*Welisson Miranda
Lançado pelo PSD, o ex-prefeito começou sua caminhada política como deputado estadual em 2007-2011, eleito deputado federal em 2011-2012, tendo passagem política discreta e sem máculas dentro da arena política do complicado e obscuro cenário nacional. Ainda em 2012, sai do legislativo para sua incursão no executivo, eleito Prefeito de Maceió e reeleito em 2016 com aproximadamente 58% dos votos válidos. É um jovem com DNA político a ser respeitado na atual disputa eleitoral ao Governo de Alagoas.
O discreto político, mostra-se capacitado, afirma ter executado o “maior programa habitacional da história de Maceió com mais de 10.000 casas populares entregues, desenvolvido o maior avanço da educação dentre todas as capitais brasileiras”. Sem alardear o significativo desenvolvimento em infraestrutura de Maceió.
Sobre propostas ao Poder Executivo Estadual, Rui afirma seus propósitos em investimentos no ensino técnico profissionalizante, desenvolvimento através de incentivos fiscais para geração de emprego e renda, capacitação ao seguimento do setor hoteleiro dada a vocação turística do estado, sem esquecer dos investimentos necessários e indispensáveis à melhoria e desempenho da Educação Pública Estadual.
Esses, seus pilares de desenvolvimento socioeconômico para Alagoas, sem criar qualquer adereço com viés ideológico, posto que o objetivo é o crescimento e bem-estar social do Estado de Alagoas. Resta, contudo, saber se haverá apoio financeiro suficiente para embate com seu principal opositor o clã do Senador Renan Calheiros, representado nessa disputa política por “Preposto – Marcelo Victor”.
Noutra ponta, vê-se apenas um adereço – Rodrigo Cunha, sem expressão no cenário político doméstico e muito menos nacional. Sobre o Senador Fernando Collor, na disputa ao Governo do Estado, basta lembrar de Zélia Cardoso “sequestro da poupança”, que este some do mapa político.
Com tal perfil, Rui Palmeira pode surpreender ainda mais esse cenário em Alagoas, se alcançar maturidade política, mantendo-se adstringente em relação ao atual Governo Federal, cujos indicadores econômicos e sociais atuais, corroboram em favor do país.
*Presidente do PSD de Paripueira
Por Hemerson Casado*
Em Alagoas, cada um dos prefeitos tem que conhecer as suas próprias cidades. Cada uma precisa trabalhar com o seu Big Data para, a partir daí, começar a ter noção do que cada setor, como a educação, saúde, segurança, meio ambiente, vocação para o seu desenvolvimento, mobilidade urbana, necessita para tornar a sua cidade um ambiente melhor para os seus habitantes, pois a cidade só existe por causa do cidadão. As prefeituras são fundamentais para a grande mudança que é a Cidade Inteligente. Esse conceito é uma revolução do futuro, que tem que ser iniciada agora.
As decisões tomadas em Brasília, nem sempre refletem o anseio de cada comunidade. O que torna difícil a implementação desses conceitos é a enorme dependência dos políticos de Brasília, que fazem das emendas parlamentares uma moeda de troca para as reeleições dos senadores, deputados federais, estaduais e dos próprios prefeitos e vereadores, que por mais que as demandas sejam legítimas, como um recapeamento de uma estrada, uma ponte, um ônibus escolar, prefeitos se comprometem com o deputado, que faz chantagem em troca do apoio para a próxima eleição. E ainda tem os deputados que são corruptos, e prefeitos e vereadores corruptos, que desviam recursos do erário e a cidade, assim como a região, não consegue o mínimo possível de desenvolvimento. Ainda bem que a descentralização das universidades federais, estaduais e privadas conseguem despertar o senso crítico nos estudantes, que, em sua maioria, são advindos de classes sociais baixa ou média baixa e eu espero, torcendo, pra que o futuro chegue nessas cidades e a ciência, tecnologia e inovação possam reinar nessas comunidades.
Cerca de 50% da população mundial vivem em cidades e segundo a ONU, em 2050, esse número subirá para 70%, sendo que o espaço que as cidades ocupam na superfície da Terra, é de apenas 2% . Imagina o que esses números podem significar? Teremos que passar a conviver, ao invés da simplicidade de viver. Algumas cidades já experimentam soluções para servir a todos de forma igualitária, mas é necessária uma mudança no comportamento da população e principalmente, na escolha das nossas lideranças. O futuro que todos nós queremos, não há espaço para políticos profissionais, transmissão hereditária na política, cargos públicos ocupados por amigos, parentes, afilhados políticos.
Teremos que ter uma reforma política, que garanta verdadeiramente o fim do número absurdo de partidos, a infidelidade partidária, as emendas de relatores, os orçamentos secretos e as reeleições. Os atores técnicos têm que participar da política, sem vergonha e sem medo e trazer a meritocracia para as administrações. Temos que ter administrações não para nós, mas com “nós”.
Para você conceituar uma cidade como inteligente, você tem que ter três pilares. Primeiro lugar, conectividade que significa sistemas inteligentes conectados entre si e juntos conectados a uma central. O segundo pilar é a quantidade de dados que existe sobre aquela cidade, em tempo real, para guiar a tomada de decisões dos gestores, para inúmeros setores, que a cidade desfruta em comum, como o destino e tratamento de lixo tratamento e distribuição de água potável, a rede de esgoto em todos os locais da cidade, a poluição e o meio ambiente, a mobilidade urbana, as inclusões digitais, laborais, Social, a segurança, educação, saúde etc. E o terceiro pilar é o complemento de tudo, gestores comprometidos com as mudanças.
*É médico cardiologista, fundador de uma organização sem fins lucrativos que tem como missão combater as doenças raras e lutar por assistência e políticas públicas. Seu ativismo luta por estratégias que envolvem frentes e ações que deem suporte aos pacientes e familiares que convivem com doenças raras
*Publicado na edição 60 da revista Painel Alagoas
Por Mário Lima Filho*
Apesar do avanço da tecnologia, que nos traz uma gama de conhecimentos sobre o certo e errado, e da Lei Caó (lei 7.716/89) que combate o racismo no Brasil, vivemos um retrocesso na questão racial. As atitudes criminosas provêm desde o meio virtual (internet e redes sociais) ao pessoal, em que os intolerantes se manifestam sem se importar com os valores do ser humano.
No Brasil, as causas do racismo podem ser associadas, principalmente, à longa escravização de povos de origem africana e a demora na abolição da escravidão que, a meu ver, foi limitada, por não inserir os escravos libertos no meio social, nem lhes permitir os direitos à educação e ao mercado de trabalho, tornando-os marginalizados.
Em diversas leituras em que me ative para alinhar o pensamento sobre o tema, encontrei várias definições, e o modo mais simples para a compreensão, seja do intelectual, seja do mais leigo leitor, foi a perspectiva de que o racismo é a “denominação da discriminação e do preconceito (direta ou indiretamente) contra indivíduos ou grupos por causa de sua etnia ou cor”.
Dessa forma, apesar de alguns não admitirem, a questão da cor da pele, bem como de seus desdobramentos, é fato predominante entre nós. Para mim, não há, quando se trata destas questões, o julgamento implícito ou aquela desculpa clássica do “não quis dizer isso”. Tudo está escancarado, e a “pessoa” age de forma consciente em seus atos e palavras quando quer atingir a integridade do outro.
Este é o chamado racismo estrutural aflorando nas interações individuais, “que, de maneira ainda mais branda e por muito tempo imperceptível, tende a ser ainda mais perigosa por ser de difícil percepção. Trata-se de um conjunto de práticas, hábitos, situações e falas embutido em nossos costumes e que promove, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial”.
Atualmente, mesmo com as leis proibitivas de atos preconceituosos, são constantes os ataques a negros, mulheres, índios e outras classes denominadas, de forma pejorativa, “minorias”. Digo pejorativa porque somos maioria no país. Há uma maioria de mulheres e negros.
As questões acima citadas modificam-se ao acaso das situações e dos jogos das forças sociais, mas reiteram-se continuamente. Esse é o quebra-cabeça com o qual se defrontam intolerantes e tolerantes, discriminados e preconceituosos, segregados e arrogantes, subordinados e dominantes, no Brasil e em todo o mundo.
Sob a ótica da discriminação, não podemos dissociar racismo e preconceito. O termo “preconceito” é conhecido na teoria e na prática por boa parte da população. Ele se apresenta de diversas maneiras, em atitudes de desrespeito, discriminação e ódio. Algumas das expressões de preconceito mais comuns no Brasil são racismo, machismo, homofobia, transfobia e xenofobia. Infelizmente, essas categorias discriminadas são empurradas para a marginalidade, a prostituição, e, consequentemente, para a morte.
Dados do Departamento Penitenciário Nacional, divulgados em 2020, no 14º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, mostram que, a cada três presos em 2019, dois eram negros. Os negros somam 66,7% da população carcerária, estipulada em 755.274 reclusos.
Outra lei que poderá ser aperfeiçoada pelos juristas é a das cotas raciais. A intenção é combater o racismo institucional no setor privado, punindo-se com mais rigor práticas de racismo nas empresas.
Ainda no âmbito das leis, o Brasil passou a fazer parte da Convenção Interamericana Contra o Racismo, a Discriminação Racial e Formas Correlatas de Intolerância. O texto aprovado no ano passado pelo Senado Federal passa a integrar o ordenamento jurídico brasileiro.
Desse modo, o Brasil “se compromete a prevenir, eliminar, proibir e punir, de acordo com suas normas constitucionais e com as regras da convenção, todos os atos e manifestações de racismo, discriminação racial e intolerância”.
*é Jornalista, especialista em políticas públicas
Texto publicado na edição 59 da revista Painel Alagoas
Hemerson Casado
Em 1986, quando uma tia minha precisou ser submetida a uma cirurgia de ponte safena, eu já estava no terceiro ano de medicina e ela pediu que eu assistisse ao procedimento cirúrgico. Então fui falar com o poderoso Dr.Wanderley, que naquela época já era um expoente da cirurgia cardíaca brasileira e eu, um reles acadêmico de medicina. Eu o abordei nos corredores da Santa Casa de Maceió e ele, de forma muito amistosa, consentiu que eu assistisse a cirurgia da minha tia. Fiquei encantado com a atmosfera da sala, com os equipamentos e com a dinâmica da cirurgia, o que me fez decidir seguir aquela especialidade.
Naquela época, a Santa Casa era de misericórdia AINDA. O serviço que o Dr. Gilvan, Dr. Wanderley montaram, em 1978, permitiu que os alagoanos não tivessem só o aeroporto como o melhor médico. E o serviço que era chamado de IDC - instituto de doenças cardiovasculares - era uma potência no Brasil, não só em cirurgia cardiovascular, mas em cardiologia clínica, hemodinâmica, Uti cardíaca, unidade coronariana, exames cardiológicos e principalmente o ensino. As residências em cardiologia clínica, ecocardiograma, hemodinâmica e a cirurgia cardiovascular, cujo primeiro residente fui eu, formaram grandes profissionais que hoje atuam em Alagoas e em outros estados do país. Tinha-se uma remuneração satisfatória dos procedimentos e dos profissionais, também fruto da luta política e da sociedade brasileira de cirurgia cardiovascular e da sociedade brasileira de cardiologia clínica e hemodinâmica.
Eu presenciei muitos feitos pioneiros, como a primeira angioplastia, o primeiro stent comum, o primeiro stent revestido com drogas, a primeira ablação, os primeiros marca passo, os primeiros cardiodiodesfibriladores implantáveis, a primeira ressicronizaçao cardíaca pelo Dr. Edvaldo Xavier, inúmeros avanços na UTI cardiáca, como o primeiro balão intra-aortico, as punções de veias central, de artérias, e as monitorizações das pressões, o primeiro uso de nitroglicerina, que é uma droga comum hoje em dia.
E na cirurgia cardiovascular, aí que foram muitas as contribuições. Eu cansei de receber cirurgiões brasileiros e estrangeiros que vinham aprender ou ensinar novas técnicas cirúrgicas. O momento mais importante, foi quando chegou o dia do primeiro transplante cardíaco, foi surreal. Eu participei de tudo, um ápice na minha carreira. Existia paixão, tesão, amor em tudo que era feito. Havia respeito pelos pacientes. Não importava o grau social e a situação financeira. E isso acontecia em todo Brasil, não só aqui em Maceió. Quando algum médico encaminhava um paciente com um problema cardíaco e resultava em cirurgia, ficávamos muito honrados.
Com o tempo, os valores foram mudando, a paixão foi mornando, não havia mais tesão, foi passando, o respeito pelo paciente do SUS desapareceu, o Ministério da Saúde não foi renovando as tabelas de procedimentos e de materiais, órteses e próteses, os gestores municipais e estaduais perderam o senso de urgência para as patologias cardiovasculares, e os gestores de hospitais privados, que prestam serviços para o SUS, se viram com as mãos atadas, sem fechar as suas contas, se vendo obrigados a reduzir o número de leitos e procedimentos do SUS, e hoje é uma ofensa você encaminhar um paciente do Sistema Único de Saúde.
Eu não tinha a dimensão do problema, até que no ano passado eu recebi a graça de Deus, da deputada estadual Fátima Canuto e do prefeito do Pilar, Renato filho, de assumir uma vaga de cardiologista por telemedicina, e então puder ver como está a situação, a dificuldade que é encaminhar um paciente para cirurgia. É constrangedor, pois eu sei que os cirurgiões cardiovasculares, que são meus amigos, vão aceitar o paciente, pois são conscientes do quadro clínico, mas vão colocar o paciente em uma fila de espera sem saber quando vai poder operar essa pessoa, pois os hospitais são obrigados a limitar o número de cirurgias porque o recurso acaba e não tem como operar mais e muitos pacientes morrem na fila de espera. De quem é a culpa afinal do assassinato de uma especialidade tão nobre e com uma história tão rica de heróis e de heróis que se seguiram?
* Médico cardiologista, presidente do Instituto Hemerson Casado
As intoxicações por agrotóxicos atingem, em média, 50 bebês de 0 a 1 ano por ano Brasil. Entre os adultos, a média é de 15 contaminações, adianta a especialista em agrotóxicos Larissa Bombardi, que organiza uma nova edição do atlas "Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia", com previsão de ser publicado ainda este ano.
Os dados foram consolidados por ela a partir de registros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde.
"Agravos de notificação são doenças que precisam ser reportadas pelos estados de forma obrigatória, como doenças infecciosas, Aids", explica Larissa. "No Brasil, as notificações por intoxicação por agrotóxicos são obrigatórias desde 2011", destaca.
Ela, que é professora do Departamento de Geografia da Universidade de São Paulo (USP), publicou o primeiro relatório no Brasil em 2017, com dados de 2007 a 2014. Na União Europeia, o documento foi lançado há três anos e chegou a gerar um boicote de uma rede de supermercados escandinava a produtos brasileiros.
Após esse episódio, a professora teve o seu trabalho atacado publicamente por entidades e figuras públicas do agronegócio, além de ter recebido ameaças indiretas à sua integridade física, o que a fez deixar o Brasil no ano passado, com seus dois filhos pequenos, rumo à Bélgica, onde conquistou uma bolsa de pesquisa.
Larissa, que continua morando fora do país, trabalha, agora, em uma nova edição do atlas, que trará um panorama das intoxicações entre 2010 e 2019. Na nova pesquisa, ela identificou um aumento dos casos.
"Os números me chocaram, pois só aumentaram. Pela média, são 15 pessoas intoxicadas por ano. No antigo levantamento, eram 10. Entre os bebês de 0 a 1 ano, a média de intoxicações passou de 43 para 50 (ao ano). Essa alta tem se mantido para todos os recortes que tenho feito", afirma Larissa.
A contaminação por agrotóxicos também provoca mortes. No Brasil, são dois óbitos a cada dois dias e cerca de 20% das vítimas são crianças e adolescentes de até 19 anos, aponta um outro documento de Larissa, lançado na última semana, pela rede de ambientalistas Friends of the Earth Europe, organização que reúne ONGs e pesquisadores.
O relatório, que é assinado em parceria com a especialista holandesa em comércio Audrey Changoe, também usa a base de dados do Sinan, do Ministério da Saúde.
(Com informações do G1)
*Publicado como editorial na edição 58 da revista Painel Alagoas
Trata-se da maior taxa para meses de março desde 1994. Ou seja, em 28 anos. É também a maior inflação mensal desde janeiro 2003 (2,25%).
"No ano, o indicador acumula alta de 3,20% e, nos últimos 12 meses, de 11,30%, acima dos 10,54% observados nos 12 meses imediatamente anteriores", destacou o IBGE. Trata-se do maior índice para 12 meses desde outubro de 2003 (13,98%).
O resultado veio bem acima do esperado. O intervalo das projeções para o IPCA de março de 41 instituições financeiras e consultorias, ouvidas pelo Valor Data, era de avanço de 0,54% a 1,43%, com mediana de 1,32%.
Oito dos 9 grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta em março. Os principais impactos vieram dos transportes (3,02%) e de alimentação e bebidas (2,42%) – grupos de maior peso no IPCA. Juntos, os dois representam quase metade (43%) da inflação do mês.
A inflação foi também mais disseminada. O índice de difusão passou de 75% em fevereiro para 76% em março. O indicador reflete o espalhamento da alta de preços entre os 377 produtos e serviços pesquisados pelo IBGE. Já a inflação de serviços ficou em 0,45% em março ante 1,36 em fevereiro.
A alta foi puxada principalmente pelos preços dos combustíveis, em especial, o da gasolina (6,95%), subitem com maior impacto individual (0,44 ponto percentual) no índice do mês. Em 12 meses, a gasolina acumula alta de 27,48%.
Também houve alta forte no gás de botijão (6,57%), gás veicular (5,29%), etanol (3,02%) e óleo diesel (13,65%), que passou a acumular salto de 46,47% em 12 meses.
Os aumentos refletem o reajuste de até 24,9% anunciado pela Petrobras e que entrou em vigor no dia 11 de março.
Além dos combustíveis, também ficaram mais caros serviços como o seguro voluntário de veículo (3,93%) e transporte por aplicativo (7,98%). Em 12 meses, o preço do transporte por aplicativo acumula alta de 42,74%.
Os preços dos automóveis novos (0,47%) e usados (0,76%) também seguiram em em alta.
Por outro lado, houve queda nos preços das passagens aéreas (-7,33%). Importante destacar, porém, que a metodologia do IBGE considera uma viagem marcada com dois meses de antecedência. "A variação reflete a coleta de preços feita em janeiro para viagens realizadas em março", explicou o gerente da pesquisa, Pedro Kislanov.
Nos custos da habitação, destaque para a alta da energia elétrica (1,08%).
A alta de 2,42% no grupo de alimentos e bebidas foi a maior desde novembro de 2020 (2,54%). A maior pressão no mês veio da alta do preço do tomate (27,22%). Além disso, pesaram itens como cenoura (31,47%), que acumula alta de 166,17% em 12 meses, leite longa vida (9,34%), óleo de soja (8,99%), frutas (6,39%) e pão francês (2,97%).
A meta de inflação para 2022 é de 3,5% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 2% e 5%. O Banco Central, no entanto, já admitiu que o IPCA deve estourar a meta pelo 2º ano seguido e projeta uma taxa de 7,1%. Segundo o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a inflação no Brasil deve atingir o pico no mês de abril.
Para tentar trazer a inflação de volta para a meta, o Banco Central tem feito um maior aperto monetário. A taxa básica de juros (Selic) está atualmente em 11,75% e deve continuar a subir, atingindo 12,75%, na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) em maio, segundo sinalização do BC.
*Publicado como editorial na edição 57 da revista Painel Alagoas
*Tânia Fusco
João, gato, é o decano – 14 anos de vida, 14 anos de dedicada e independente parceria. Com ele discuto assuntos relativos à família, angústias, alegrias, revoltas com a situação política (e outras mais) do país, que ele acompanha atentamente desde 2008. É particularmente inconformado com o golpe contra a Dilma. Não perdoa os coxas, não gosta de minions. É o comunista da família. Mas não divide o bifinho diário, nem o colo da dona. Ninguém é perfeito!
Aliás, em tempos de mudanças de nominações para adequação ao politicamente correto, não se diz mais “dona”, mas “cuidadora”. Aceito, mas sob protestos. Quem cuida de mim é o João, não o contrário. Cuida tão bem que, se fico doente, cola em mim. Só sai de perto, depois da alta médica.
Mano, com seus quatro anos de vida, é gato soberbo e também de esquerda. Rajado de amarelo e marrom, olhos esverdeados, sabe que é lindo e tira proveito disso exibindo-se nas janelas, nos sofás, no telhado.
Com ele o assunto tem sido as desditas deste momento do mundo. Eu reclamo, eu protesto, eu xingo e ele, impoluto, mexe as orelhas quando concorda, pisca os olhos quando discorda. Acha absurdo, numa família de esquerda, tantos bens de consumo acumulados. Sempre que pode, manifesta a discórdia bagunçando gavetas e armários.
Não faz amizade com os cachorros, também não trata como inimigo – mantém distancia regular, mas com simpatia. Assim garante a possiblidade de consenso ou acordo tático em favor de uma causa maior – tipo um bom pedaço de frango roubado, uma costelinha ainda carnuda esquecida num prato e/ou assemelhados.
Mano, grande companheiro de bate-panelas fora-bozo, odeia jornais e novelas de TV. Só ocupa espaço na sala quando rola um filme, uma série. Entendo que acha os jornais parciais demais da conta e as novelas arrastadas.
Quindim, gato malhado de cinza, com peito e patinhas brancas, foi batizado pela antiga “cuidadora”, arquiteta, como Galdi. Não emplacou. Desconhecendo a distinção do nome, a criança da casa trocou o Galdi pelo doce tradicional, que nada tem de cinza ou branco. Entre dois parceiros amarelos, o cinza é que é o Quindim. Coisas da vida.
Gato paulistano, seis anos de vida – quatro deles em apartamento -, Quindim foi deportado para o DF por contingências da pandemia. Fez a troca sem traumas, aturou a rejeição dos colegas gatos já estabelecidos na casa, fez respeitosa amizade com os novos compas cachorros e, sem cerimônia, desfruta do mundo novo – mais livre, com grama, árvores e muros, janelas sem tela e rua livre.
Claro que, com tanta andança, perdeu peso. Longas paradas em frente aos espelhos, não deixam dúvidas que gosta do shape up to date – mais fitness, tipo “chassi de grilo” muito desejado nas academias.
Quindim é o isentão da família. Veio de Sampa, pátria do PSDB, e trouxe no sangue o prazer de estar sempre no muro. Se a bateção de panela tá forte, ele encontra posição estratégica para apreciar e até miar alto. Como se aprovasse. Mas se vê algum vizinho desfraldando, orgulhoso, uma bandeira do Brasil em frente da casa, também vai lá. Se não for escorraçado, senta e desfruta da cena, como se concordasse com o enfeite, que expressa – sem dúvidas – a condição de minion.
Falsinho. Não tá nem ai pra uns ou outros, desde que não lhe falte ração, sachê de bifinho e um leitinho morno no pires.
Joaquim Pedro, mais conhecido como Joaquim, é um jovem e digno representante da raça Leão-da-Rodésia (Rhodesian Ridgeback). Cães de grande porte, pelo curto, avermelhado, e crista a lá moicano nas costas. Belos e dóceis.
Com seu ano e dez meses de vida, e seus 70 cm de altura, Joaquim deveria ser o chefe da tribo quarentemada. Longe disso.
Gentil, manso e medroso, Joaquim virou obediente súdito do decano gato João, a quem trata com respeito, paciência e lambidas.
Joaquim adora uma prosa. É debatedor ideal para assuntos de difíceis. Presta uma atenção danada, mas não contradiz o interlocutor. Se digo que ele é lulista, segue empertigado em concordância tácita. Se disser o contrário, também não manifesta discordância.
Quando brigo aos gritos com o noticiário da TV, Joaquim põe-se em pé e alerta, como que reforçando minha justa indignação. Sinto que pensa: melhor não contrariar!
Carente profissional, como são todos os cachorros, quando bebê, Joaquim exigia atenção permanente. Coisa que nem o cativeiro da quarentena permite a nenhum cui-da-dor. Solução? Joaquim ganhou um cachorro pra chamar de seu – Cássio, vira-lata preto e branco, pequeno e atrevido, chegou bebê. (Na família de Corintianos, o nome, claro, é homenagem ao goleiro gigante do Timão).
Formou parceria perfeita com Joaquim. Inseparáveis e, não tenho dúvidas, são intrinsicamente anarquistas – contrários a todo tipo de hierarquia e dominação. Rejeitam o Estado, o capitalismo, as instituições religiosas, o racismo e o patriarcado. Ai incluídos adestradores.
Demonstram essa ideologia com eloquência e precisão. Devoram, rasgam, comem, destroçam todos os signos de poder, posse e dinheiro – plantas e gramados bem cuidados, objetos raros, livros, roupas, sapatos e óculos caros, cartões de crédito…
Nas noites de lua cheia, baixa na dupla canina espirito de lobisomem, um quê de milícia. Com a ajuda do gato João, caçador nato, sem alarde, saem perseguindo, encurralando e matando saurês, coelhos, corujinhas desavisadas. Sempre os menores e mais fracos. Aos costumes.
Fazer o que? Chorar. Sentir muito. Rezar para que os assassinatos não se repitam.
Enquanto as portas seguem fechadas para a vida normal, sigo aliviando tensões e medos na companhia solidária da trupe, que soma cães e gatos – rivais históricos convertidos em parceiros.
E ouso dizer. Poucos de nossos amores são capazes de, na alegria e na tristeza, expressar – sem submissão e só com olhar – tão sinceras juras de amor e de fidelidade eternos. Espantam solidão e lágrimas. São ótimos ouvintes.
Com lugar comum. Sorry. Fazem a vida mais divertida, mais leve.
*É jornalista
*Publicado na edição 57 da revista Painel Alagoas
Sábado de Aleluia, nada mais recomendável para a noite de hoje do que assistir ao espetáculo “Cura”, trazido ao palco do Teatro Gustavo Leite, em Maceió, pela Companhia de Dança Deborah Colker. “Cura” trata de ciência, fé, da luta para superar e aceitar nossos limites, do enfrentamento da discriminação e do preconceito.
Nas palavras de Deborah, é “a cura do que não tem cura”.
Deborah Colker dedicou seu tempo, nos últimos anos, a buscar uma solução para a doença genética que Théo, seu neto, tem: a epidermólise bolhosa.
Assim, nasceu o novo trabalho.
Ela construiu parcerias com o rabino e escritor Nilton Bonder, responsável pela dramaturgia, e Carlinhos Brown na concepção musical, para formatar essa sua criação.
Deborah também percorreu caminhos geográficos.
Foi a Moçambique, foi à Bahia, se encantou pela história do orixá Obaluaê, filho de Nanã, criado por Iemanjá, que abre o espetáculo, contada pela voz do próprio Théo.
E trouxe à arte, as possibilidades de se vencer as dúvidas e os medos.
Imperdível!
Serviço:
Dia 16 de abril, sábado 21:00
Dia 17 de Abril, domingo 20:00
Local: Teatro Gustavo Leite
Os ingressos custam entre R$ 25,00 e R$ 140,00 e estão à venda no Viva Alagoas – Maceió Shopping e pelo site www.ingressodigital.com
Classificação Indicativa: Livre.
Produção: Sue Chamusca
Por Ilzinha Porto Maia
O jeito humano de agir normalmente através de impulsos animalescos, buscando solucionar os problemas. Sem resolução, criando comprometimentos eternizados e é preciso refletir nisso.
Acredito q NENHUM humano deveria se achar DEUS e debochar da sanidade de outro, julgando-o, seja lá quem for. Não sabe o q poderá acontecer com sua vida no outro minuto, além, de deixar péssimo legado. Aliás, criou-se o costume na modernidade de que qualquer um à todo momento, acha-se no direito de falar o q bem quiser, usando inclusive da maledicência, instrumento afiado e cortante, pensando q será aplaudido pelo relato, infeliz.Exacerbando ao dar voz à sua opinião, desmedida e diria, uma face ainda nefasta no caminho evolutivo.
Dizia minha bisavó Ilza, q “costume de casa vai à praça”, quando relatava ditado antigo, trazido para essa geração. Nos últimos dias, mulheres vêm sendo massacradas na era digital no Brasil inclusive com Oscar e tudo. Ao serem defendidas por seus companheiros, q resolvem através da violência.
O primitivismo arraigado, busca na força o grito por justiça ao lavar a honra, do modo mais tosco. Violência não é resposta. Por outro lado, nunca será fácil conviver com alguém q tenha alopecia, distúrbios mentais ou qualquer distúrbio q tenha no exercício amoroso uma ampla compreensão. Ao referirem-se nisto, muitos, apunhalam feridas sangrentas com entrosamentos desastrosos, acionando como dispositivos, ativando o sistema nervoso dos que sentem-se melindrados e dispostos à serem machos em sua territorialidade. Apenas os que convivem sabem a dor do q vivenciam diariamente ao acompanharem sofrimentos de almas além de corpos, certamente, os outros podem imaginar ou supor.
Quando o sofrimento é igualado para todos, vemos os que sobressaem-se fazendo o bem, a porta é estreita nesse sentido! Enquanto a humanidade não entender que é necessário colocar-se no lugar do próximo, isso sempre existirá. Acreditava sinceramente que depois dessa pandemia o ser humano seria melhor, falta o respeito, o exercício da tolerância e ensinamentos básicos. E, vejo com tristeza aberrações constantes entrando para a história.
Uma pesquisa publicada início deste mês na revista científica "The Lancet" apontou que, na pandemia da covid-19, mulheres foram mais afetadas do que os homens em pelo menos quatro aspectos: desemprego, trabalho não remunerado, educação e violência de gênero.
"Mostramos evidências de disparidades de gênero nos aspectos de saúde, sociais e econômicos, com as mulheres sendo afetadas desproporcionalmente em várias dimensões", dizem os autores do estudo, que é liderado por uma brasileira, Luísa Flor, pesquisadora de pós-doutorado na Universidade de Washington, nos Estados Unidos.
O estudo fornece a primeira evidência global abrangente sobre disparidades de gênero para uma ampla gama de indicadores de saúde, sociais e econômicos durante a pandemia. As evidências sugerem ainda que a Covid-19 tendeu a exacerbar as disparidades sociais e econômicas existentes anteriormente, em vez de criar novas desigualdades
Em todas as regiões, as mulheres relataram taxas mais altas de perda de emprego do que os homens desde o início da pandemia, embora essa tendência tenha diminuído ao longo do tempo.
A perda de renda também ocorreu globalmente – foi relatada por 58% dos entrevistados, com taxas gerais semelhantes para homens e mulheres (embora as diferenças de gênero variassem entre as regiões).
“Grupos étnicos minoritários, imigrantes e mulheres em situação de pobreza provavelmente estão entre os mais severamente afetados pela pandemia. Além disso, as normas sociais de gênero em muitos países atribuem responsabilidades domésticas e de cuidado aos filhos preferencialmente às mulheres e reduzem seu tempo e capacidade de se envolver em trabalho remunerado”, completou a pesquisadora brasileira.
Mulheres em todas as regiões foram mais propensas do que os homens a relatar que precisaram abrir mão de um emprego remunerado para cuidar de outras pessoas. A disparidade aumentou ao longo do tempo. Em março de 2020, a cada 1 homem no mundo que disse ter precisado abrir mão do emprego para cuidar de alguém, esse número para as mulheres era 1,8. Em setembro de 2021, a disparidade aumentou para 2,4.
Essa diferença entre os sexos ocorreu em todo o mundo, mas de forma menos significante no Norte da África e no Oriente Médio.
As maiores diferenças de gênero foram observadas em países de alta renda: as mulheres foram 1,1 vez mais propensas a relatar que tiveram que cuidar de outras pessoas. Na Europa Central, na Europa Oriental na Ásia Central, as mulheres tiveram 1,22 vez mais chance de relatar aumento no trabalho doméstico.
Com relação à educação, os entrevistados, geralmente pais, relataram que, em todo o mundo, 6% dos alunos abandonaram a escola durante a pandemia. (O dado não incluiu faltas devido ao fechamento de escolas). As maiores diferenças de gênero foram observadas na Europa Central, Europa Oriental e Ásia Central – onde quatro vezes mais mulheres do que homens abandonaram a educação.
Sobre a percepção do aumento da violência, no geral, 54% das mulheres e 44% dos homens relataram achar que a violência de gênero aumentou em sua comunidade durante a pandemia. As taxas mais altas foram relatadas por mulheres na América Latina e no Caribe (62%), países de alta renda (60%) e na África Subsaariana (57%).
Conclusão: quanto mais avançamos nessa pandemia, mais as desigualdades são exacerbadas.
Publicado originalmente como editorial na edição 56 da revista Painel Alagoas
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