontos de referência para estimativas futuras. Isto explica, por exemplo, o apego em mantermos hábitos ou atitudes que, em outras condições ou momentos passados foram até eficientes, mas no cenário atual, não apresentam evidências que justifiquem nossa preferência. Risco: nos investimentos, esta armadilha pode nos deixar presos a fundos ou aplicações com baixa rentabilidade para o nível de risco que oferecem ou ainda, no caso das ações, fazer-nos manter um determinado título perdedor e sem chances reais de recuperação, apenas por acreditarmos que sua cotação voltará ao preço de referência que temos em mente.

(3) QUANTIDADE DE INFORMAÇÕES: É consenso que decisões tomadas a partir de um conjunto de informações tendem a produzir melhores resultados. Entretanto, o atalho mental que muitas vezes atrapalha é achar que quanto maior a quantidade de informações, melhor será a decisão. Na prática, o que estudos acadêmicos comprovam, é que apenas poucas variáveis são relevantes. No caso do nosso Ibovespa, por exemplo, três principais fatores explicam boa parte das maiores oscilações recentes: situação econômica mundial, inflação brasileira e preços internacionais das commodities. Risco: nos investimentos, fora o tempo e o dinheiro gastos para obtê-las, congestionarmos nosso processo decisório com dados irrelevantes.

Um grande-abraço-comportado (também sou vítima das armadilhas que comento!) e até a próxima semana! 

Postado por Inteligência Financeira

Comporte-se!

"Finanças Comportamentais", são uma área de estudo e pesquisa que pouco a pouco ganha espaço em publicações e cursos ministrados em faculdades de ponta

04.06.2025 às 14:00

Comporte-se!

Que tal saber que o Marcelinho não pode comer bolachas pela manhã? Ou que o homem de terno marinho não irá sair hoje com sua namorada? Surpreso? Eu também! Vivemos o tempo em que as orientações, os  convites e, em alguns casos, os detalhes amorosos – nem sempre publicáveis – são discutidos a céu aberto, via celular. A bem da verdade, os casos que relato não ocorreram a céu tão aberto assim, pois estávamos no metrô... Com atrito e barulho, imagine, caro leitor, cara leitora, a que volume eu e os demais passageiros fomos obrigados a compartilhar destas pequenas intimidades alheias. Chegamos ao fim da privacidade? E o que dizer então do permanente exibicionismo nas redes sociais? O que você acha de tal comportamento?

Refletindo sobre o tema, lembrei-me do que tenho lido ultimamente, sobre Finanças Comportamentais, área de estudo e pesquisa que pouco a pouco ganha espaço em publicações e cursos ministrados em faculdades de ponta; a idéia central é combinar teorias da psicologia e das finanças para explicar porque as pessoas nem sempre tomam decisões racionais.

Observando o que tem ocorrido nos mercados financeiros em geral, e consciente de que a insegurança em como investir aumentou consideravelmente, achei oportuno listar algumas armadilhas comportamentais a que estamos sujeitos... Quem sabe, conhecendo-as, não sejamos capazes de maior autocontrole para decisões futuras?

(1) EXCESSO DE CONFIANÇA E OTIMISMO: Responsável por nos fazer acreditar que somos acima da média em prever não apenas os melhores ativos a investir, mas também o melhor momento para comprar ou vender. Risco: relutarmos em nos desfazer de posições perdedoras por não aceitarmos que erramos, ou então entrarmos e sairmos de posições com muita freqüência, trazendo a alegria para corretores e tristeza para o bolso!

(2) EFEITO MANADA: Fazer o que todos fazem (se todos fazem, deve estar mesmo certo!) nos trás conforto e segurança, até mesmo porque, ao errarmos em grupo, o “mico” é menor, não é mesmo? E, pelo que percebi, esta distorção é tão maior quanto maior ou mais prestigiado e poderoso for o grupo! Risco: participarmos ativamente de bolhas especulativas, entrarmos em esquemas do tipo pirâmide e muitos outros, por vezes sem termos sequer conhecimento sobre onde estamos investindo!

(3) PASSADO RECENTE: Informações que recebemos de passado recente exercem influência em nossa habilidade de julgamento, o que explica, por exemplo, o aumento dos aportes em bolsas e fundos de ações após sucessivos meses de alta ou o resgate descontrolado após meses de baixa. Ou seja, o princípio lógico e largamente difundido, de que para se ganhar dinheiro em mercados de risco deve-se comprar na baixa para vender na alta, é, aparentemente violado de forma consistente por investidores influenciados excessivamente pelas últimas informações. Risco: nas épocas de alta expormos nosso patrimônio a um nível de risco maior do que podemos suportar (o aumento das cotações faz crescer a participação da renda variável no total de nossos ativos), e, nas épocas de baixa, a um nível inferior, deixando-nos fora de boas oportunidades.

Enfim, o tema é muito interessante... e extenso, por isso continuarei na próxima semana. Por ora, comporte-se! Um grande abraço e até!

Postado por Inteligência Financeira

O gerúndio e a restituição

28.05.2025 às 00:20
Reprodução


Pois é meu caro leitor, minha cara leitora, sequer terminou o prazo para a entrega da declaração de Imposto de Renda deste ano, e já sofremos o bombardeio da rede bancária e seus “call-gerúndio-centers” com as ofertas “nós vamos estar oferecendo uma linha especial de crédito para você poder estar antecipando a restituição do seu imposto”... Nossa, é verbo demais e vantagens de menos! Por isso, achei conveniente interrompermos a seqüência dos demais assuntos que publicamos para podermos estar comentando (homenagem da coluna ao gerúndio, ha, ha, ha!) o tema. Voltaremos a eles na próxima semana, combinado? Passemos às dicas!

(1) CORREÇÃO DA RESTITUIÇÃO A RECEBER: Enquanto ela não chega, a receita aplica a taxa SELIC sobre o saldo. Ainda que possamos questionar esta poupança forçada (ora, dinheiro nosso é bom no nosso bolso!), eu adotaria postura mais cautelosa diante da crítica já que, comparativamente às aplicações em Fundos DI, ficar com a restituição presa pode se tornar um excelente negócio: não há  a cobrança de taxa de administração, e o rendimento é isento de imposto. Apenas para ilustrar, quem está com a restituição de 2024 pendente (11 meses), irá receber 11,07% de correção caso ela saia até 30/05/2025 (na realidade será um pouco mais, já que tal correção refere-se à data de 27/05/2025); no mesmo período, em média os Fundos DI renderam aproximadamente 10,35% em termos brutos ou 8,28% em termos líquidos, isto é, descontado o IR (20% na simulação). Nada mau ter esperado, não?

(2) TAXAS PRATICADAS: Pesquisando na Internet, observei taxas entre 1,78% e 2,80% ao mês, dependendo do banco, além da cobrança do IOF (ops, logo ele!!) pela operação. Ótimas taxas se compararmos com as praticadas nos cheques especiais, cartões de crédito ou financeiras, mas vale pesquisar (para obter a mais baixa) e também verificar junto ao banco, qual valor será utilizado para liquidar sua dívida: o valor constante na declaração ou o valor corrigido. No primeiro caso, como a correção ficará no seu bolso, a taxa final da operação será menor que a anunciada, no segundo será maior.

(3) PLANO B: Se optar por fazer o empréstimo, pense em alguma estratégia caso a restituição não chegue em data próxima (o que fazer se ela só vier daqui a 18 meses?) Sugiro muita cautela, pois, se você não tiver uma alternativa para liquidar o empréstimo, é encrenca certa: mesmo com uma taxa mais baixa, vai virar uma bola de neve. A 1,78% de taxa final (vide item acima) sua dívida irá dobrar em 3 anos e meio, e a 2,8%, dobrará em pouco mais de dois anos.

(4) QUANDO É RECOMENDÁVEL PEGAR O EMPRÉSTIMO? Diferentes situações, diferentes comportamentos: (a) Se você possui dívida com taxa superior à do empréstimo (por exemplo cartão), pegue o empréstimo para liquidá-la ou reduzi-la, mas tenha em mente o que aqui chamei de Plano B: aproveite a folga de caixa originada pelo fim da dívida cara para poupar parte do que ganha, e assim evitar surpresas com a demora da restituição; (b) Se possui dívida com taxa inferior (por exemplo um crédito consignado), não pegue o empréstimo: parte de sua renda já está comprometida. Paciência: espere a restituição; (c) Se você não possui dívidas, reflita sobre os itens (1) a (3) que apontei... quem sabe não vale a pena esperar um pouquinho e adiar as compras que você já estava programando, não é mesmo?

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Casos de casais

20.05.2025 às 18:40

Casos de casais

Como havia prometido, aproveito o mês das noivas para contar histórias de “gente-como-a-gente”: casais e o que fazem para lidar com dinheiro!

Fabiana e Guilherme, entre namoro e casamento juntos há doze anos, praticam um modelo em que um dos dois controla inteiramente as finanças do casal, no caso ela. Ótimo exemplo para os que ainda insistem no discurso velho e ultrapassado de que mulheres não entendem de finanças... Não é este o seu caso, não é mesmo, querido leitor, querida leitora? Pois bem, logo que se conheceram, mesmo ganhando um ótimo salário, Henrique vivia enrolado em dívidas, incapaz de controlar despesas, saldos bancários ou datas de vencimento das faturas. Provavelmente, parte de seu orçamento fazia a festa de bancos e administradoras de cartão, situação com a qual a astuta Fabiana não conseguiria conviver: era dinheiro jogado fora, contou-me! Problema identificado, o passo seguinte foi traçar a estratégia para vencer o “descontrole financeiro”, eleito o inimigo número um pelo casal. Chamou-me a atenção o amadurecimento e a capacidade de ajuste do casal: Guilherme, por exemplo, sabedor de que não teria condições de vencer o inimigo, preferiu abrir mão de sua suposta liberdade (não é para qualquer um!) e aceitou viver com uma “mesada” administrada por sua futura esposa, vislumbrando o benefício de uma vida financeira saudável mais à frente. E Fabiana, pelo seu lado, mesmo com a autoridade de quem tem 100% dos recursos sob seu controle, resistiu à vaidade e, numa postura mais pragmática optou por fazer o que tinha de ser feito: planilhas, restrições e mais planilhas. Resultado: hoje, casados, não apenas as finanças estão em ordem como ainda, já realizaram alguns sonhos antigos, como o do carro do ano e o de morarem em casa própria, financiada com os recursos antes desperdiçados. Bela parceria, não é verdade?

José Luiz e Fernanda, entre namoro e casamento juntos há 18 anos, praticam um modelo em que, pode-se dizer, cada um controla a sua parte, existindo, entretanto, um acordo tácito das despesas comuns com que cada um irá arcar, razoavelmente proporcionais aos seus ganhos: por exemplo, nas contas das concessionárias, ele arca com os telefones e a luz, ela com o gás. Pelo que pude perceber, o modelo dos dois funciona porque ambos são econômicos, aceitam viver dentro de suas restrições orçamentárias, sem cobranças (de lado a lado), e aí, fora o caso da aquisição de bens a longo prazo – o apartamento, por exemplo – vivem – e felizes! – com o que ganham. Não trocam de carro a cada ano, mas têm um fundo de emergência para as adversidades e, importantíssimo, moram no que é deles, resultado da persistência do casal e da inventividade de José Luiz, o encarregado de aplicar bem as sobras. Fernanda cumpre um importante (e difícil) papel nisso tudo, que é o de ser solidária e ajudar o casal a remar o barco na mesma direção, evitando despesas desnecessárias, e diminuindo pressões óbvias do consumo, seu e das filhas (são duas!), sem contar que usa as suas próprias sobras para as felizes eventualidades, como por exemplo, a viagem que espera fazer com a família nas próximas férias, que tal? Outra bela parceria, não é mesmo?

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira

Seu João e Dona Maria

13.05.2025 às 22:00

Seu João e Dona Maria

Seguindo a estratégia oficial de incentivo ao consumo para o reaquecimento da economia, aposentados e pensionistas do INSS receberam metade do décimo-terceiro ao longo das últimas semanas, o que aliado com a restituição do IR –prometida para iniciar no final de maior – deve ter deixado muita gente satisfeita. É um dinheirinho extra que vem mesmo em boa hora, já que por conta do custo de vida, muitos estão pendurados em cheques especiais ou cartões de crédito pagando juros de mais de 200% ao ano. É o seu caso, meu querido leitor, minha querida leitora? Então este artigo é para você!

Está certo que o apelo oficial – consuma! – agrada, afinal, quem não gosta de gastar, não é mesmo? Mas, na dúvida entre ser patriota ou estar em dia com o próprio orçamento, eu ficaria com a segunda opção, priorizando a eliminação da dívida cara para só depois, caso sobrasse algum, partir para a gastança. Um exemplo simples ajuda a reforçar meu argumento. Suponha que o Seu João receba uma pensão de R$ 5.000, aí já descontados os impostos. Mas neste mês, seu benefício veio mais gordo, correspondente aos R$ 2.500 da primeira parcela do décimo-terceiro. Infelizmente nosso amigo possui uma dívida crônica no cartão de R$ 2.500, e como não consegue quitá-la, vê sua fatura crescer pelo menos R$ 250 por mês só por conta dos juros que precisa pagar. Até o final do ano, Seu João terá recebido R$ 37.500, aí incluídos os sete meses restantes e a segunda parcela do décimo-terceiro. Não liquidar a sua dívida agora representará, na melhor das hipóteses, R$ 1.750 a menos em seu consumo (equivalente aos sete meses dos juros de R$250 que a administradora lhe cobra) além do débito original, o que lhe deixará R$ 33.250 livres para o gasto despreocupado (= R$37.500 – R$1.750 – R$2.500). Se, atento, Seu João optar por usar o benefício recebido para liquidar a fatura estancando assim o pagamento dos juros, este valor subirá para R$ 35.000, que tal? Um aumento de 5,26% no consumo.

Estratégia parecida, mas não tão drástica deve ser adotada por Dona Maria, que também recebendo R$ 5.000 mensais, possui dívida crônica de apenas R$ 1.000. Adotando as mesmas premissas que usei para o Seu João, adiar a resolução de seu problema, a fará ter menos R$ 700 em seu orçamento por conta dos juros que irá pagar, deixando-lhe R$ 35.800 para o consumo despreocupado (= R$37.500 – R$700 – R$1.000). Caso opte por liquidar sua dívida agora, este valor subirá para R$ 36.500, um ligeiro acréscimo de 1,96% em seu consumo. Mas vejam: por conta do baixo valor de seu débito, ainda lhe sobrarão para gasto imediato R$ 1.500 da parcela do décimo terceiro agora recebida. Cá entre nós, acho que o netinho de Dona Maria vai se dar bem, não?

Um grande abraço e até a próxima semana!

Postado por Inteligência Financeira


Inteligência Financeira por Roberto Zentgraf

Graduado em Engenharia Civil (UFRJ), teve experiência profissional construída marcadamente na área financeira, iniciada na Controladoria do Grupo Exxon Foi professor no Grupo Ibmec lecionando disciplinas da área financeira (Matemática Financeira, Estatística, Finanças Corporativas, Gestão de Portfolios, dentre outras)

Paralelamente a estas atribuições, passou a assinar uma coluna semanal sobre Finanças Pessoais no jornal O Globo, tendo a oportunidade de esclarecer as principais dúvidas dos leitores sobre orçamento pessoal, dívidas, aposentadoria, financiamento imobiliário e investimentos. O sucesso atingido pela coluna proporcionou inúmeras participações em palestras, comentários na mídia escrita e televisiva, além da publicação de outros sete livros tratando o tema.

Após obter a certificação de planejador financeiro (CFP® Certified Financial Planner) associou-se à BR Advisors, grupo especializado em soluções financeiras.


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